segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A GUERRILHA DO ARAGUAIA


GUERRILHA DO ARAGUAIA
Após a promulgação do Ato Institucional n. 5 os militares criaram um beco sem saída para a oposição, que viu como única opção a luta armada. Os militares tiveram que enfrentar a guerrilha urbana e rural contra a ditadura. A Guerrilha do Araguaia, identificada em 1972, era uma organização com cerca de setenta militantes do PC do B que montaram a guerrilha nas selvas amazônicas, na região do Araguaia, sul do Pará. Conforme BARROS (1991, p.65), a guerrilha estava organizada com três colunas de combate: próxima ao povoado de Santa Isabel (sob direção de Osvaldo Orlando Costa - "Osvaldão", o segundo tenente da reserva do CPOR); perto da localidade de Xambioá, dirigida por Paulo Mendes Rodrigues, e na área de Apirragés, sob comando do médico gaúcho João Carlos Haas Sobrinho. A Guerrilha estava dispersa em uma área de 7 mil Km2, resistindo ao cerco de 12 mil homens do Exército, Aeronáutica e Marinha. A Guerrilha só foi aniquilada em 1975 e, segundo a imprensa, 59 guerrilheiros foram mortos. Durante os anos de luta, a população do Araguaia foi bastante torturada. Somente em 1978, em uma reportagem do Coojornal, é que a população veio a saber da luta no Araguaia. José Genuíno Neto, hoje Deputado Federal do PT, um dos poucos sobreviventes da Guerrilha. Segundo ele, "a estratégia da guerra popular prolongada já havia dado certo na China e no Vietnã, e nas condições brasileiras, em um Estado moderno, a guerra popular poderia ser incompatível" (apud: COUTO, 1998, p.114).
Apesar da operação extremamente violenta e custosa de extermínio da Guerrilha, passou praticamente despercebida pela imprensa. Poucos jornais publicaram reportagens em 1972. Entre os recortes sobre o tema Araguaia encontra-se a matéria de setembro de 1972 do Estado de S. Paulo, segundo a qual: "Há cerca de cinco mil homens do Exército, Marinha e Aeronáutica na margem esquerda do Rio Araguaia, em Goiás. Eles estão procurando terroristas que há seis anos se instalaram na região e começaram a doutrinar pessoas que moram em Xambió, cidade na margem direita do Araguaia". Entre os recortes ainda se encontra uma matéria no Jornal Movimento de 17 de julho de 1978, que além de revelar a história da Guerrilha do Araguaia, traz um resumo da reportagem "Operação Araguaia" publicada no Coojornal em junho de 1978. Esta reportagem quebrou um dos maiores tabus da imprensa brasileira, sendo a única reportagem sobre o assunto, depois de 6 anos. A maioria dos recortes são de 1979, que corresponde ao ano em que cada vez mais as especificidades da Guerrilha eram reveladas. Neles encontram-se depoimentos de sobreviventes, como do Deputado José Genuíno, matérias sobre militares desaparecidos, como dos irmãos Jorge e Israel Domingos dos Santos, que combateram a Guerrilha sob as ordens do general Hugo Abreu.

POEMA
Na Guerrilha do Araguaia
Morreu muitos Brasileiros
Políticos e Camponês
Mais teve uns que sofreram
Sendo assim torturado
Passando por desespero
Quando fala na Guerrilha
Tem gente que não conhece
Mais tem alguns que tem medo
E tudo logo se esquece
E quem escapou da morte
Ainda hoje padece (...)

Trechos do poema .Guerrilha do Araguaia; tortura dor e sofrimento..
Literatura de Cordel.
Autor identificado por .Poeta Caveirinha: o Doutor da Poesia..
Adquirido pelo autor em Marabá-PA.

Araguaia
(Ednardo)

Quando eu me banho no meu AraguaiaE bebo da sua água sangre friaBichos caçados na noite e no diaBebem e se banham eles são comidos.Triste guerrilha, companheiro mortoSuor e sangue, brilho do corpoMedo sóMas se o corpo desse pó é póUm círio da luz dessa dorViolento amor há de voar

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

DOM HÉLDER CÂMARA

DOM HÉLDER CÂMARA

Nasceu em Fortaleza, em 7 de fevereiro de 1909. Era o décimo-primeiro de 13 filhos, dos quais somente oito conseguiram sobreviver a uma epidemia de gripe que assolou a região em 1905. O pai, João Câmara Filho, era guarda-livros de uma empresa comercial. A mãe, dona Adelaide Pessoa Câmara, era professora primária. Foi o pai quem escolheu o nome do filho, em homenagem a um pequeno porto situado na Holanda.
Aos 4 anos de idade, o pequeno Hélder já demonstrava especial atenção nas missas celebradas em sua comunidade e já queria ser padre. Muitas vezes, meninote, costumava brincar de celebrar missas, usando como acessórios caixas de sabonete vazias.
Em 1923, ingressa no Seminário Diocesano de Fortaleza, onde faz os cursos preparatórios e depois filosofia e teologia. Para ser ordenado sacerdote aos 22 anos de idade, o então pretendente Hélder recebeu uma autorização especial da Santa Sé, já que não tinha a idade mínima exigida. Logo no dia seguinte à sua ordenação celebrou sua primeira missa.
Com dois amigos, Dom Hélder fundou, em 1931, a Legião Cearense do Trabalho.
Dois anos depois, juntamente com lavadeiras, passadeiras e empregadas domésticas, criou a Sindicalização Operária Feminina Católica. Graças ao seu empenho como educador Dom Hélder Câmara se tornou uma espécie de Secretário da Educação do Estado do Ceará e, assim, contribuiu de maneira decisiva para a reforma do método de ensino e melhor desenvolvimento da educação pública do Ceará.
Em janeiro de 1936, Dom Hélder sai do Ceará com destino ao Rio de Janeiro, onde passa a se dedicar a atividades apostólicas e exerce as funções de Diretor Técnico do Ensino da Religião. É eleito Bispo em 20 de abril de 1952. Nessa época, com a CNBB já implantada, ajuda a criar o Conselho Episcopal Latino- Americano.
Irrequieto, idealizador, combativo e revolucionário, Dom Hélder desempenhou durante a vida papéis importantes nas mudanças sociais do país. Fundou em 1956 a Cruzada São Sebastião, no Rio, destinada a atender os favelados. Em 59, fundou o Banco da Previdência, cuja atuação se desenvolve especificamente na faixa da miséria. Foi diversas vezes delegado do Episcopado Brasileiro nas assembléias gerais realizadas fora do Brasil. Junto à Santa Sé, foi membro do Conselho Supremo de Migração, padre conciliar no Concílio Vaticano II e era conhecido no mundo todo pelo seu trabalho junto à pobreza.
Foi nomeado, em março de 1964, Arcebispo de Olinda e Recife e assumiu no dia 12 de abril, estabelecendo em Recife claro foco de resistência ao golpe militar, pela sua visão social. Criou o Governo Colegiado; a organização dos setores pastorais; criou o Movimento Encontro de Irmãos, e criou também a Comissão de Justiça e Paz.
Em l969, recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade de Saint Louis, Estados Unidos. E daí em diante não parou mais: recebeu títulos de doutor honoris causa em Direito e Teologia em várias universidades da Bélgica, Suíça, Alemanha, Holanda, Itália, Canadá e Estados Unidos, além dos títulos que recebeu nas universidades brasileiras. A coragem de Dom Hélder o transforma em personagem do mundo, um símbolo de resistência à ditadura.
Em 1972, seu nome é indicado para o Prêmio Nobel da Paz. O governo militar, no entanto, destrói sua candidatura: divulga na Europa um dossiê acusando o arcebispo de ter sido comunista.
A partir de 1978, o governo brasileiro inicia uma lenta abertura política. Aos poucos, cessam as perseguições. Dom Hélder dedica-se mais do que nunca a aplicar a Teologia da Libertação em sua arquidiocese.
Em 1985, ao se aposentar, deixa mais de quinhentas comunidades de base organizadas, que reúnem operários, trabalhadores rurais, retirantes e pescadores, em luta por melhores condições de vida. Dom Hélder participa da campanha pelas Diretas Já.
Pouco depois, durante a Assembléia Nacional Constituinte, percorre DOM HÉLDER CÂMARA
o país realizando debates e palestras de conscientização para a cidadania. Aos 80 anos de idade, sempre atuante, lança-se à articulação de uma campanha pela erradicação da miséria no país. A primeira e principal proposta é lutar por uma reforma agrária, para colocar o Brasil no caminho da justiça social.
Dom Hélder faleceu aos 90 anos, em 27 de agosto de 1999. Durante sua vida, recebeu o título de Cidadão Honorário de 28 cidades brasileiras e duas estrangeiras: a cidade de São Nicolau na Suiça e Rocamadour, na França.
(Estação Virtual)
♫ Ceará de Luz ♫
Ceará de luz
De serra, mar e sertão
De sal e sol
De permanente verão
Ceará um dia tupi
Tremembé, kariri, tabajara
Ceará nascido
Siriará e seara
Ceará, Dragão
Na porta do mar, disse não
Ceará de luz
Adeus escura escravidão
Ceará de luta
No passo do Conselheiro
Ceará de fé
De meu “padim Ciço”
E de cangaceiros
Ceará de gente
Valente, rebelde
Alegre e festiva
Ceará de Bárbara de Alencar
De dom Hélder e do Patativa
Ceará de índios
De brancos e negros
Na mesma canção
Ceará mestiço
O xote, o xaxado
A polca o baião

Poesia de Dom Hélder Câmara pela campanha da Anistia

O ramo com que partijá se transformou em árvore, / que nem eu sei / como tenho tido força / para carregar... / Também, / quando puder confiá-la / ao chão dos Homens / já não terá / que crescer... / É só florir e frutificar!...
Em agosto de 79, foi aprovada a Lei da Anistia. O governo lançou mão de uma estratégia que se aproveitava da linguagem jurídica para anistiar os acusados de “crimes políticos e conexos”. Com o termo “conexos”, a mesma lei contemplou centenas de opositores ao regime, presos e exilados, como também milhares de criminosos por abusos de poder, torturadores e assassinos.
Atualmente volta a tona na imprensa a polêmica sobre essa lei, vejamos trecho de um artigo do jornalista Flávio Tavares:
“A lei da anistia quis pacificar época conturbada. Não há por que modificá-la, menos ainda congelá-la para apagar a história com um borrão de tinta. Vivemos em democracia civil muito mais tempo do que os 21 anos do regime militar e a anistia deve ser ferramenta para conhecer as entranhas daquele período. Sem medo. Ocultar o passado é ardil enganoso. Nesses anos prescreveram os crimes, o tempo esmaeceu tudo. A reconciliação (objeto fundamental da anistia) só se concretizará, porém, quando ambos os lados assumirem, de público, o que fizeram.”

