quarta-feira, 3 de junho de 2009

O DIA DO FICO

"Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação diga ao povo que fico"
(D. Pedro, 9 de janeiro de 1822)

DIA DO FICO
O ano de 1822 começou dramaticamente para D. Pedro. Foi no dia 1º de janeiro que ele recebeu a petição escrita por José Bonifácio e assinada por toda a junta provincial da cidade. Até então, apesar de alguns cartazes espalhados pelas ruas do Rio e das manifestações cada vez mais entusiásticas que vinha recebendo nas ruas ou no teatro, D. Pedro não registrara nenhum sinal claro de apoio à sua permanência no Brasil. Mas a carta de Bonifácio era tocante. Segundo ela, as Cortes de Lisboa, baseadas “no despropósito e no despotismo”, buscavam impor ao Brasil “um sistema de anarquia e escravidão”. Movidos por uma “nobre indignação”, os paulistas estavam “prontos a derramar a última gota do seu sangue e a sacrificar todas as suas posses para não perder o adorado príncipe”, em quem colocavam “suas bem-fundamentadas esperanças de felicidade e honra nacional”.
Os cariocas, que pensavam da mesma maneira, organizaram um abaixo-assinado com 8.000 nomes e o entregaram ao príncipe uma semana depois, numa cerimônia realizada ao meio-dia de 9 de janeiro. Depois de ler o documento, D. Pedro anunciou solenemente sua decisão: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico”. Reunido defronte do Paço Municipal, o povo saudou a decisão do príncipe. No dia 11, as tropas portuguesas tentaram obrigar o príncipe a embarcar para Lisboa. Apoiado pelo povo e por tropas leais, D. Pedro resistiu. A independência, agora, era uma questão de tempo.
A petição de José Bonifácio e o abaixo-assinado que resultou no “Dia do Fico” marcaram a aproximação entre D. Pedro e a facção mais conservadora da elite brasileira, formada por homens que, na maioria, tinham freqüentado a Universidade de Coimbra e partilhavam da idéia de um império luso-brasileiro – a elite coimbrã. Cinco dias depois de expulsar do Rio as tropas lusas, comandadas pelo general Avilez (com cuja mulher tinha um caso), D. Pedro organizou um novo ministério e, para liderá-lo, escolheu José Bonifácio de Andrade e Silva - nome mais destacado da elite coimbrã. Em 1º de agosto, declarou inimigas todas as tropas enviadas de Portugal sem o seu consentimento. No dia 14, partiu para São Paulo para contornar uma crise na Província. No dia 2 de setembro, no Rio, D. Leopoldina leu as cartas chegadas de Lisboa com as abusivas decisões das Cortes. Reuniu os ministros e enviou mensageiros a D. Pedro.
No dia 7 de setembro, sofrendo com diarréia, o príncipe recebeu as cartas às margens do Ipiranga e concluiu que era hora de romper com a metrópole. No dia seguinte, já recuperado, após a noite com a nova amante, iniciou a viagem de retorno ao Rio de Janeiro, onde chegou no tempo recorde de cinco dias, deixando toda a tropa dez horas para trás. Na capital, foi saudado como herói. Em 1º de dezembro, aos 24 anos, foi coroado não rei, mas imperador, para mostrar que, apesar do direito monárquico, também fora eleito pelo “povo”. O povo em breve se decepcionaria.

DIA DO FICO
G.R.E.S. BEIJA-FLOR – 1962
Compositor: Cabana

"Como é para o bem de todose felicidade geral da nação

diga ao povo que fico"
Isto aconteceu
No dia nove de janeiro
de mil oitocentos e vinte e dois
Data que o brasileiro jamais esqueceu
Data bonita e palavras bem ditas
Que todo o povo aplaudiu
Preconizando D. Pedro I
O grande defensor perpétuo do Brasil
Foi uma data de glória

Exuberante em nossa história
Esta marcante vitória deste povo varonil
Também exaltamos agora
Homens que lutaram pelo"Fico" no Brasil
José Clemente Pereira e
José Bonifácio
Que entregaram no palácio a petição
Rogando a D. Pedro I
Que permanecesse em nossa nação

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