CAVALEIRO DA ESPERANÇA
Filho do oficial do Exército Antônio Pereira Prestes e da professora primária dona Leocádia, Luis Carlos Prestes nasceu em Porto Alegre, em 3 de janeiro de 1898. Estava destinado a se tornar um dos personagens mais lendários da história do Brasil. Olhando-o, porém, seria impossível fazer a profecia. “Pequeno de estatura, o culote subindo-lhe pelos joelhos, montado a cavalo com a sela militar ladeada de alforjes cheios de mapas, constitui um conjunto grotesco, incompatível com a tradição de um chefe gaúcho, sempre vestido a caráter, temerário, desafiador, espetacular”, diria dele o tenente João Alberto, um dos principais membros da Coluna. Apesar do depoimento insuspeito, Prestes veio a se tornar um homem “temerário, desafiador e espetacular”. Mesmo rompendo quase definitivamente com seus laços gaúchos, ele nunca deixaria de ser uma espécie de caudilho platino: era indômito, autoritário, teimoso, decidido e controverso. Apesar da figura quixotesca, quase chapliniana, ele se transformaria no Cavaleiro da Esperança, projetando sua sombra e presença sobre as quatro décadas mais agitadas da política brasileira.
Matriculado no Colégio Militar do Rio de Janeiro, Prestes formou-se tenente-engenheiro na Escola Militar do Realengo, na turma de 1920, da qual fazia parte Siqueira Campos e Eduardo Gomes (os líderes dos 18 do Forte). Em 29 de outubro de 1924, de volta ao Sul, ele forjaria um telegrama para sublevar o Primeiro Batalhão Ferroviário de Santo Ângelo, para o qual fora destacado. Após liderar a revolta dos tenentes do Rio Grande do Sul, em abril de 1925, Prestes conseguiu romper o cerco das tropas federais, seguindo para o Paraná numa marcha audaciosa, que lhe permitiu se unir aos rebeldes paulistas.
Foi nesse período que foi criada a Coluna Miguel Costa-Prestes, popularmente conhecida somente por Coluna Prestes, foi um movimento político-militar brasileiro existente entre 1925 e 1927 ligado ao tenentismo. O povo se pendurou nela, mas ela não se pendurou no povo. Nas cidades nada acontecia. Nem podia, pois nada foi preparado. Só um jornal clandestino, o Cinco de Julho, trazia de vez enquanto notícias da Coluna. Era muito pouco.
Fevereiro de 1927 a Coluna já percorreu cerca de 25 mil quilômetros. E conheceu como ninguém o Brasil. Dizem que não perdeu nenhuma das 53 batalhas que travou.
Meses depois, seus principais membros exilaram-se: uma parte, liderada por Prestes na Bolívia, outra parte, liderada por Siqueira Campos, no Paraguai.
Em maio de 1930, depois das épicas peripécias da coluna que adquiriu seu nome, Prestes, exilado na Argentina, recusou-se a se envolver nas conspirações que resultaram na Revolução de 30. Ao lançar um manifesto no qual se declarava “socialista revolucionário”, condenou o apoio dado por seus companheiros às oligarquias dissidentes e anunciou o início de um novo ciclo de luta armada. Mais tarde, Prestes se converteu ao comunismo, viajando para a União Soviética em novembro de 1931. Retornou ao Brasil em 1935, junto com a espiã alemã Olga Benário, que se tornaria sua mulher, para liderar, desastradamente, a Intentona Comunista de novembro de 1935.
O movimento, mal-articulado, foi duramente reprimido por Vargas. Perseguido ao longo de três meses, Prestes e Olga foram presos em março de 1936. Judia e comunista, Olga foi deportada para a Alemanha nazista, mesmo estando grávida. Solto em 1945, Prestes aliou-se a seu maior inimigo, Getúlio Vargas e, como chefe do então legalizado Partido Comunista, elegeu-se deputado federal, com a maior votação do país. Em 1948, com o PCB de novo na clandestinidade, Prestes fugiu do Brasil e viveu anos na União Soviética, da qual se tornou vassalo leal. Em 1957, Prestes obteve o direito de voltar ao país por mandado judicial e apoiou João Goulart em 1961. Com o golpe militar de 1964, viu-se forçado a fugir outra vez – deixando para trás documentos que comprometeram vários companheiros. Retornou ao Brasil depois da anistia de 1978 e participou da campanha
das Diretas-Já. Stalinista ferrenho, conspirador e conservador, disciplinado e disciplinador, doutrinário e doutrinador, dúbio e drástico, Prestes morreu aos 92 anos, em 1990, mantendo segredo e alimentando o mito de suas várias e fracassadas “ações revolucionárias”.
♫ Avante, camaradas! ♫
(Letra e música: Antonio Manoel do Espírito Santo)
Avante, camaradas!
Ao tremular do nosso pendão
Vençamos as invernadas
Com fé suprema no coração.
Avante sem receio
Que em todos nós a
Pátria confia
Marchamos com alegria,
avante!
Marchamos sem
receio. (2x)
Aqui não há quem
nos detenha
E nem quem turve
a nossa galhardia.
Quem nobre missão
desempenha
Temer não pode a
tirania, a tirania
E nunca seremos vencidos
Pois marchamos sob
a luz da crença.
Marchamos sempre
convencidos
Não há denodo que
nos vença (2x)
Avante, camaradas!
Ao tremular do nosso pendão
Vençamos as invernadas
Com fé suprema no coração
Avante sem receio
Que em todos nós
a Pátria confia
Marchamos com
alegria, avante!
Marchamos sem receio
Havemos sempre audazes
A afrontar o perigo;
E seremos perspicazes
Ante o mais férreo inimigo.
Por isso, não temamos:
Sempre fortes
e sobranceiros,
E com bravura
sempre lutaremos;
Brasileiros nós somos,
Nós somos
Brasileiros! (2x)
Esta música foi escrita para homenagear Luis Carlos Prestes
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