JUSCELINO KUBITSCHEK


JUSCELINO KUBITSCHEK
Juscelino Kubitschek nasceu em Diamantina, MG, em 12 de setembro de 1902. Filho de João César de Oliveira, um caixeiro-viajante e de Júlia Kubitschek (professora), estudou no colégio onde a mãe lecionava até entrar para o seminário.
Após mudar-se para Belo Horizonte a fim de continuar seus estudos, Juscelino formou-se em Medicina em 1927 e durante alguns anos seguiu esta profissão. Seu primeiro envolvimento com a política ocorreu em 1934, quando foi nomeado chefe de gabinete do interventor federal em Minas Gerais, Benedito Valadares. No mesmo ano, elegeu-se deputado federal, cumprindo o mandato até 1937, ano que deu início ao Estado Novo.
Foi nomeado prefeito de Belo Horizonte em 1940 e começou a conquistar a projeção política que o levaria à Presidência da República quinze anos depois. Seu principal feito foi a construção do conjunto arquitetônico da Pampulha, num projeto do arquiteto, então iniciante, Oscar Niemeyer. Cumpriu seu segundo mandato de deputado federal a partir de 1945 e, cinco anos depois, foi eleito governador de Minas Gerais.
Associando sua imagem à modernização e industrialização do país, JK foi eleito presidente em 1955, com 36% dos votos. Um plano de metas intitulado "50 anos em 5" fundamentou a expansão industrial e urbanística do Brasil: estradas e hidrelétricas foram construídas e indústrias automobilísticas instalaram-se no país. Em 1959, foi lançado o primeiro Fusca fabricado no Brasil, um motivo de orgulho para o presidente e a população.
A construção da nova capital federal, Brasília, foi a grande realização de JK na Presidência. Durante três anos e meio, milhares homens trabalharam para erguer um nova cidade, que tinha como um de seus objetivos levar o desenvolvimento à região centro-oeste do país. O projeto arquitetônico de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer foi inaugurado em 21 de abril de 1960.
Ao final de seu mandato, JK foi eleito senador pelo estado de Goiás, mas acabou cassado pelo Golpe Militar de 1964. Após alguns anos de exílio, em 22 de agosto de 1976, JK morreu num acidente de carro em condições ainda não esclarecidas.
Admirador das serestas que marcam a tradição musical de Diamantina, Juscelino foi homenageado por sua terra natal com a criação do Dia da Seresta, uma festa que relembra seu aniversário com muita cantoria pelas ruas da cidade.
Simples, humano, compreensivo, solidário, dedicado e fraterno são adjetivos que definem o caráter e a personalidade do Presidente Juscelino Kubitschek.
Era um homem fiel aos seus antigos mestres, aos seus amigos e principalmente a seus princípios: verdade, justiça e democracia.
"Sou visceralmente democrata. Para mim, a liberdade é algo fundamental." (Presidente Juscelino Kubitschek)
De sua mãe, Dona Júlia, herdou firmeza e determinação no cumprimento de seus deveres; do pai, João César, a imaginação e o sonho foram características passadas que fizeram parte do homem Juscelino Kubitschek. Junto a essas características, adiciona-se um espírito desbravador e progressista.
O Presidente JK era um nacionalista, um crédulo na capacidade do povo brasileiro, conciliador e extremamente tolerante. Era um trabalhador incansável, tanto que em sua inquietude algumas poucas horas de sono bastavam para estar disposto a continuar suas tarefas.
Porém, também era um homem sempre de bom humor. Gostava de serenata e violão, alegria e otimismo conviviam com ele no dia a dia. Encantava-se com a alvorada, com um fim de tarde e com uma bela noite enluarada. O Presidente Juscelino era uma pessoa extrovertida, que deixava transparecer o que sentia e o que pensava, com vivacidade de espírito que irradiava uma juventude que transcendia a sua idade. Mas, ao mesmo tempo, seu cérebro era maduro, raciocinava com uma velocidade e normalmente concluía o pensamento de seus interlocutores antes mesmo que acabassem de proferi-lo.
Nas vicissitudes da vida jamais esmorecia, nunca desanimava, e encontrava forças para continuar sua missão: levar a democracia e o desenvolvimento a todo o Brasil.
Faleceu em
1976, em um desastre automobilístico, em circunstâncias até hoje pouco claras, no quilômetro 328 da Rodovia Presidente Dutra, na altura da cidade fluminense de Resende. Até hoje, o local do acidente é conhecido como "curva do JK". Mais de 300 mil pessoas assistiram a seu funeral em Brasília. Seus restos mortais estão no Memorial JK, construído em 1981 na Capital Federal por ele fundada.
Juscelino Kubitschek é, ainda hoje, um dos políticos mais admirados do cenário nacional, considerado um dos melhores presidentes que o Brasil já teve, por sua habilidade política, por suas realizações e pelo seu respeito às instituições democráticas.

♫ DE NONÔ A JK ♫
Mangueira – Samba enredo de 1981
(Compositores: Jurandir, Comprido e Arroz)

Em verde e rosa
a mangueira vem mostrar
o fascinante tema
de Nonô a JK
Juscelino Kubistchek de Oliveira
de uma lendária cidade mineira
o grande presidente popular
surgiu Nonô em diamantina
e uma chama divina
iluminou sua formação
subindo os degraus da glória
imortalizou-se na história
como chefe da nação ô ô

Em sua marcha progressista
o notável estadista
o planalto desbravou
Brasília o sonho dourado
que ele tanto acalentou
Juscelino descansa na fazenda
e os acordes de um violão
levam o povo a saudade
lembrado neste refrão

como pode um peixe vivo
viver fora d'água fria

A ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA


A ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA
A Igreja Católica Romana crê e ensina que Maria, a mãe de nosso Senhor, subiu ao céu em corpo e alma. Sob o titulo de Assunção, os católicos romanos celebram três festas em honra a Maria: uma é a do trânsito de sua alma, sem o corpo, ao céu; outra é quando pouco depois se juntou e se reuniu a mesma alma com o corpo, e com inefável glória subiu ao céu; a terceira é de sua coroação como Rainha dos anjos e Senhora do universo. O imperador grego Mauricio (582-602) ordenou que a festa fosse celebrada em 15 de agosto, o que se faz até nossos dias, e por esse mesmo tempo também o Papa Gregório, o Grande, fixou a mesma data para o Oeste, onde anteriormente, por razoes desconhecidas, celebrava-se a festa em 18 de janeiro. A palavra "ASSUNÇÃO", que em um tempo se aplicava geralmente à morte dos santos, especialmente de mártires, e a sua entrada no céu, chegou a aplicar-se agora exclusivamente a Maria, e isso a distingue do termo "ascensão" no sentido de que esta é aplicada unicamente a Jesus Cristo, que ascendeu por seu próprio poder ao céu, enquanto a assunção significa que Maria foi levada por seu Filho ao céu.
Esta crença é uma derivação do dogma da perpétua virgindade e da imaculada conceição de Maria, e marca um passo mais na tendência romanista à exaltação de Maria como objeto de culto religioso. Antes de sua definição oficial, o Papa Pio XII havia consultado todos os bispos católicos do mundo, na Carta Apostólica "Deiparae Virginis", em 1 de maio de 1946, sobre a conveniência e possibilidade de declarar como dogma a crença na Assunção de Maria. A resposta do episcopado foi favorável à idéia da proclamação. E, com efeito, a 1 de novembro de 1950, o Papa Pio XII, na Constituição Apostólica "Munificentissimus Deus", fez o seguinte pronunciamento: "Nós pronunciamos, declaramos e definimos que é um dogma revelado por Deus, no qual a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, foi levada aos céus em corpo e alma quando terminou o curso de sua vida na terra."
Afirma-se que este novo dogma foi revelado por Deus, mas não se dão as razões bíblicas do caso. Os apologistas do dogma, no entanto, citam um ou outro versículo isolado das Escrituras, os quais, segundo eles, aludem indiretamente à conveniência da Assunção e glorificação de Maria. Naturalmente, os mesmos versículos que usam para provar a imaculada Conceição.
Mas é na tradição, propriamente, onde se pretende basear esta crença, argumentando-se que por ser dita tradição antiga e unânime na Igreja Primitiva, a mesma deve ter sido originada dos apóstolos. Mas quando se faz uma análise séria de tal posição, se descobre que não foi senão até o século VI que apareceram os primeiros indícios de que se comemorava a morte de Maria e começava a celebrar-se a festa da Assunção.
A lenda da Assunção é mencionada pela primeira vez nos fins do século IV em vários escritos apócrifos, como "La Dormición de Maria y El Trânsito de Maria", os quais foram expressamente condenados como apócrifos e heréticos pelo Papa Gelásio no index expurgatorious em princípios do século VI. Foi Gregório de Tours (594 d. C.) o primeiro escritor ortodoxo que os aceitou como autênticos, e, tempos depois, no século VIII, João Damasceno apresentou a Assunção como uma doutrina de antiga tradição católica. No entanto, Benedito XIV declarou, em 1840, que a tradição era insuficiente como doutrina, pois não tinha classe necessária para ser elevada ao nível de artigo de fé.
As várias tradições a que se recorre contêm marcadas discrepâncias entre si. "Sabido é que há duas tradições, uma favorável à morte de Maria, a outra favorável à sua imortalidade." "A opinião mais comum ensina que Maria ressuscitou ao terceiro dia, como Jesus Cristo; no entanto, alguns dizem que ressuscitou quinze dias depois de sua morte, e outros, quarenta." Nestes relatos há detalhes fantásticos, episódios inverossímeis e até suposições pueris que não se coadunam com o teor sério e autêntico dos Evangelhos canônicos.
Segundo essas tradições, a mãe de nosso Salvador, sendo já uma anciã e cansada de viver neste mundo, suplicou a seu Filho no céu que a levasse o quanto antes para estar com ele. Jesus então enviou-lhe um anjo para que lhe anunciasse sua morte, nova que Maria recebeu com imenso júbilo, mandando arrumar muitas velas e enfeitar o aposento. Para estar presente no momento da morte de Maria, todos os apóstolos, com exceção de Tomé, marcaram encontro em Belém, onde ela morava. João veio da cidade de Éfeso, cavalgando em uma nuvem, e do mesmo modo viajaram os demais apóstolos desde os diferentes países em que se encontravam pregando.
O feriado municipal pelo dia da padroeira do município, Nossa Senhora da Assunção, foi sancionado em dezembro de 2003, na gestão do então prefeito Juraci Magalhães, por meio da lei 8796. A lei transferiu o feriado do dia 8 de dezembro, dia de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, para o dia 15 de agosto, para celebrar o dia da padroeira de Fortaleza.

