terça-feira, 11 de março de 2008

A CHEGADA DA FAMÍLIA REAL NO BRASIL

No dia 22 de janeiro de 1808, chegava a Salvador a família real portuguesa, em fuga das tropas do exército francês, comandadas pelo Imperador Napoleão Bonaparte, que expandia seu domínio sobre a Península Ibérica. Politicamente, o evento significava a transferência do governo de Portugal e de suas colônias para o território brasileiro.
O Estado português estava, então, sob a regência do príncipe Dom João de Bragança, uma vez que a rainha Maria I, sua mãe, encontrava-se afastada do trono desde 1792, devido a problemas de saúde mental. O papel do príncipe regente - que seria coroado rei de Portugal, dom João VI, em 1816 - foi fundamental para a transformação da vida no Brasil da época, a partir do momento em que ocorreu o desembarque na Bahia.
Foram apenas trinta e quatro dias em Salvador. O breve tempo, porém, não impediu Dom João de tomar decisões fundamentais para destravar a economia brasileira e promover o crescimento da cidade que, até 1763, foi a primeira capital do Brasil.

Abertura dos portos

Menos de uma semana após chegar à Bahia, o príncipe regente provocou uma verdadeira revolução na economia brasileira, ao decretar a abertura dos portos do país às nações amigas de Portugal. Era o fim do monopólio comercial português com o Brasil.
A medida permitiu que navios mercantes estrangeiros atracassem livremente nos portos brasileiros. O país passou a se beneficiar do comércio direto com a Inglaterra. Terminava o Pacto Colonial que, entre outras imposições, obrigava que todos os produtos das colônias passassem, primeiro, pelas alfândegas de Portugal. A decisão tem caráter histórico também por ser a primeira Carta Régia promulgada em território brasileiro, a 28 de janeiro de 1808.

Medicina e indústria

Em Salvador, o príncipe regente também fundou a Escola de Cirurgia da Bahia, embrião para a criação da primeira faculdade de medicina do Brasil. Erguida ao lado do Colégio dos Jesuítas (atual Catedral Basílica de Salvador), no Terreiro de Jesus, a Escola de Cirurgia - mais tarde Faculdade de Medicina - funcionou por mais um século no mesmo local, até ser incorporada pela UFBa (Universidade Federal da Bahia). Dois séculos depois, a obra deixada por Dom João não perdeu o seu charme - suas salas centenárias abrigam grande parte do acervo da história da medicina do Brasil.
Antes de seguir para o Rio de Janeiro - o que aconteceu no dia 24 de fevereiro de 1808 - Dom João ainda autorizou a criação de indústrias de vidro, pólvora, tabaco e colheita de algodão. Naquele começo de século XIX, o setor industrial brasileiro não passava de uma miragem por três motivos básicos: a mentalidade escravocrata dos "empresários", a falta de capital para investimento na expansão dos negócios e a concorrência inglesa.
Dom João tomaria outras decisões muito importantes para o desenvolvimento do Brasil ao chegar ao Rio de Janeiro, para onde transferiu a sede do governo português. Na verdade, a presença da corte portuguesa no país acelerou o processo que resultou em nossa Independência, proclamada pelo herdeiro de Dom João, Dom Pedro. Isso, porém, já é o começo de uma outra história.
Várias homenagens estão sendo prestadas neste início de 2008 para marcar este acontecimento significativo na História do Brasil, com destaque para o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, quando três enredos abordam, lançando olhares diferentes, a chegada da Família Real em terras brasileiras. (Manuela Martinez)

G.R.E.S. MOCIDADE INDEPENDENTE DE PADRE MIGUEL
O Quinto Império: De Portugal ao Brasil, Uma Utopia Na História.
Autores do Samba-enredo: Marquinho Marino, Gustavo Henrique e Igor Leal


Portugal...
Bendito seja!Abençoado pelo criador
Uma utopia, um destino, um sonho
Místico, de grandes realezas
Sonhar... Com glórias um rei desejar
E o sol volta a brilhar
Com a esperança no olhar
Mas desapareceu, como um grão de areia no deserto
E “encantado renasceu” em cada ser, em cada coração
Para afastar a cobiça, na busca do ideal:
O quinto império universal
Deixa o meu samba te levar
E a minha estrela te guiar
À praia dos Lençóis, nas crenças do Maranhão
Tem um castelo, que é do Rei Sebastião
No Rio de Janeiro aportaram caravelas
Trazendo a família real
Progresso em cores combinadas
Debret retratava a transformação
Nas terras tropicais do meu Brasil
A herança...
A dor, o mito “ressurgiu”
Eis o guerreiro sebastiano“o mais ufano dos lusitanos
”Em verde-e-branco
Que traz no peito uma estrela a brilhar
De norte a sul desta nação
Faz a manifestação popular Minha Mocidade... Guerreira
Traz a igualdade, justiça e paz
Hoje o Quinto Império é brasileiro (Amor)
Canta Mocidade... canta!

G.R.E.S. IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE
João e Marias.
Autores do Samba-enredo: Josimar, Di Andrade, Valtencir, Carlos Kind e Jorge Arthur

Maria uma princesa

Também sonhava
Um dia um príncipe encontrar
E ouviu do Rei da França
Em meio ao luxo e a bonança
Maria Antonieta tu serás
Em portugal, outra rainha,
Dona Maria
A Louca não podia governar
Delirava temendo a revolução
E entrega o reino a João
Regente assim se fez, e o imperador francês
Ordena a invasão
Ou ficam todos
Ou todos se vão
Embarcar nessa aventura
E au revoir Napoleão
Cruzaram mares
Chegaram ao Brasil
São novos ares, progressos e a transformação
Vieram as Marias, toda fidalguia, Dom João
O tempo passou, irão se casar
Duas Marias da mesma raiz
Luisa com Napoleão
E Leopoldina será nossa imperatriz
Será também nome de trem
Que passa em Ramos a nossa estação
Onde imperam Marias e Joãos
Vem brincar nesse trem amor
Que vai passar na estação do coração
Vai brilhar no céu Imperatriz
As onze estrelas do teu pavilhão.

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