♫ Nossa Senhora ♫
(Composição: Roberto Carlos e Erasmo Carlos)

Cubra-me com seu manto de amor
Guarda-me na paz desse olhar
Cura-me as feridas e a dor me faz suportar
Que as pedras do meu caminho
Meus pés suportem pisar
Mesmo ferido de espinhos me ajude a passar
Se ficaram mágoas em mim
Mãe tira do meu coração
E aqueles que eu fiz sofrer peço perdão
Se eu curvar meu corpo na dor
Me alivia o peso da cruz
Interceda por mim minha mãe junto a Jesus
Nossa Senhora me de a mão
Cuida do meu coração
Da minha vida do meu destino
Nossa Senhora me dê a mão
Cuida do meu coração
Da minha vida do meu destino
Do meu caminho
Cuida de mim
Sempre que o meu pranto rolar
Ponha sobre mim suas mãos
Aumenta minha fé e acalma o meu coração
Grande é a procissão a pedir
A misericórdia o perdão
A cura do corpo e pra alma a salvação
Pobres pecadores oh mãe
Tão necessitados de vós
Santa Mãe de Deus tem piedade de nós
De joelhos aos vossos pés
Estendei a nós vossas mãos
Rogai por todos nós vossos filhos meus irmãos
Nossa Senhora me de a mão
Cuida do meu coração
Da minha vida do meu destino
Do meu caminho
Cuida de mim...

A ORIGEM DO DIA DOS PAIS




A ORIGEM DO DIA DOS PAIS
Ao que tudo indica, o Dia dos Pais tem uma origem bem semelhante ao Dia das Mães, e em ambas as datas a idéia inicial foi praticamente a mesma: criar datas para fortalecer os laços familiares e o respeito por aqueles que nos deram a vida.
Conta a história que em 1909, em Washington, Estados Unidos, Sonora Louise Smart Dodd, filha do veterano da guerra civil, John Bruce Dodd, ao ouvir um sermão dedicado às mães, teve a idéia de celebrar o Dia dos Pais. Ela queria homenagear seu próprio pai, que viu sua esposa falecer em 1898 ao dar a luz ao sexto filho, e que teve de criar o recém-nascido e seus outros cinco filhos sozinho. Algumas fontes de pesquisa dizem que o nome do pai de Sonora era William Jackson Smart, ao invés de John Bruce Dodd.
Já adulta, Sonora sentia-se orgulhosa de seu pai ao vê-lo superar todas as dificuldades sem a ajuda de ninguém. Então, em 1910, Sonora enviou uma petição à Associação Ministerial de Spokane, cidade localizada em Washington, Estados Unidos. E também pediu auxílio para uma Entidade de Jovens Cristãos da cidade. O primeiro Dia dos Pais norte-americano foi comemorado em 19 de junho daquele ano, aniversário do pai de Sonora. A rosa foi escolhida como símbolo do evento, sendo que as vermelhas eram dedicadas aos pais vivos e as brancas, aos falecidos.
A partir daí a comemoração difundiu-se da cidade de Spokane para todo o estado de Washington. Por fim, em 1924 o presidente Calvin Coolidge, apoiou a idéia de um Dia dos Pais nacional e, finalmente, em 1966, o presidente Lyndon Johnson assinou uma proclamação presidencial declarando o terceiro domingo de junho como o Dia dos Pais (alguns dizem que foi oficializada pelo presidente Richard Nixon em 1972).
No Brasil, a idéia de comemorar esta data partiu do publicitário Sylvio Bhering e foi festejada pela primeira vez no dia 14 de Agosto de 1953, dia de São Joaquim, patriarca da família.
Sua data foi alterada para o 2º domingo de agosto por motivos comerciais, ficando diferente da americana e européia.
Pelo menos onze países também comemoram o Dia dos Pais à sua maneira e tradição.
Na Itália e Portugal, por exemplo, a festividade acontece no mesmo dia de São José, 19 de março. Apesar da ligação católica, essa data ganhou destaque por ser comercialmente interessante.
Reino Unido - No Reino Unido, o Dia dos Pais é comemorado no terceiro domingo de junho, sem muita festividade. Os ingleses não costumam se reunir em família, como no Brasil. É comum os filhos agradarem os pais com cartões, e não com presentes.
Argentina - A data na Argentina é festejada no terceiro domingo de junho com reuniões em família e presentes.
Grécia - Na Grécia, essa comemoração é recente e surgiu do embalo do Dia das Mães. Lá se comemora o Dia dos Pais em 21 de junho.
Portugal - A data é comemorada no dia 19 de março, mesmo dia que São José. Surgiu porque é comercialmente interessante. Os portugueses não dão muita importância para essa comemoração.
Canadá - O Dia dos Pais canadense é comemorado no dia 17 de junho. Não há muitas reuniões familiares, porque ainda é considerada uma data mais comercial.
Alemanha - Na Alemanha não existe um dia oficial dos Pais. Os papais alemães comemoram seu dia no dia da Ascensão de Jesus (data variável conforme a Páscoa). Eles costumam sair às ruas para andar de bicicleta e fazer piquenique.
Paraguai - A data é comemorada no segundo domingo de junho. Lá as festas são como no Brasil, reuniões em família e presentes.
Peru - O Dia dos Pais é comemorado no terceiro domingo de junho. Não é uma data muito especial para eles.
Austrália - A data é comemorada no segundo domingo de setembro, com muita publicidade.
África do Sul - A comemoração acontece no mesmo dia do Brasil, mas não é nada tradicional.
Rússia - Na Rússia não existe propriamente o Dia dos Pais. Lá os homens comemoram seu dia em 23 de fevereiro, chamada de "o dia do defensor da pátria" (Den Zaschitnika Otetchestva).
Independente do seu lado comercial, é uma data para ser muito comemorada, nem que seja para dizer um simples "Obrigado Papai" !

♫ Pai ♫
(Compositor e interprete: Fábio Jr.)

Pai!
Pode ser que daqui a algum tempo
Haja tempo prá gente ser mais
Muito mais que dois grandes amigos
Pai e filho talvez...
Pai!
Pode ser que daí você sinta
Qualquer coisa entre
Esses vinte ou trinta
Longos anos em busca de paz...
Pai!
Pode crer, eu tô bem
Eu vou indo
Tô tentando, vivendo e pedindo
Com loucura prá você renascer...
Pai!
Eu não faço questão de ser tudo
Só não quero e não vou ficar mudo
Prá falar de amor
Prá você...
Pai!
Senta aqui que o jantar tá na mesa
Fala um pouco tua voz tá tão presa
Nos ensine esse jogo da vida
Onde a vida só paga prá ver...
Pai!
Me perdoa essa insegurança
Que eu não sou mais
Aquela criança
Que um dia morrendo de medo
Nos teus braços você fez segredo
Nos teus passos você foi mais eu...
Pai!
Eu cresci e não houve outro jeito
Quero só recostar no teu peito
Prá pedir prá você ir lá em casa
E brincar de vovô com meu filho
No tapete da sala de estar
Ah! Ah! Ah!...
Pai!
Você foi meu herói meu bandido
Hoje é mais
Muito mais que um amigo
Nem você nem ninguém tá sozinho
Você faz parte desse caminho
Que hoje eu sigo em paz
Pai!
Paz!...

MOVIMENTO OPERÁRIO NO BRASIL


MOVIMENTO OPERÁRIO NO BRASIL

Em 1917 eclodiu no Brasil a manifestação operária de impacto nacional orientada por organizações sindicais e partidos operários. O movimento não tinha caráter apenas reivindicatório, mas também revolucionário, ou seja, visava a transformação do sistema de governo. A greve geral de 1917 conseguiu paralisar São Paulo e o Rio de Janeiro e obter o atendimento de grande parte das reivindicações. Deu ânimo aos movimentos operários. Nos quatro anos seguintes, greves parciais pipocaram em diversas cidades brasileiras.
A greve geral ocorreu num momento peculiar: em meio à I Guerra Mundial, no mesmo ano em que a Revolução Russa chocava o mundo e poucos meses antes da implantação do regime socialista na Rússia. No Brasil, não foi a primeira greve; desde 1889, ocorreram vários movimentos parciais, restritos a determinadas fábricas e oficinas, em geral motivados por reivindicações econômicas. Ainda que esparsas, essas tentativas contribuíram para a organização de um movimento operário: em 1890 foi fundado o Partido Operário e, no ano seguinte, o Partido Anarquista. Até 1920, os anarquistas dominaram os movimentos e organizações operárias; elas eram fortes na Espanha e na Itália, países de origem de um grande número de imigrantes.
O movimento operário foi crescendo à medida que aumentava a industrialização do país. Em seus primórdios, esta se deu em condições bastantes desfavoráveis para os trabalhadores: a remuneração do trabalho era reduzida sempre que as empresas enfrentavam alguma crise ou sempre que havia muita oferta de mão-de-obra; as condições de trabalho eram extremamente precárias e as jornadas muito longas, mesmo para crianças; não havia nenhum tipo de previdência social; os salários eram baixos.
A greve de 1917 começou em São Paulo entre os operários de uma fábrica têxtil que reivindicavam aumento de 20% nos salários. A partir daí foi ganhando a adesão de outros trabalhadores, já que pela primeira vez unificaram-se as reivindicações. Um mês depois já eram 20 mil os grevistas, combatidos com violência pela polícia, o que só fez aumentar a solidariedade de outros trabalhadores. Bondes, iluminação, padarias, comércio em geral, todos esses setores aderiram, e a burguesia paulistana foi tomada pelo pânico. A radicalização aumentou de parte a parte e a greve só foi suspensa no dia 15 de julho, depois que uma comissão de jornalista resolveu servir de intermediária, promovendo um acordo em que os operários conseguiram seus intentos.
Em termos, pois quatro dias depois recomeçou a agitação, uma vez que muitos patrões não cumpriram o acordo. Dessa vez, as paralisações não se limitaram a São Paulo e pipocaram no Rio de Janeiro, em Curitiba e muitas outras cidades. Em agosto havia 70 mil grevistas por todo o país, número extremamente alto quando se considera o número reduzido de operários industriais no Brasil de então. Nos dois anos seguintes, as greves foram ainda uma constante, mas pouco a pouco o movimento foi perdendo o ímpeto. A partir de 1922, os movimentos reivindicatórios passaram a ser feitos por outros que não operários, com o crescimento das sedições políticas de caráter nacional.
A primeira greve operária conhecida entre nós (vitoriosa por sinal) ocorreu em 1858 no Rio de Janeiro, e mobilizou os tipógrafos dos jornais Correio Mercantil e Jornal do Comércio.
No plano estritamente social, alguns levantamentos apontam para a ocorrência de 41 manifestações operárias no Rio de Janeiro entre 1908 e 1916. Essas ações, capitaneadas sobretudo pelos trabalhadores de origem anarquista, galvanizava os operários têxteis, gráficos, marmoristas, cafés e bares. O movimento de 1917 resulta justamente do acúmulo de forças realizado nos anos anteriores.

TEMPOS MODERNOS
(Milton Nascimento e Fernando Brant)

O Brasil dos novecentos
é terra de novidade.
Automóvel e cinema
tomam conta da cidade
que cresce ouvindo disco
voando de aeroplano
trabalhando lá na fábrica
ou jogando futebol

A greve invade as ruas
toma conta de São Paulo
e o sonho anarquista
se mistura a outros sonhos:
o que segue com a Coluna
riscando o chão do país
e o que vira modernista
e faz a arte feliz
A liberdade e o novo
convivem no sonho do povo.


Versos distribuídos nas fábricas, sem indicação de autor, publicados no jornal “A Plebe”:

Quem de três tira noventa
Adivinhem quanto fica?
Esta conta é que atormenta
Que enfeza, que mortifica
Os pobres dos proletários.
Neste jogo de entremez
Ganham seis mil réis diários
Gastam trezentos por mês (...)
Custa a casa cento e tantos,
O sapato custa trinta
Roupa, nem se sabe quantos
O vendeiro não se finta (...)
A feira só para os ricos
O armazém para os ricaços
Se houvesse ao menos uns “bicos”
Tivéssemos quatro braços ...
Trabalha-se o dia inteiro,
À noite cai-se no chão.
Esta vida sem dinheiro
Não é de fome, é de cão!

CINEMA NOVO



O CINEMA NOVO
Em outubro de 1967, quando Gilberto Gil e Caetano Veloso apresentaram Domingo no parque e Alegria, alegria, no 3º Festival da TV Record, logo houve quem percebesse que as duas canções eram influenciadas pela narrativa cinematográfica; repletas de cut-ups, justaposições e flashbacks. Tal suposição seria confirmada pelo próprio Caetano quando ele declarou que fora “mais influenciado por Godard e Glauber do que pelos Beatles ou Dylan”. Na verdade, em 1967, no Brasil, o cinema era o que havia de mais intenso e “revolucionário”, superando o próprio teatro, cuja inquietação e cujo experimentalismo tinham incentivado os cineastas a iniciar o movimento que ficou conhecido como Cinema Novo.
O Cinema Novo nasceu na virada da década de 1950 para a de 1960, sobre as cinzas dos estúdios Vera Cruz (empresa paulista que faliu erm 1957 depois de produzir dezoito filmes), sob a tirania da ”chanchada” (gênero humorístico chulo) e por inspiração do neo- realismo italiano e dos textos dos críticos e cinastas Paulo Emílio Sales Gomes, Gustavo Dahl, Jean-Claude Bernardet e, sobretudo, Glauber Rocha. Todos faziam parte de um grupo que tentava encontrar “um caminho” para o cinema brasileiro.
“Nossa geração sabe o que quer”, dizia o baiano Glauber já em 1963.”Queremos fazer filmes antiindustriais; queremos fazer filmes de autor, quando o cineasta passa a ser um artista comprometido com os grande problemas de seu tempo; queremos filmes de combate na hora do combate”. Inspirado por Rio 40 graus e por Vidas secas, que Nelson Pereira dos Santos lançara em 1954 e 1963, Glauber Rocha – com “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça” – transformaria a precariedade de meios em recurso estético mudando, com Deus e o Diabo na terra do sol, a história do cinema no Brasil.
Com seu “estranho surrealismo tropical” e a violência imagística inerente a cada plano, Deus e o Diabo na terra do sol não apenas causou sensação no Festival de Cannes de 1965 como, ao abordar de forma onírica dois fenômenos sociais típicos da caatinga – o messianismo (estilo Antônio Conselheiro) e o cangaço (à Lampião-Corisco) – pôs em xeque a tradicional narrativa dramática do cinema “ideológico”. Dois anos depois, ainda mergulhado em sua sensibilidade estética alegórica e profética, Glauber lançou Terra em transe, filme que, ao discutir a “crise de consciência” das esquerdas e do populismo, talvez tenha marcado o auge do Cinema Novo, além de ter sido uma das fontes de inspiração do Tropicalismo.
A ponte entre o Cinema Novo e Tropicalismo ficaria mais evidente com o lançamento, em 1969, de Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade. Não só pela óbvia aproximação com a Antropofagia inerente à rapsódia de Mário de Andrade, mas também porque, ao fazer o filme, Joaquim Pedro esforçou-se por torná-lo um “produto” afinado com a “cultura de massa”, “A proposição de consumo de massa no Brasil é uma proposição moderna, é algo novo. A grande audiência de TV entre nós é um fenômeno novo. É uma posição avançada para o cineasta tentar ocupar um lugar dentro dessa situação”, disse ele.
Incapaz de satisfazer plenamente as exigências do mercado, o Cinema Novo deu seus últimos suspiros em fins da década de 1970 – período que marcou o auge das potencialidades comerciais do cinema feito no Brasil. Em 1992, o então presidente Collor acabou com a Embrafilme e a indústria cinematográfica do país entrou numa fase negra, da qual só começou a se recuperar na segunda metade da década de 1990, com filmes como Carlota Joaquina e O quatrilho.

♫ Cinema Novo ♫

(Letra: Caetano Veloso; Música: Gilerto Gil)
O filme quis dizer: "Eu sou o samba"
A voz do morro rasgou a tela do cinema
E começaram a se configurar
Visões das coisas grandes e pequenas
Que nos formaram e estão a nos formar
Todas e muitas: Deus e o Diabo
Vidas Secas, Os Fuzis
Os Cafajestes, O Padre e a Moça,
A Grande Feira, O Desafio
Outras conversas, outras conversas
Sobre os jeitos do Brasil
Outras conversas sobre os jeitos do Brasil
A bossa-nova passou na prova
Nos salvou na dimensão da eternidade
Porém, aqui embaixo "a vida"
Mera "metade de nada"
Nem morria nem enfrentava o problema
Pedia soluções e explicações
E foi por isso que as imagens do país desse cinema
Entraram nas palavras das canções
Entraram nas palavras das canções
Primeiro, foram aquelas que explicavam
E a música parava pra pensar
Mas era tão bonito que parasse
Que a gente nem queria reclamar
Depois, foram as imagens que assombravam
E outras palavras já queriam se cantar
De ordem, de desordem, de loucura
De alma à meia-noite e de indústria
E a terra entrou em transe, ê
No sertão de Ipanema
Em transe, ê
No mar de Monte Santo
E a luz do nosso canto
E as vozes do poema
Necessitaram transformar-se tanto
Que o samba quis dizer
O samba quis dizer: "Eu sou cinema"
O samba quis dizer: "Eu sou cinema"
Aí o anjo nasceu
Veio o bandido meteorango Hitler
Terceiro Mundo
Sem Essa, Aranha, Fome de Amor
E o filme disse: "Eu quero ser poema"
Ou mais: "Quero ser filme, e filme-filme"
Acossado no limite da garganta do diabo
Voltar à Atlântida e ultrapassar o eclipse
Matar o ovo e ver a Vera Cruz
E o samba agora diz: "Eu sou a luz"
Da lira do delírio, da alforria de Xica
De toda a nudez de Índia
De flor de Macabéia, de Asa Branca
Meu nome é Stelinha, é Inocência
Meu nome é Orson Antônio Vieira
Conselheiro de Pixote Super Outro
Quero ser velho, de novo eterno
Quero ser novo de novo
Quero ser Ganga Bruta e clara gema
Eu sou o samba, viva o cinema
Viva o Cinema Novo

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

NELSON MANDELA


NELSON MANDELA
Nelson Rolihlahla Mandela (Qunu, 18 de julho de 1918) é um advogado, ex-líder rebelde e ex-presidente da África do Sul de 1994 à 1999. Principal representante do movimento antiapartheid, como ativista, sabotador e guerrilheiro. Considerado pela maioria das pessoas um guerreiro em luta pela liberdade, era considerado pelo governo sul-africano um terrorista. Passou a infância na região de Thembu, antes de seguir carreira em Direito. Em 1990 foi-lhe atribuído o Prêmio Lênin da Paz, que foi recebido em 2002.
Como jovem estudante de direito, envolveu-se na oposição ao regime do apartheid, que negava aos negros (maioria da população) direitos políticos, sociais e económicos. Uniu-se ao Congresso Nacional Africano (conhecido no Brasil pela sigla portuguesa, CNA, e em Portugal pela sigla inglesa, ANC) em 1942, e dois anos depois fundou com Walter Sisulu e Oliver Tambo (entre outros) uma organização mais dinâmica, a Liga Jovem do ANC/CNA.
Depois da eleição de 1948 dar a vitória aos africâners Partido Nacional apoiantes da política de segregação racial, Mandela tornou-se ativo no CNA, tomando parte do Congresso do Povo (1955) que divulgou a Carta da Liberdade - documento contendo um programa fundamental para a causa antiapartheid.
Comprometido de início apenas com atos não violentos, Mandela e seus colegas aceitaram recorrer às armas após o massacre de Sharpeville (21 de Março de 1960), quando a polícia sul-africana atirou em manifestantes negros, desarmados, matando 69 pessoas e ferindo 180 - e a subsequente ilegalidade do CNA e outros grupos antiapartheid.
Mandela foi um dos maiores líderes políticos da História Moderna.
Em 1961 tornou-se comandante do braço armado do CNA, o chamado Umkhonto we Sizwe ("Lança da Nação", ou MK), fundado por ele e outros. Mandela coordenou uma campanha de sabotagem contra alvos militares e do governo, fazendo também planos para uma possível guerrilha se a sabotagem falhasse em acabar com o apartheid; também viajou em coleta de fundos para o MK, e criou condições para um treinamento e atuação paramilitar do grupo.
Em agosto de 1962 Nelson Mandela foi preso após informes da CIA à polícia sul-africana, sendo sentenciado a 5 anos de prisão por viajar ilegalmente ao exterior e incentivar greves. Em 12 de junho de 1964 foi sentenciado novamente, dessa vez a prisão perpétua (apesar de ter escapado de uma pena de enforcamento), por planejar ações armadas, em particular sabotagem (o que Mandela admite) e conspiração para ajudar outros países a invadir a África do Sul (o que Mandela nega). No decorrer dos vinte e seis anos seguintes, Mandela se tornou de tal modo associado à oposição ao apartheid que o clamor "Libertem Nelson Mandela" se tornou bandeira de todas as campanhas e grupos anti-apartheid ao redor do mundo.
Enquanto estava na prisão, Mandela enviou uma declaração para o CNA (e que viria a público em 10 de Junho de 1980) em que dizia: "Unam-se! Mobilizem-se! Lutem! Entre a bigorna que é a ação da massa unida e o martelo que é a luta armada devemos esmagar o apartheid!"
Recusando trocar uma liberdade condicional pela recusa em incentivar a luta armada (Fevereiro de 1985), Mandela continuou na prisão até Fevereiro de 1990, quando a campanha do CNA e a pressão internacional conseguiram que ele fosse libertado em 11 de fevereiro, por ordem do presidente Frederik Willem de Klerk. O CNA também foi tirado da ilegalidade.
Nelson Mandela e Frederik de Klerk dividiram o Prémio Nobel da paz em 1993
Como presidente do CNA (de julho de 1991 a dezembro de 1997) e primeiro presidente negro da África do Sul (de maio de 1994 a junho de 1999), Mandela comandou a transição do regime de minoria no comando, o apartheid, ganhando respeito internacional por sua luta em prol da reconciliação interna e externa. Alguns radicais ficaram desapontados com os rumos de seu governo, entretanto; particularmente na ineficácia do governo em conter a crise de disseminação da SIDA/AIDS.
Formou-se em Direito e desde cedo deu inicio à sua atividade política. Com a implantação do regime apartheid no país, no fim da década de 40, assumiu frontalmente a sua oposição à segregação e aos preconceitos raciais. Em consequência foi sujeito à prisão e julgamento em 1962, sendo apenas libertado pelo presidente Frederik de Klerk em 1990. Mandela tornou-se então líder do Congresso Nacional Africano (ANC), do qual já de à muito se tornara referência. A sua experiência de luta contra o apartheid, a sua postura de moderado no período de transição para uma ordem democrática sem segregação, o claro objectivo de operar a reconciliação nacional que norteou as suas relações com o Presidente de Klerk, valeram-lhe um inesgotável prestígio no país e no estrangeiro. Mandela é provavelmente o político com maior autoridade moral no continente Africano, o que lhe tem permitido desempenhar o papel de apaziguador de tensões e conflitos.
Em 1993, com de Klerk, recebeu o Prêmio Nobel da Paz, pelos esforços desenvolvidos no sentido de acabar com a segregação racial. Em Maio de 1994, tornou-se ele próprio o presidente da África do Sul, naquelas que foram as primeiras eleições multirraciais do país. Cercou-se, para governar, de personalidades do ANC, mas também de representantes de linhas políticas.
Após o fim do mandato de presidente, em 1999, voltou-se para a causa de diversas organizações sociais e de direitos humanos. Ele recebeu muitas distinções no exterior, incluindo a Ordem de St. John, da rainha Isabel II, e a Medalha presidencial da Liberdade de George W. Bush.
Ele é uma das duas únicas pessoas de origem não-indiana a receber o Bharat Ratna - distinção mais alta da Índia - em 1990. (A outra pessoa não-indiana é a Madre Teresa de Calcutá.)
Em 2001 tornou-se cidadão honorário do Canadá e também um dos poucos líderes estrangeiros a receber a Ordem do Canadá.
Em 2003, Mandela fez alguns pronunciamentos controversos, atacando a política externa do presidente estadounidense Bush. No mesmo ano, ele anunciou seu apoio à campanha de arrecadação de fundos contra a SIDA (ou AIDS, no português brasileiro) chamada 46664 - número que lembra a sua matrícula prisional.
Em Junho de 2004, aos 85 anos, Mandela anunciou que se retiraria da vida pública. Sua saúde tem sofrido abalos nos últimos anos e ele deseja aproveitar o tempo que lhe resta com a família. Fez uma exceção, no entanto, por seu compromisso em lutar contra a SIDA/AIDS. Naquele mesmo mês ele viajou para a Indonésia, a fim de discursar na XV Conferência Internacional sobre a SIDA/AIDS.
Em Novembro de 2006, foi premiado pela Anistia Internacional com o prêmio Embaixador de Consciência 2006 em reconhecimento à liderança na luta pela proteção e promoção dos direitos humanos.
Em junho de 2008 foi realizado um grande show em Londres em homenagem aos seus 90 anos, onde participaram varios cantores mundialmente conhecidos.

♫ Dia de Mandela ♫
Interprete: Simple Minds
Tradução da Música “Mandela Day”, composta em 1986

Há 25 anos eles prenderam aquele homem
Agora a liberdade se aproxima a cada dia
Enxugue as lágrimas dos seus olhos entristecidos
Eles dizem que Mandela está livre, então pise lá fora
Oh oh oh oh Dia de Mandela
Oh oh oh oh Mandela está livre

Há 25 anos nesse mesmo dia
Preso entre 4 paredes durante noite e dia
As crianças ainda sabem a história daquele homem
E eu sei o que está acontecendo bem na sua terra

25 anos atrás
Na na na na o Dia de Mandela
Oh oh oh o Mandela está livre

Se as lágrimas estão fluindo, enxugue-as de seu rosto
Eu posso sentir a batida do coração dele movendo bem fundo
Há 25 anos eles levaram embora aquele homem
E agora o mundo desce e diz "Nelson Mandela está livre"

Oh oh oh oh o Mandela está livre

O sol nascente guia Mandela em seu caminho
Faz 25 anos nesse mesmo dia
Desde o dia livre até os dias presos, nós dizemos
Oh oh oh oh o Mandela é livre
Oh oh oh o Mandela é livre

Na na na na o Dia de Mandela
Na na na na o Mandela é livre

25 anos atrás
O que está acontecendo?
E nós sabemos o que está acontecendo
Porque nós sabemos o que está acontecendo

REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932



REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932
Ao fazer uma breve parada em São Paulo, em outubro de 1930, antes de partir para o Rio de Janeiro e para o poder, Getúlio Vargas foi recebido com tal entusiasmo que chegou a se assustar. “Pequenino de pernas curtas, de apelido 'Petiço' [Getúlio] voltou para o trem, pálido e trêmulo, temendo ser vítima dos agrados frenéticos da massa que entupia as plataformas”, escreveu uma testemunha da história. Getúlio permaneceria apenas 24 horas em São Paulo – tempo suficiente para, num de seus primeiros erros políticos de 1930, nomear o coronel João Alberto de Barros, “plebeu e forasteiro”, como interventor do Estado. Seria apenas o começo das divergências entre Vargas e os paulistas.
Em março de 1932, embora Vargas tivesse substituído João Alberto por Pedro Toledo, paulista e civil, este - “hermista” na década de 1910 – não foi um nome bem recebido em São Paulo. Além disso, comentava-se que Osvaldo Aranha (que acabara de assumir o lugar do paulista José Maria Whitaker como ministro da Fazenda) tentou “impor” todo o gabinete de Toledo. Não bastasse essas ofensas a São Paulo, o Instituto do Café fora “esvaziado” de poderes – para marcar claramente o fim da “república dos fazendeiros”.
Depois de quatro jovens paulistas (Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo) serem mortos numa manifestação de rua, vários setores da sociedade de São Paulo se ergueram na campanha pela constitucionalização do Brasil (embora seu lema real fosse “São Paulo livre, civil e paulista”). A classe média, os cafeicultores e os industrialistas paulistas estavam unidos. E Vargas logo enfrentaria a primeira revolta contra o seu governo.
Alguns gaúchos notáveis também estavam descontentes com Vargas, entre eles o interventor do Rio Grande do Sul, Flores da Cunha, e o “padrinho” político de Getúlio, Borges de Medeiros (injuriado por ter sido “alijado” do poder). Os paulistas rebeldes achavam que poderiam contar com o poio de ambos, mais o auxílio do general Bertoldo Klinger, então comandante militar do Mato Grosso.
No dia 9 de julho de 1932, a revolução rebentou em São Paulo. O plano dos revolucionários era realizar um ataque fulminante contra a capital federal. Mas nada saiu conforme planejado: Flores decidiu mudar de lado e apoiar Getúlio, Klinger só conseguiu uns poucos homens e os rebeldes paulistas se 'viram sozinhos contra o resto do país. Getúlio enviou 18 mil homens para cercar os 8,5 mil soldados revolucionários. Apesar do desequilíbrio de forças, a luta foi sangrenta e durou quase três meses com um saldo oficial de 934 mortos, embora estimativas, não oficiais, reportem até 2.200 mortos, sendo que inúmeras cidades do interior de São Paulo sofreram danos devido aos combates. Quando a ameaça da ocupação da cidade de São Paulo tornou-se real, os paulistas decidiram se render às tropas chefiadas pelo general Góis Monteiro. Segundo o historiador Bóris Fausto, “'a guerra paulista' teve um lado voltado para o passado e outro para o futuro. A bandeira da constitucionalização abrigou tanto os que esperam retroceder às formas oligárquicas de poder como os que pretendiam estabelecer uma democracia liberal no país. O movimento trouxe conseqüências importantes: embora vitorioso, o governo percebeu claramente a impossibilidade de ignorar a elite paulista. Os derrotados, por sua vez, compreenderam que precisariam fazer alguns arranjos com o poder central”.

♫ Hino ao Soldado Constitucionalista de 1932 ♫
Letra de Benedito Cleto
Música do tenente J. Ribeiro e arranjo do sargento Domingues.

Salve os heróis de "32"das falanges paulistas
que ao vosso lábaro das treze listas
deste o sangue, a vida, o amor!
Bravos soldados, titãs gigantes,
honrastes nossa História;
vosso São Paulo cobristes de glória,
que netos sois de Bandeirantes.
Salve, M.M.D.C!
Por nós tombastes, pelo direito,
A glória Deus vos dê,
por nosso sangue derramado,
no céu láurea de heróis.
Por vós São Paulo é glorificado.
Valentes, salve os Paulistas
dos batalhões constitucionalistas!
Salve os gloriosos, os batalhões
dos jovens estudantes
do "Borba Gato", salve os esquadrõe
se o "Nove de Julho", também;
glória ao "Catorze" e às heroínas,
valentes enfermeiras
Salve os heróis de São Paulo, o pioneiro,
que amado a paz foi bom guerreiro!
Salve, M.M.D.C!
Por nós tombastes, pelo direito,
A glória Deus vos dê,
por nosso sangue derramado,
no céu láurea de heróis.
Por vós São Paulo é glorificado.
Valentes, salve os Paulistas
dos batalhões constitucionalistas!
Aos imortais, aos que lutaram
nos campos de batalha,
que por São Paulo o sangue derramaram
sem temer sibilar metralha,
a vós entoamos imorredouro
este hino de amor,
vosso valor paulista, o peito forte,
herói soldado até na morte.
Salve, M.M.D.C!
Por nós tombastes, pelo direito,
A glória Deus vos dê,
por nosso sangue derramado,
no céu láurea de heróis.
Por vós São Paulo é glorificado.
Valentes, salve os Paulistas
dos batalhões constitucionalistas

CAVALEIRO DA ESPERANÇA



CAVALEIRO DA ESPERANÇA
Filho do oficial do Exército Antônio Pereira Prestes e da professora primária dona Leocádia, Luis Carlos Prestes nasceu em Porto Alegre, em 3 de janeiro de 1898. Estava destinado a se tornar um dos personagens mais lendários da história do Brasil. Olhando-o, porém, seria impossível fazer a profecia. “Pequeno de estatura, o culote subindo-lhe pelos joelhos, montado a cavalo com a sela militar ladeada de alforjes cheios de mapas, constitui um conjunto grotesco, incompatível com a tradição de um chefe gaúcho, sempre vestido a caráter, temerário, desafiador, espetacular”, diria dele o tenente João Alberto, um dos principais membros da Coluna. Apesar do depoimento insuspeito, Prestes veio a se tornar um homem “temerário, desafiador e espetacular”. Mesmo rompendo quase definitivamente com seus laços gaúchos, ele nunca deixaria de ser uma espécie de caudilho platino: era indômito, autoritário, teimoso, decidido e controverso. Apesar da figura quixotesca, quase chapliniana, ele se transformaria no Cavaleiro da Esperança, projetando sua sombra e presença sobre as quatro décadas mais agitadas da política brasileira.
Matriculado no Colégio Militar do Rio de Janeiro, Prestes formou-se tenente-engenheiro na Escola Militar do Realengo, na turma de 1920, da qual fazia parte Siqueira Campos e Eduardo Gomes (os líderes dos 18 do Forte). Em 29 de outubro de 1924, de volta ao Sul, ele forjaria um telegrama para sublevar o Primeiro Batalhão Ferroviário de Santo Ângelo, para o qual fora destacado. Após liderar a revolta dos tenentes do Rio Grande do Sul, em abril de 1925, Prestes conseguiu romper o cerco das tropas federais, seguindo para o Paraná numa marcha audaciosa, que lhe permitiu se unir aos rebeldes paulistas.
Foi nesse período que foi criada a Coluna Miguel Costa-Prestes, popularmente conhecida somente por Coluna Prestes, foi um movimento político-militar brasileiro existente entre 1925 e 1927 ligado ao tenentismo. O povo se pendurou nela, mas ela não se pendurou no povo. Nas cidades nada acontecia. Nem podia, pois nada foi preparado. Só um jornal clandestino, o Cinco de Julho, trazia de vez enquanto notícias da Coluna. Era muito pouco.
Fevereiro de 1927 a Coluna já percorreu cerca de 25 mil quilômetros. E conheceu como ninguém o Brasil. Dizem que não perdeu nenhuma das 53 batalhas que travou.
Meses depois, seus principais membros exilaram-se: uma parte, liderada por Prestes na Bolívia, outra parte, liderada por Siqueira Campos, no Paraguai.
Em maio de 1930, depois das épicas peripécias da coluna que adquiriu seu nome, Prestes, exilado na Argentina, recusou-se a se envolver nas conspirações que resultaram na Revolução de 30. Ao lançar um manifesto no qual se declarava “socialista revolucionário”, condenou o apoio dado por seus companheiros às oligarquias dissidentes e anunciou o início de um novo ciclo de luta armada. Mais tarde, Prestes se converteu ao comunismo, viajando para a União Soviética em novembro de 1931. Retornou ao Brasil em 1935, junto com a espiã alemã Olga Benário, que se tornaria sua mulher, para liderar, desastradamente, a Intentona Comunista de novembro de 1935.
O movimento, mal-articulado, foi duramente reprimido por Vargas. Perseguido ao longo de três meses, Prestes e Olga foram presos em março de 1936. Judia e comunista, Olga foi deportada para a Alemanha nazista, mesmo estando grávida. Solto em 1945, Prestes aliou-se a seu maior inimigo, Getúlio Vargas e, como chefe do então legalizado Partido Comunista, elegeu-se deputado federal, com a maior votação do país. Em 1948, com o PCB de novo na clandestinidade, Prestes fugiu do Brasil e viveu anos na União Soviética, da qual se tornou vassalo leal. Em 1957, Prestes obteve o direito de voltar ao país por mandado judicial e apoiou João Goulart em 1961. Com o golpe militar de 1964, viu-se forçado a fugir outra vez – deixando para trás documentos que comprometeram vários companheiros. Retornou ao Brasil depois da anistia de 1978 e participou da campanha


das Diretas-Já. Stalinista ferrenho, conspirador e conservador, disciplinado e disciplinador, doutrinário e doutrinador, dúbio e drástico, Prestes morreu aos 92 anos, em 1990, mantendo segredo e alimentando o mito de suas várias e fracassadas “ações revolucionárias”.

♫ Avante, camaradas! ♫
(Letra e música: Antonio Manoel do Espírito Santo)

Avante, camaradas!
Ao tremular do nosso pendão
Vençamos as invernadas
Com fé suprema no coração.
Avante sem receio
Que em todos nós a
Pátria confia
Marchamos com alegria,
avante!
Marchamos sem
receio. (2x)

Aqui não há quem
nos detenha
E nem quem turve
a nossa galhardia.
Quem nobre missão
desempenha
Temer não pode a
tirania, a tirania
E nunca seremos vencidos
Pois marchamos sob
a luz da crença.
Marchamos sempre
convencidos
Não há denodo que
nos vença (2x)
Avante, camaradas!
Ao tremular do nosso pendão
Vençamos as invernadas
Com fé suprema no coração
Avante sem receio
Que em todos nós
a Pátria confia
Marchamos com
alegria, avante!
Marchamos sem receio
Havemos sempre audazes
A afrontar o perigo;
E seremos perspicazes
Ante o mais férreo inimigo.
Por isso, não temamos:
Sempre fortes
e sobranceiros,
E com bravura
sempre lutaremos;
Brasileiros nós somos,
Nós somos
Brasileiros! (2x)
Esta música foi escrita para homenagear Luis Carlos Prestes

SÃO PEDRO


SÃO PEDRO
Pedro, cujo nome era Simão, era natural de Betsaida, povoação na Galiléia, às margens do lago de Genesaré, também conhecido como mar de Tiberíades. Era filho de Jonas e pescador de profissão. Tinha, juntamente com seu irmão André e com Tiago e João, filho de Zebedeu, uma pequena frota de barcos pesqueiros.
Como as pescas eram temporárias e os pescadores do mar da Galiléia tinham tempo livre durante a baixa estação, presume-se que foi durante um desses períodos que André, indo ao encontro de João Batista no rio Jordão, encontrou Jesus. "Vi o messias", disse André ao irmão. E Simão, que tinha um temperamento vivo e ardente e era muito religioso, não sossegou enquanto André não o levou até Jesus.
Simão era de temperamento autoritário, impulsivo, sempre entusiasmado embora às vezes desanimasse com facilidade. Mas era também franco, bondoso e extremamente generoso. E Jesus, que era um exímio "conhecedor" de homens, após olhar longamente para ele diz: "a partir de hoje você vai se chamar Pedro". Mudar o nome para outro mais significativo era freqüentemente mudar de orientação e de modo de viver. E foi assim que Simão, o pescador da Galiléia, deixou para trás toda uma história de vida e iniciou outra vida e uma nova história: agora não mais como Simão, mas como Pedro, o pescador de homens.
É verdade que Pedro publicamente renegou a Jesus por três vezes. Mas é verdade também que por várias vezes publicamente professou sua fé. "Aonde iremos, Senhor, se só tu tens palavras de vida eterna?" "Tu é o Cristo, o filho do deus vivo". "Senhor, tu sabes que te amo".
Pedro era a pessoa chave no grupo dos doze e em várias ocasiões Jesus o distinguiu com um favor especial. É quase certo que esteve presente nas bodas de Caná. Foi testemunha da gloriosa transfiguração do Senhor, no monte Tabor; e foi ele que, em companhia de João foi encarregado de preparar o cenáculo, para a celebração da páscoa ou a última ceia.
Quando Jesus foi preso, apenas Pedro, em companhia de João, teve a coragem de segui-lo. Reconhecido, porém, como um dos discípulos, negou que conhecesse tal homem. Mas nem essa tríplice negação, chorada amargamente por ele, nem a dor e o arrependimento, traduzidos num copioso pranto, diminuíram sua confiança e seu amor ardente pelo mestre.
Também o mestre não diminuiu sua ternura pelo discípulo que lhe era tão caro. Ao contrário, demonstrou-a claramente nas perguntas que lhe dirigiu junto ao mar de Tiberiades poucos dias antes de sua ascensão: "Pedro, tu me amas?". E após a resposta afirmativa, com estas palavras "apascenta meus cordeiros", Jesus o confirmou no primado da igreja e lhe entregou todo o rebanho.
Depois de muitas labutas e sofrimentos, depois de entregar e empregar a vida em fazer o mundo conhecer e amar a Jesus Cristo, depois de contribuir para estabelecer a igreja em todo o universo, Pedro viu finalmente chegar o seu fim na terra. Corria o ano de 64 e ele se encontrava encarcerado. Tiraram-no do cárcere e o levaram para ser crucificado, mas ele conseguiu que os carrascos o pregassem na cruz de cabeça para baixo porque não se achava digno de ser tratado como seu divino mestre.


A festa de São Pedro, juntamente com a de São Paulo, foi colocada no dia 29 de junho provavelmente para ocupar o lugar de uma antiga celebração pagã que comemorava nesse dia a festa dos mitos Rômulo e Remo, considerados os pais da cidade de Roma.

♫ Viva São Pedro ♫
Interprete: Jorge Ben Jor
Dia 29 de junho
É dia de São Pedro
Salve,salve São Pedro
Pescador da Galiléia
Salve, salve São Pedro
Amigo de Thiago e João
Salve, salve São Pedro
O porteiro do céu
Lá lá lá lá lá lá
Viva São Pedro
Lá lá lá lá lá lá
Viva São Pedro
Vou soltar um belo balão
Eu vou
Nas cores vermelho, azul e rosa
Vou fazer uma fogueira bem quente
Pois eu sei que na minha festa vai ter gente
Vai ter arrasta-pé
Pé-de-moleque
Caldo verde
Quentão
Canjica
Batata doce
Sardinha na brasa
Pipoca Fogos
E Muita animação
Em homenagem a São Pedro
O santo dos pescadores
O padroeiro
Lá lá lá lá lá lá
Viva São Pedro
Lá lá lá lá lá lá
Viva São Pedro

MOVIMENTO ESTUDANTIL (1968)


MOVIMENTO ESTUDANTIL (1968)
“Depois daquele ano, o mundo não foi mais o mesmo, embora o que a compulsão simplificadora da mídia relembre hoje como 68 tenha sido, na verdade, uma rebelião plural e diversificada. Isto é, vários 68 coincidindo, com as suas peculiaridades locais, em diversos países. O nosso, por exemplo, foi deflagrado quando a Polícia Militar do Rio, então sob o comando do Exército, matou, no restaurante estudantil do Calabouço, em 28 de março, o estudante Edson Luís, que participava com colegas de manifestações pela melhoria da comida e da higiene; a francesa começou quando os universitários de Nanterre resolveram exigir o fim das barreiras que separavam os dormitórios masculino e feminino no campus. Não deixa de ser interessante distinção entre as aflições do terceiro e do primeiro mundos.”
O depoimento acima é de Arthur Poemer, à época com 28 anos e quintanista da Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil (atual UFRJ), e dá uma mostra do que foi aquele ano histórico no país.
Ao mesmo tempo em que a ditadura militar começava a endurecer a repressão, que chegaria no auge com o advento do Al – 5 em dezembro, o movimento estudantil tomou corpo e passou a ter uma importância fundamental na resistência contra o regime autoritário. Ao mesmo tempo, novas concepções estéticas e comportamentais promoveram uma verdadeira revolução no modo de agir e de pensar do brasileiro, influenciado de forma decisiva a ação política de esquerda.
O estudante citado por Poemer, Edson Luís de Lima Souto, 18 anos, não era exatamente o padrão “classe média” que alguns historiadores dizem ser o tipo de estudante que participava das manifestações célebres de 1968. Nascido em Belém, mudou-se para o Rio de Janeiro e continuou seus estudos secundários no Instituto Cooperativo de Ensino, que funcionava no restaurante Calabouço. E nesse refeitório, ocupado por estudantes, que paraense foi alvejado pela repressão policial e acabou morrendo antes de receber socorro médico. Era 28 de março de 1968 e outras seis pessoas ficaram feridas na ocasião, sendo atendidas no Hospital Souza Aguiar.
Morto, Edson tornou-se um símbolo. Foi levado para a Assembléia Legislativa por estudantes e velado ali mesmo, em cima de uma mesa, onde também foi feita a necropsia. O enterro no cemitério São João Batista, foi procedido por uma passeata que levou o seu corpo até o local. Aproximadamente 50 mil pessoas gritavam: “Mataram um estudante e se fosse seu filho?” e faixas questionam: “Bala mata fome?” e “Os velhos no poder, os jovens no caixão”.
Era o início de uma série de manifestações estudantis que daria uma outra forma à luta política e a resistência contra a ditadura. Naquele ano, oficialmente outras nove pessoas seriam mortas na repressão aos protestos liderados, em sua maioria, por estudantes. No dia 1ª de abril seguinte, nova onda de protestos em função do aniversário daquilo que os militares chamavam de “revolução”. No Rio de Janeiro, um confronto entre policiais e estudantes deixou 56 feridos, sendo 30 policiais. Mas um funcionário da Companhia da Navegação Costeira, David de Souza Meira, e os estudantes de Medicina Jorge Aprígio de Paula foram mortos por policiais que tentavam dispensar manifestantes desarmados. Cogita-se até que David não fazia parte da passeata.
Na manhã do dia seguinte, 2 de abril, foi celebrada na Candelária uma missa em homenagem a Edson Luís, celebrada pelo bispo auxiliar da cidade e mais quinze padres. Já no transcorrer da cerimônia, policiais, fuzileiros navais e agentes do Departamento de Ordem Política e Social (Dops)


cercaram a saída da igreja. Um esquadrão da cavalaria da
polícia, armado de sabres, bloqueia os portões. Os padres formam um cinturão de mãos dadas protegendo aproximadamente 2,5 mil pessoas. Conseguem convencer os soldados de que não haveria passeata: Ainda assim, houve perseguição a pequenos grupos de estudantes após a dispersão, mas o pior é evitado.
Além do contexto político brasileiro, o panorama internacional favorecia e inspirava a ação dos estudantes no país. “É fato que as lutas no Brasil uniram-se ao furacão que atravessou o mundo naquele ano: maio em Paris, revoltas estudantis na Alemanha, na Itália e na Inglaterra, movimentos contra a guerra do Vietnã e o racismo nos Estados Unidos, protestos de rua em Tóquio. Também o bloco socialista foi abalado com a invasão da Tchecoslováquia, onde o Partido Comunista local tentava conciliar socialismo com liberdade. E a ofensiva do TeT, o ano novo budista, contra as tropas americanas no Vietnã, mostrou que o trunfo do Vietcong era uma questão de tempo”, avalia o ministro da Comunicação Social Franklin Martins, que estudava Economia e era ligado à Dissidência, uma organização política com base universitária que havia rompido com o Partido Comunista.
Contudo, Martins, que participou ativamente das movimentações, à época, assegura que a ação estudantil no país não era uma mera extensão do que ocorria em outros países.
“Esse turbilhão internacional produziu um caldo de cultura propício para o surgimento e o crescimento do movimento estudantil no Brasil. Mas, nem de longe, a luta por aqui foi um reflexo do que se passava lá fora, tanto que as primeiras grandes manifestações no Rio ocorreriam em fins de março, bem antes, portanto, do Maio francês ou da Primavera de Praga”, esclarece. “Pessoalmente, creio que bem maior, no coração e na mente dos jovens brasileiros, foi o impacto da ofensiva do TeT [ataque lançado pelos nortes-vietnamitas contra as forças estadunidenses e sul-vietnamitas em 31 de janeiro de 1968, na Guerra do Vietnã]. A sensação foi de que, se os vietnamitas podiam vencer a mais poderosa máquina de guerra do mundo, por que o povo brasileiro não poderia derrubar a ditadura.

♫ Menino ♫
(Milton Nascimento e Ronaldo Bastos)
Quem cala sobre o teu corpo

consente na tua morte
talhada a ferro e fogo
nas profundezas do corte
que a bala riscou no peito

quem cala morre contigo
mais morto que estás agora
relógio no chão da praça
batendo, avisando a hora
que a raiva traçou no tempo

no incêndio repetindo
o brilho do teu cabelo
quem gira vive contigo.

(Composição em homenagem ao estudante Edson Luís)

SANTO ANTÔNIO



SANTO ANTÔNIO
Santo Antônio nasceu em Lisboa, Portugal, dia 13 de setembro de 1191, e morreu com 36 anos, dia 13 de junho de 1231, nas vizinhanças de Pádua, Itália. Por isso, é chamado Santo Antônio de Lisboa e Santo Antônio de Pádua, um dos santos mais populares da Igreja, ‘o santo do mundo todo’ chamou Leão XIII.
Filho de Martinho de Bulhões e Teresa Taveira, de famílias ilustres, recebeu o nome de Fernando no batismo. Aos 15 anos, entrou no convento da Ordem dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho, nas proximidades de Lisboa. Aí ficou dois anos e pediu para ser transferido para o mosteiro de Santa Cruz em Coimbra, porque eram tantas as visitas de parentes e amigos, que perturbavam sua paz. Em Coimbra fez filosofia e teologia e foi ordenado padre.

Nesse mosteiro de Coimbra, se hospedaram os frades Franciscanos do convento de Santo Antônio dos Olivais, quando viajavam para converter os muçulmanos em Marrocos, na África. Pouco tempo depois, os restos mortais desses frades, martirizados em Marrocos, voltaram a Portugal, para o sepultamento desses heróis em Coimbra, onde morava o Rei de Portugal. Nessa ocasião, ‘Santo Antônio’ sentiu grande desejo de evangelizar Marrocos e imitar os mártires. Por isso, no verão de 1220, entrou para a Ordem dos Franciscanos, mudou seu nome para Antônio, que era o titular do convento franciscano dos Olivais, e foi mandado para Marrocos.
No início de novembro de 1220, Antônio desembarcou em Marrocos, mas terrível enfermidade o reteve na cama todo o inverno e resolveram devolve-lo para Portugal. O navio de volta a Portugal foi levado pelos ventos para a Itália. Desembarcou na Sicília e se dirigiu para Assis, onde se encontrou pela primeira vez com São Francisco. Então, participou de um Capítulo Geral da Ordem, que começou a 20 de maio de 1221, em Assis.
Não demorou para se revelar como excelente orador e pregador, em setembro de 1221, fazendo o sermão em Forli, na ordenação sacerdotal de franciscanos e dominicanos. Surpreendeu o Provincial e todos ficaram maravilhados.
Por isso, o Provincial o encarregou da ação apostólica contra os hereges na região da Romanha. e no norte da Itália, quando se tornou extraordinário pregador popular.
Em Rimini, os hereges impediam o povo de ir aos seus sermões. Então, apelou para o milagre. Foi à costa do Adriático e começou pregar aos peixes, que acorreram em multidão, mostrando a cabeça fora da água. Este milagre invadiu a cidade com entusiasmo e os hereges ficaram envergonhados.
Após alguns anos de frade itinerante, foi nomeado, por carta, por São Francisco, o primeiro ‘Leitor de Teologia’ da Ordem. Mas, este magistério de teologia para os franciscanos de Bolonha demorou pouco porque o Papa mobilizou todos os pregadores dominicanos e franciscanos para combater a heresia albigense na França.
Por isso, passou três anos, lecionando, pregando e fazendo milagres no sul da França – Montpellier, Toulouse, Lê Puy, Bourges, Arles e Limoges. Como ocupava o cargo de custódio do convento de Limoges, foi para Assis participar do Capítulo Geral da Ordem, convocado por Frei Elias, a 30 de maio de 1227. Nesse Capítulo foi eleito Provincial da Romanha, cargo que ocupou com êxito até 1230. Em 1229, foi morar com os seus irmãos franciscanos, perto de Pádua, no convento de Arcella, em Camposampiero.

Nesse lugar retirado, a pedido do Cardeal de Óstia, dedicou-se a escrever os sermões das festas dos grandes santos e de todos os domingos do ano. Mas sempre saia para pregações, por exemplo, durante a Quaresma, até morrer, por uma hidropisia maligna, na sexta-feira, de 13 de junho de 1231.
Foi tanta a repercussão de sua morte e tantos os milagres, que, onze meses após sua morte, foi canonizado pelo Papa Gregório IX. Em 1263, quando seu corpo foi exumado, sua língua estava intacta e continua intacta até hoje, numa redoma de vidro, na Basílica de Santo Antônio, em Pádua, onde estão seus restos mortais.


Mais tarde, em 1934, foi declarado Padroeiro de Portugal.
E em 1946, o Papa Pio XII proclamou Santo Antônio ‘Doutor da Igreja’, com o título de ‘Doutor Evangélico’. Santo Antônio não perdeu sua atualidade e é invocado pelo povo cristão, até hoje, para curar doença, achar coisa perdida e ajudar no casamento.
(A.F.)
♫ Meu Querido Santo Antônio ♫
(Carlos Carega)

Meu querido Santo Antonio
Me arranja um amorMeu bonzinho São ToninhoMe dá uma colher de chá
Meu coração pequenininhoJá não agüenta mais sofrerMeu querido Santo AntônioVem aqui me socorrerAbre bem os meus olhosSeca minha ambiçãoMostra-me o que é bonitoSem me dar perturbaçãoDeixa que eu sinta o ventoSoprar em minha direçãoMe concede essa graçaMe dá a tua proteçãoTô saindo de fininhoQue é pra não lhe incomodarMas não esquece seu ToninhoUma maneira de ajudarSei que fui um sonhadorSei que fui um tafetáHoje quero bem mansinhoAlguém pra me acompanhar

♫ Santo Antônio ♫
(J. Velloso)

Que seria de mim meu Deus
Sem a fé em Antônio
A luz desceu do céu
Clareando o encanto
Da espada espelhada em Deus
Viva viva meu santo

Saúde que foge
Volta por outro caminho
Amor que se perde
Nasce outro no ninho
Maldade que vem e vai
Vira flor na alegria
Trezena de junho
É tempo sagrado
Na minha Bahia

Antônio querido
Preciso do seu carinho
Se ando perdido
Mostre-me novo caminho
Nas tuas pegadas claras
Trilho o meu destino
Estou nos teus braços
Como se fosse
Deus menino

"Quem não pode fazer grandes coisas, faça ao menos o que estiver na medida de suas forças; certamente não ficará sem recompensa"
(Frase de Santo Antônio)

sexta-feira, 6 de junho de 2008

A CULTURA NOS ANOS 60 E 70



A CULTURA NOS ANOS 60 E 70
Tomates e vaias, ovos e uivos. Dissonância no palco, discordância na platéia. A platéia está de costas para o palco. Os artistas no palco estão de costas para a platéia. Só o cantor, um poeta franzino, abre o peito e abre a voz: “Mas é isso a juventude que quer tomar o poder? Vocês tem coragem de aplaudir este ano uma música que não teriam coragem de aplaudir no ano passado. São a mesma juventude que vai sempre matar amanhã o velhote inimigo que morreu ontem. Vocês não estão entendendo nada, nada, absolutamente nada...” As vaias viram urros e os urros se tornam ofensas. O poeta segue berrando, sob os “riffs” lancinantes da guitarra: “Vocês estão por fora. Vocês não dão para entender. Mas que juventude é essa? Vocês são igual sabem a quem? Sabem a quem? Aqueles que foram na “Roda Viva” e espancaram os atores. Não diferem em nada deles”. Era 12 de setembro de 1968 e acompanhados pelos Mutantes, Caetano Veloso estava tentando apresentar a canção “É proibido proibir”. A música inscrita no 3º Festival Internacional da Canção, fora inspirada pelos grafites que cobriram os muros de Paris na rebelião estudantil de maio de 68. Ironicamente, a canção prenunciava o início da época em que, no Brasil, se tornaria permitido proibir.
Exatos três meses após aquela apresentação de Caetano e dos Mutantes no teatro da Universidade Católica, em São Paulo, o general Costa e Silva decretou o Al – 5, o ato que permitiria à censura submeter a cultura nacional a uma espécie de lavagem cerebral. Embora atingisse a literatura, o cinema, o teatro e a imprensa, a censura seria especialmente dura com a música. Por quê? Por que desde o sucesso mundial da bossa nova, no início dos anos 60, a música se tornara a manifestação cultural mais vibrante do Brasil. Com o advento da Jovem Guarda, por volta de 1965, a música entraria na era da cultura de massa e logo se associaria à televisão – tanto que não apenas a rebeldia “inocente” do iê-iê-iê de Roberto Carlos (preocupada em “denunciar” que era “proibido fumar” – maconha, presumivelmente) tinha seu próprio programa de TV como também eram as grandes redes de televisão que promoviam festivais como o FIC. Neles, explodiria o choque entre a “música de protesto”, de veia nacionalista, e a música pop, americanizada e supostamente “alienada”.
Embora em breve os militares e seus censores se revelassem bem menos suscetíveis a tais divergências estéticas – podando tanto as canções “nacionalistas” quanto os “exotismos estrangeiros” -, o que levou o público a vaiar Caetano naquela noite foi justamente o confronto entre a juventude “engajada” e de esquerda e a vanguarda artística que Caetano e Gilberto Gil (que logo subiria ao palco para se solidarizar com o amigo e conterrâneo) representavam. Qualquer semelhança entre esse “happening” que saiu pela culatra e a primeira noite da Semana de Arte Moderna em 1922, deixa de ser mera coincidência quando se sabe que, pouco antes, os dois baianos tinham criado o movimento Tropicalista – releitura pop e hippie da Antropofagia de “Marioswald” de Andrade. Baseados em tudo que acontecia de novo e de jovem em um país ainda fervilhante – o Cinema Novo, os experimentalismos do Teatro de Arena e Teatro Opinião, os ecos da bossa nova, a “rebeldia” pop da Jovem Guarda, a cultura televisiva, Chacrinha e as telenovelas, a


poesia concretista, a pintura de Hélio Oiticica -, Caetano e Gil fermentaram a geléia geral brasileira, acima e além da caretice. “Eu e Gil tivemos coragem de entrar em todas as estruturas e sair de todas”, continuava Caetano em seu discurso irado, enquanto a massa ululava e os Mutantes faziam gemer as guitarras. “ E vocês?
Se vocês forem em política como são em estética, estamos feitos. Me desclassifiquem junto com Gil (...) Chega!”
Duas semanas depois de Caetano se autodesclassificar, os Mutantes, com roupas escandalosas, e Rita Lee de noiva se apresentaram nas finais do mesmo FIC, no Rio de Janeiro. Mas, então, nem foram vaiados: o povo guardou todos os apupos para “Sabiá”, de Chico Buarque e Tom Jobim, que venceu “Caminhando”, de Geraldo Vandré, em novo desdobramento do choque entre engajamento e lirismo. A TV mostrou tudo, como continuaria fazendo ao longo das décadas que vieram a seguir. Menos de um ano depois, Caetano e Gil(que tinham sido presos pelo governo militar) e Chico Buarque (o mais censurado dos compositores brasileiros) partiam para o exílio na Europa.A bossa nova e o Cinema Novo já tinham ficado velhos, e o Tropicalismo daria os últimos suspiros. Depois deles, o dilúvio de censura. (FSP)

♫ É proibido proibir ♫
(Caetano Veloso)
A mãe da virgem diz que não.
E o anúncio da televisão.
E estava escrito no portão.
E o maestro ergueu o dedo.
E além da porta há o porteiro, sim.
Eu digo não.
Eu digo não ao não.
Eu digo.
É proibido proibir.
É proibido proibir.
É proibido proibir.
É proibido proibir.
Me dê um beijo, meu amor
Eles estão nos esperando
Os automóveis ardem em chamas
Derrubar as prateleiras
As estantes, as estátuas
As vidraças, louças, livros, sim
Eu digo sim
Eu digo não ao não
Eu digo
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir