quarta-feira, 26 de março de 2008

A SEMANA SANTA

"Quando você não acreditar em mais ninguém,
quando você não acreditar mais nem em si próprio,
acredite que, em algum lugar, mesmo o mais
distante, e as vezes ao seu lado,
existe alguém que ainda acredita em você".
Plínio Pacheco


Após o carnaval tem início a Quaresma, que antecede uma das maiores celebrações do povo cristão que é a Semana Santa. A denominação dada ao período religioso do Cristianismo e do Judaísmo e que celebra a subida de Jesus Cristo ao Monte das Oliveiras, a sua crucificação e a sua ressurreição.
No século IV, algumas comunidades cristãs passaram a vivenciar a paixão, a
morte e a ressurreição, o que exigia três dias de celebração, consagrados à lembrança dos últimos dias da vida terrena de Cristo. Jerusalém, por ter sido o local desses acontecimentos, é que deu início a essa tradição seguida pelas demais igrejas. Assim a sexta-feira comemora especialmente a morte de Jesus Cristo
, o sábado era o dia de luto e o domingo era a festa da ressurreição.

A Semana Santa não acontece na mesma data todos os anos. Assim como o carnaval, é um evento móvel que varia em relação ao calendário litúrgico da Igreja Católica. Assim, 40 dias depois da
Quarta-Feira de Cinzas se iniciam os dias Santos. Ela começa no Domingo de Ramos, que comemora a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, e termina, sete dias depois, no Domingo de Páscoa propriamente dito.

Domingo de Ramos
Segunda-feira Santa

Terça-feira Santa

Quarta-feira Santa

Quinta-feira Santa

Sexta-feira Santa
(neste dia a Igreja se abstém do sacrifício da Missa)
Sábado Santo


Rituais

Com o passar dos tempos, os cristãos foram estabelecendo rituais objetivando tornar acessível a todos, através de gestos litúrgicos, o sentido daquele tríduo que se transformou em uma semana com a introdução da celebração do
Domingo de Ramos, por volta do século IV. Essa festa foi se tornando uma das mais populares do catolicismo e, em torno daqueles ramos empunhados à mão em procissão, tem surgido uma infinidade de interpretações, como guardar com devoção os ramos em forma de espécie em memorial à Semana Santa. Por outro lado, há, como crendices, a sua utilização para a feitura de chás curativos. Em algumas regiões esses ramos ressequidos durante o ano são utilizados para a produção da cinza que é posta na fronte dos fiéis na quarta-feira que encerra o carnaval, a quarta-feira de cinzas, e dá início à Quaresma.

Ao longo da
Idade Média
, a Semana Santa foi acrescida de novos rituais. Um desses foi a cerimônia do Lava Pés que ocorre na quinta feira à tarde. É a encenação de um acontecido durante a Ceia de Páscoa, que Cristo celebrou com os seus seguidores mais próximos, uma experiência didático-pedagógica para aqueles que não tinham acesso aos escritos evangélicos. Por seu aspecto visual e dramático, adequou-se ao gosto popular e vem se tornando mais importante do que as reflexões que os cristãos devem fazer naquela ocasião.

Na Idade Média, surgiu um outro ritual, conhecido como a espoliação do altar, ou seja, a retirada das toalhas e utensílios que foram utilizados, ocasião em que as hóstias são transladadas para um altar lateral onde podem ser veneradas. Esse rito é uma alegoria do fato de que, na Antigüidade, quando ainda não havia os templos, a cada celebração, eram postas antes, e retiradas após a cerimônia, as toalhas sobre a mesa que servia como altar.
Um outro ritual, que também ocorre na Quinta-Feira de Endoenças, este pela manhã, é a missa da
Bênção dos Óleos, utilizada para representar a unidade do Clero em torno do Bispo local, ao mesmo tempo em que demonstra a sua catolicidade. Os ritos da Sexta-Feira da Paixão lembram a morte de Jesus Cristo. Nesse dia, não ocorre a celebração da missa
, apenas são feitas leituras e a adoração do Santíssimo.
No Brasil, no estado de Pernambuco, acontece uma das mais importantes manifestações religiosas da quaresma e da Semana Santa. Do litoral ao sertão, acontecem missas, apresentações de cânticos, novenas e encenações. Nesta época, considerada de baixa estação, muitos católicos e turistas aproveitam para conhecer de perto uma das maiores expressões da fé e da religiosidade do povo nordestino: a Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, encenação que acontece todos os anos no Agreste do Estado, a pouco mais de 180Km do Recife, e reúne mais de 80 mil católicos de todo o Brasil. Encenada durante oito dias em Nova Jerusalém, no município de Fazenda Nova, a Paixão de Cristo encanta por ser o maior espetáculo ao ar livre do mundo. Nascida do sonho do teatrólogo gaúcho Plínio Pacheco, há 40 anos, a peça é encenada em construções grandiosas, que reproduzem a arquitetura da época de Jesus Cristo como o Palácio de Herodes, o Fórum de Pilatos e a árida região da Judéia. Todos os anos, o elenco de atores se renova e já participaram do espetáculo artistas como Fábio Assunção, Malvino Salvador, Thiago Lacerda, Maitê Proença e Ângela Vieira.

SENHOR, QUE VIESTE SALVAR...
Padre Zeca
De: Pe. José Candido

“Senhor que vieste salvar

Os corações arrependidos
Piedade, Piedade,Piedade de nós
Piedade, Piedade
Piedade de nós
Ó Cristo, que vieste salvar
Os pecadores humilhados
Piedade, Piedade,
Piedade de nós
Piedade, Piedade
Piedade de nós
que intercedei por nós
Junto a Deus pai, que nos perdoa
Piedade, Piedade,
Piedade de nós
Piedade, Piedade,
Piedade de nós.”


PORQUE ELE VIVE
Padre Zeca
De: Gloria Ghaither/ William J. Gaither


“Deus enviou sim Filho amado,

para morrer no meu lugar
Na cruz pagou por meus pecados,
mas o sepulcro vazio está,
Porque Ele vive.
Porque Ele vive,
eu posso crer no amanhã
Porque Ele vive,
temor não há.
Mas eu bem sei,
que o meu futuro
Está nas mãos do meu Jesus
Que vivo está
Um dia, eu vou cruzar os rios
e verei então, um céu de luz
E verei que lá, em plena glória,
vitorioso, vive e reina
O Meu Jesus!”

quinta-feira, 13 de março de 2008

O MILAGRE BRASILEIRO

Durante a ditadura militar, no governo do general Emílio Garrastazu Médici, a economia brasileira obteve uma grande expansão, refletida no crescimento acelerado do Produto Interno Bruto (PIB). O período ficou conhecido como “o milagre brasileiro" em alusão aos "milagres" alemão e japonês das décadas de 50 e 60, e que seria marcado por taxas de crescimento excepcionalmente elevadas, que foram mantidas, enquanto a inflação, "controlada e institucionalizada", declinava, estabilizando-se em torno de 20% a 25% ao ano.
A permanência do ministro Delfim Neto na pasta da Fazenda durante o governo Médici deveu-se sobretudo à pressão exercida por várias entidades de classe do empresariado nacional. Satisfeitos com os resultados obtidos pela gestão anterior do ministro, principalmente quanto à contenção da inflação, os empresários pediram a manutenção da política econômica.
Em setembro de 1970, a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro bateu o recorde de volume de transações em toda a sua história, negociando 24 milhões de cruzeiros num só dia, fato que se repetiria no ano seguinte, quando novos recordes seriam estabelecidos em todos os setores. Em outubro de 1970, o Brasil obteve o maior empréstimo concedido até então pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) a um país da América Latina: 66,5 milhões de dólares para o complexo hidrelétrico de Ilha Solteira. Ainda nesse ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) informou que o Brasil havia sido o primeiro país latino-americano a ultrapassar a cifra de um bilhão de dólares em suas reservas de moedas fortes naquele organismo, conseguindo superar em apenas um mês em 105 milhões de dólares as reservas da Venezuela, até aquele momento o país latino-americano mais forte dentro do FMI.
Na exposição final do primeiro ano da gestão Médici, os ministros da Fazenda e do Planejamento afirmaram que, em relação ao setor econômico-financeiro, "o Brasil realizou, em 1970, todas as suas principais metas", enumeradas como "recorde absoluto da década": taxa de crescimento do PIB de 9% (a mesma de 1969); taxa de inflação abaixo de 20%; receita de exportações totais de mercadorias de 2,7 bilhões de dólares; exportações de manufaturados de 430 milhões de dólares; nível de reservas cambiais de 1,2 bilhão de dólares; nível do déficit de 820 milhões de cruzeiros em termos reais (preços constantes) e 0,5% como percentagem do PIB; nível de emissões de 22% em relação ao total emitido até 31 de dezembro de 1969.
No ano de 1971, o Banco Mundial aprovou mais dois empréstimos ao Brasil, num total de 96 milhões de dólares, para exploração de jazidas de minério de ferro. Com a aprovação desses dois créditos, o Brasil tornou-se o maior cliente do banco, atingindo um montante de compromissos no valor de 1,014 bilhão de dólares. No final do ano, foram também divulgados os resultados numéricos da economia referentes a 1971: crescimento do PIB de 11,3% ao ano, perfazendo um crescimento médio de 8,8% para o período de 1967 a 1971, "níveis jamais atingidos anteriormente no país".
Logo no início de 1972, Delfim Neto anunciava que o balanço de pagamentos do Brasil acusara um superávit de 536 milhões de dólares em 1971, e que as reservas totais haviam alcançado 1,721 bilhão de dólares, constituindo-se em novo recorde econômico. Outros empréstimos foram feitos nesse período, perfazendo um total de 560 milhões de cruzeiros.
Não obstante, o aumento progressivo da desigualdade na distribuição de renda tornou-se o ponto central da crítica à "política nacional de desenvolvimento" seguida pelo governo Médici e amplamente justificada pelos adeptos do modelo. O próprio presidente da República declarara em relação ao sucesso obtido pela política econômica de seu governo que "a economia vai bem, mas o povo vai mal". Essa asserção foi reinterpretada pelo ministro do Planejamento com a afirmação de que "a renda per capita entre U$ 400,00 e U$ 450,00 prova que a renda nacional ainda não tem condições de ser redistribuída para melhorar o padrão de vida". Os economistas da linha oficial procuravam explicar o problema da concentração de renda como conseqüência do crescimento da economia, ao contrário de seus opositores, que a identificavam como causa. Entre os primeiros, destacou-se a teoria do "crescimento do bolo", ou seja, a tese de que era necessário assegurar o aumento da riqueza nacional antes de repartir os benefícios do desenvolvimento.
Em conferência pronunciada na Escola Superior de Guerra (ESG), em julho de 1972, o ministro Delfim Neto admitiu que "a distribuição de renda no Brasil não é boa", acrescentando todavia que isso já vinha ocorrendo há muitos anos. Justificou o fato pela crescente complexidade da economia brasileira, afirmando que a estrutura produtiva encontrava-se alterada pelo desenvolvimento, o que resultava numa melhoria para todos, "embora alguns melhorem mais que outros".
Em agosto de 1972, a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro registrou sua maior valorização dos últimos anos, com uma alta de 9,4%. Logo em seguida, entretanto, as cotações caíram vertiginosamente, causando prejuízos a muitos investidores.
Em seu discurso de final de ano em 1972, Médici enumerou os resultados do ano, definidos como êxitos do governo no campo econômico-financeiro: crescimento do PIB em 10,4%; aumento de apenas 14% no índice de custo de vida na Guanabara; superávit de 2,4 bilhões de dólares no balanço de pagamentos, quatro bilhões de dólares de reservas internacionais (mais do que o dobro das reservas do ano anterior); 3,9 bilhões de dólares de exportações, nas quais os produtos manufaturados contribuíram com mais de um bilhão; 4,2 bilhões de dólares de importações.
Em 1973, a eficiência do modelo econômico tornou a ser elogiada por observadores internacionais, que indicaram seis pontos básicos como os responsáveis pelos excelentes resultados obtidos pelo governo brasileiro: a neutralização da inflação, através de medidas de controle monetário e estrutural; o estímulo às exportações, sobretudo de artigos manufaturados; a promoção de investimentos privados nas áreas menos desenvolvidas do país, através de incentivos fiscais; o incremento das poupanças privadas, impulsionadas pelo dispositivo da correção monetária; a contínua importação de capitais, e grandes investimentos em infra-estrutura, como indústrias de base, usinas hidrelétricas, construção de estradas e melhoramentos dos portos.

Milagre Brasileiro

Chico Buarque

Cadê o meu?

Cadê o meu, ó meu?
Dizem que você se defendeu
É o milagre brasileiro
Quanto mais trabalho
Menos vejo dinheiro
É o verdadeiro boom
Tu tá no bem bom
Mas eu vivo sem nenhum
Cadê o meu?
Cadê o meu, ó meu?
Eu não falo por despeito
Mas, também, se eu fosse eu
Quebrava o teu
Cobrava o meuDireito.

terça-feira, 11 de março de 2008

O DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Uma data adquiriu significado especial, ao longo do tempo, pelo seu caráter de luta e de conquista: O Dia Internacional da Mulher. A data, celebrado a 8 de março, é um dia de grande importância na luta pela emancipação feminina, pois marca os feitos significativos alcançados pelas mulheres.
A idéia da existência de um dia internacional da mulher foi inicialmente proposta na virada do
século XIX para o século XX, durante o rápido processo de industrialização e expansão econômica que acarretou protestos e reivindicações sobre as condições de trabalho, à época da Revolução Industrial, quando as operárias eram submetidas à um sistema desumano de trabalho, com jornadas de 12 horas diárias, espancamentos e ameaças sexuais. As mulheres norte-americanas, empregadas em fábricas de vestuário e indústria têxtil, foram protagonistas de um desses protestos, em 8 de março de 1857, na cidade de Nova Iorque
, em que reclamavam sobre as más condições de trabalho e reduzidos salários.
Este fato levou à uma versão distorcida dos fatos, misturando este evento com o
incêndio em uma fábrica de tecidos , que também aconteceu em Nova Iorque
, em 25 de março de 1911, onde morreram 146 trabalhadoras. Este fato porém nunca aconteceu. Pela versão distorcida, em 8 de março, aconteceu a primeira greve norte-americana conduzida somente por mulheres. A polícia reprimiu violentamente a manifestação fazendo com que as operárias se refugiassem dentro de uma fábrica. Os proprietários, junto com os policiais, trancaram-nas no local e atearam fogo, quando muitas acabaram morrendo queimadas.
Vários protestos se seguiram nos anos seguintes ao episódio de 8 de março, destacando-se um outro em
1908, onde 15 mil mulheres marcharam sobre a cidade de Nova Iorque exigindo a redução de horário, melhores salários, e o direito ao voto. Assim, o primeiro Dia Internacional da Mulher observou-se a 28 de fevereiro de 1909, nos Estados Unidos da América, após uma declaração do Partido Socialista da América. Em 1910, a primeira conferência internacional sobre a mulher ocorreu em Copenhague, dirigida pela Internacional Socialista, e o Dia Internacional da Mulher foi proposto e estabelecido. No ano seguinte, esse dia foi celebrado por mais de um milhão de pessoas na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça, no dia 19 de março. No incêndio da fábrica de tecidos em Nova Iorque, que matou 146 trabalhadoras, o número elevado de mortes foi atribuído às más condições de segurança do prédio. Várias manifestações em prol da luta pelos direitos femininos e pela paz ocorreram também em toda a Europa, nas vésperas da I Guerra Mundial
.
Na
Rússia, a data serviu de estopim para a Revolução russa de 1917. Depois da Revolução de Outubro, a feminista bolchevique Alexandra Kollontai persuadiu Lenin para torná-lo num dia oficial que, durante o período soviético permaneceu numa celebração da "heróica mulher trabalhadora". No entanto, o feriado rapidamente perderia a sua vertente política e se tornaria numa ocasião em que os homens manifestavam a sua simpatia ou amor pelas mulheres da sua vida — um tanto semelhante a uma mistura dos feriados ocidentais Dia das Mães e Dia dos Namorados. O dia permanece como feriado oficial na Rússia, na Bielorrússia, Macedônia, Moldávia e Ucrânia
.
No Ocidente, o Dia Internacional da Mulher foi comemorado durante as décadas de
1910 e 1920, mas esmoreceu. Foi revitalizado pelo feminismo na década de 1960. Em 1975, designado como o Ano Internacional da Mulher, a Organização das Nações Unidas começou a patrocinar a data. (Wikipédia).




"Mulher da Vida, minha Irmã.
De todos os tempos.
De todos os povos.
De todas as latitudes.
Ela vem do fundo imemorial das idades e carrega a carga pesada dos mais torpes sinônimos, apelidos e apodos: Mulher da zona, Mulher da rua, Mulher perdida, Mulher à-toa. Mulher da Vida, minha irmã.
Pisadas, espezinhadas, ameaçadas.
Desprotegidas e exploradas.
Ignoradas da Lei, da Justiça e do Direito.
Necessárias fisiologicamente.
Indestrutíveis.
Sobreviventes.
Possuídas e infamadas sempre por aqueles que um dia as lançaram na vida.
Marcadas.
Contaminadas,
Escorchadas.
Discriminadas.
Nenhum direito lhes assiste.
Nenhum estatuto ou norma as protege.
Sobrevivem como erva cativa dos caminhos, pisadas, maltratadas e renascidas.
Flor sombria, sementeira espinhal gerada nos viveiros da miséria, da pobreza e do abandono, enraizada em todos os quadrantes da Terra.
Um dia, numa cidade longínqua, essa mulher corria perseguida pelos homens que a tinham maculado.
Aflita, ouvindo o tropel dos perseguidores e o sibilo das pedras, ela encontrou-se com a Justiça.
A Justiça estendeu sua destra poderosa e lançou o repto milenar:
“Aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra”.
As pedras caíram e os cobradores deram s costas.
O Justo falou então a palavra de eqüidade:
“Ninguém te condenou, mulher... nem eu te condeno”.
A Justiça pesou a falta pelo peso do sacrifício e este excedeu àquela.
Vilipendiada, esmagada.
Possuída e enxovalhada, ela é a muralha que há milênios detém as urgências brutais do homem para que na sociedade possam coexistir a inocência, a castidade e a virtude.
Na fragilidade de sua carne maculada esbarra a exigência impiedosa do macho.
Sem cobertura de leis e sem proteção legal, ela atravessa a vida ultrajada e imprescindível, pisoteada, explorada, nem a sociedade a dispensa nem lhe reconhece direitos nem lhe dá proteção.
E quem já alcançou o ideal dessa mulher, que um homem a tome pela mão, a levante, e diga: minha companheira.
Mulher da Vida, minha irmã.
No fim dos tempos.
No dia da Grande Justiça do Grande Juiz.
Serás remida e lavada de toda condenação.
E o juiz da Grande Justiça a vestirá de branco em novo batismo de purificação.
Limpará as máculas de sua vida humilhada e sacrificada para que a Família Humana possa subsistir sempre, estrutura sólida e indestrutível da sociedade, de todos os povos, de todos os tempos.
Mulher da Vida, minha irmã."

Declarou-lhe Jesus: “Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes vos precedem no
Reino de Deus”.
Evangelho de São Mateus 21, ver.31.

*Dedicado, por Cora Coralina, ao Ano Internacional da Mulher em 1975.

FIDEL CASTRO E A ILHA DE CUBA

O que já era esperado por muitos, confirmou-se há poucos dias: Fidel Castro renunciou à Presidência dos Conselhos de Estado e de Ministros e à Chefia das Forças Armadas em Cuba, o qual governava desde 1959, como Chefe de Governo, e desde 1976, como Chefe de Estado. Fidel Alejandro Castro Ruz, nascido em Birán, Holguín, em 13 de Agosto de 1926, já havia delegado, provisoriamente, em agosto de 2006, o poder na Ilha, por conta de uma doença intestinal grave, ao seu irmão, General Raúl Castro, 76 anos, Ministro da Defesa que, recentemente, foi eleito Presidente pelo Parlamento cubano. Para seus defensores, Castro representa o herói de uma revolução social e a garantia de repartição eqüitativa da riqueza no país, devido a sua política socialista. Para seus adversários, internos e externos, no entanto, Castro é um líder de regime ditatorial baseado numa política de partido único. Um líder bastante contestado e também admirado internacionalmente, principalmente pela sua ideológica e forte resistência às influências comerciais e sociológicas dos E.U.A.

Infância e estudos

Filho de Ángel Castro Argiz, imigrante da Galiza, e Lina Ruz González, Fidel Castro foi educado em colégios jesuítas. Atuou como acólito (ajudante do padre na missa). Em 1945 entrou na Universidade de Havana, na faculdade de Direito e no segundo ano editou o periódico mensal Saeta, no qual reproduzia além de outras coisas, conferências de classes para entregar gratuitamente a seus colegas de estudo. Depois de graduado em 1949, dedicou-se de modo especial à defesa dos opositores ao governo, trabalhadores e sindicatos, denunciando as corrupções e atos ilegais do governo de Carlos Prío através do diário Alerta e das emissoras Radio Álvarez e COCO e se vinculou estreitamente ao Partido do Povo Cubano (Ortodoxo) que era liderado por Eduardo Chibás, partido pelo qual seria candidato a Representante nas eleições de 1952. O golpe de estado em 10 de março de 1952 por Fulgêncio Batista, ao qual Fidel condenou no diário La Palabra o convenceu da necessidade de buscar novas formas de ação para transformar a sociedade cubana. Nos dias que seguiram o golpe, imprimiu e distribuiu clandestinamente sua denúncia. Se uniu a jovens que editavam o periódico clandestino, Son los Mismos, sugeriu a troca de seu nome pelo de El Acusador e foi co-editor deste novo órgão, onde assinou seus trabalhos apenas com seu segundo nome, Alejandro. Daquele grupo sairia o núcleo inicial de jovens que sob seu comando atacariam de assalto os quartéis de Moncada em Santiago de Cuba e de Céspedes, em Bayamo, em 26 de julho de 1953 e fundaria depois o Movimento Revolucionário 26 de Julho (M-26-7).

A história me absolverá

Fidel foi preso e no julgamento que se seguiu pelas ações, assumiu sua própria defesa e defendeu o direito dos povos de lutarem contra a tirania. Condenado a vinte e seis de prisão, começou a cumprir a pena na prisão de Boniato, em Santiago de Cuba, e depois foi transferido ao Presidio Modelo, em Isla de Pinos, onde reelaborou sua auto-defesa que levou o nome de "A história me absolverá" que teve sua primeira publicação e distribuição clandestinas em 1954 e foi reeditada inúmeras vezes em Cuba, como em muitos outros países e traduzido em diversos idiomas. Após ser anistiado, em maio de 1955, volta a escrever no diário La Calle e no semanário Bohemia e participa de eventos radioauditivos e televisivos, enquanto estruturava o movimento 26 de julho. Porém, ao começarem a censurar seus artigos e a cerrarem as vias e meios legais de expressão de suas idéias, decidiu rumar, dois meses depois de solto, ao seu exílio no México, onde trabalhou na preparação dos homens que o acompanhariam em seu intento de iniciar a luta insurrecional em Cuba, participou em atividades políticas, escreveu o Manifesto número um do Movimento 26 de Julho ao povo de Cuba que circulou clandestinamente na Ilha.

A Revolução

Em 1955, viajou aos E.U.A. em busca de apoio dos emigrados cubanos neste país e pronunciou discursos em Nova York e Miami. Ao fim de novembro de 1956, partiu do porto mexicano de Tuxpan, a bordo do Iate Granma, com varias dezenas de combatentes e em 2 de dezembro desembarcaram na praia Las Coloradas, próxima a Niquero (Oriente), e se abrigaram em Sierr Maestra onde permaneceu por mais de dois anos a frente do Exército Rebelde Cubano, do qual era Comandante em Chefe. Neste ínterim, desenhou e guiou a tática e a estratégia da luta contra Fulgêncio, financiada e apoiada pelos norte-americanos e pela unidade de ação das forças opositoras revolucionárias. Comandou diversos combates que culminaram em vitórias de suas tropas, orientou a criação de novas frentes guerrilheiras em Oriente e Las Villas, trabalhou na preparação de leis fundamentais que deveriam promulgar-se uma vez alcançada a vitória e divulgou suas idéias através de meios improvisados na própria Sierra Maestra como o periódico El Cubano Libre, a emissora Radio Rebelde e mediante entrevistas realizadas por jornalistas cubanos e estrangeiros.

Pós-revolução

Com a fuga de Batista em 1º de janeiro de 1959, convocou generais para consolidar a vitória da Revolução e marchou até Havana, onde entrou em 8 de janeiro. O Governo revolucionário instaurado o designou primeiramente Comandante em Chefe de todas as Forças Armadas, terrestres, aéreas e marítimas e depois, em meados de fevereiro, Primeiro Ministro. Castro visitou os E.U.A. após a vitória. A antiga URSS deu apoio econômico e militar à Ilha, comprando a maioria do açúcar cubano. A partir de então, Cuba passou a sofrer um embargo econômico por parte dos E.U.A. Castro então começou a impulsionar a criação de um novo aparato estatal, escreveu leis a favor dos setores carentes, como a lei de Reforma Agrária, assinada em Sierra Maestra, em 17 de maio. Também fundou o Instituto Nacional de Reforma Agrária e instituições culturais como a Imprensa Nacional de Cuba e o Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográfica, nacionalizou empresas estrangeiras, desenvolveu a indústria nacional e a diversificação agrícola e a Campanha de Alfabetização (pioneira no mundo), a nacionalização e gratuidade do ensino em todos os níveis, a eliminação da saúde pública privada e do desporto profissional, a melhoria das condições de vida dos setores mais populares, o estabelecimento de vínculos com nações de todo o mundo e todos os sistemas sociais de governo, a incorporação de Cuba ao Movimento de Países Não Alinhados, a definição de uma política exterior independente, e a declaração do caráter socialista da Revolução Cubana.

Canto a Fidel
Por: Ernesto "Che" Guevara

”Vamos, ardoso profeta da alvorada,
por caminhos longínquos e desconhecidos,
liberar o grande caimão verde* que você tanto ama...
Quando soar o primeiro tiro
e na virginal surpresa toda selva despertar,
lá, ao seu lado, seremos combatentes
você nos terá.
Quando sua voz proclamar para os quatro ventos
reforma agrária, justiça, pão e liberdade,
lá, ao seu lado, com sotaque idêntico,
você nos terá.
E quando o final da batalha
para a operação de limpeza contra o tirano chegar,
lá, ao seu lado, prontos para a última batalha,
você nos terá...
E se o nosso caminho for bloqueado pelo ferro,
pedimos uma mortalha de lágrimas cubanas
para cobrir nossos ossos guerrilheiros
no trânsito para a história da América.
Nada mais.”

* Caimão verde era o nome alegórico atribuído à ilha de Cuba.(poema escrito pouco tempo antes de embarcarem no iate Granma rumo a Cuba)

MESTRE PIXINGUINHA

“Músicos, musicólogos e amantes de nossa música podem
até discordar de uma coisa ou outra. Afinal, como diria a vizinha
gorda e patusca de Nélson Rodrigues, gosto não se discute.
Mas, se há um nome acima das preferências individuais, este é
Pixinguinha.”
Sérgio Cabral



Considerado um dos maiores gênios da música popular brasileira e mundial, Pixinguinha revolucionou a maneira de se fazer música no Brasil sob vários aspectos. Como compositor, arranjador e instrumentista, sua atuação foi decisiva nos rumos que a música brasileira tomou. O apelido "Pizindim" vem da infância, a avó africana o chamava, querendo dizer "menino bom". O pai era flautista amador, e foi pela flauta que Pixinguinha começou sua ligação mais séria com a música, depois de ter aprendido um pouco de cavaquinho. Logo começou a tocar em orquestras, choperias, peças musicais e a participar de gravações ao lado dos irmãos Henrique e Otávio (China), que tocavam violão. Rapidamente criou fama como flautista graças aos improvisos e floreados que fazia, causando grande impressão no público quando aliados a sua pouca idade. Começou a compor os primeiro choros, polcas e valsas ainda na década de 10, formando seu próprio conjunto, o Grupo do Pixinguinha, que mais tarde se tornou o prestigiado “Os Oito Batutas”, que fez uma célebre excursão pela Europa no início dos anos 20, com o propósito de divulgar a música brasileira. Os conjuntos liderados por Pixinguinha tiveram grande importância na história da indústria fonográfica brasileira. A “Orquestra Típica Pixinguinha-Donga”, que organizou em 1928 junto com o compositor e sambista Donga, participou de várias gravações para a Parlophon, numa época em que o sistema elétrico de gravação era uma grande novidade. Liderou também os “Diabos do Céu”, e outros.Nos anos 30 e 40 gravou como flautista e saxofonista (em dueto com o flautista Benedito Lacerda) diversas peças que se tornaram a base do repertório de choro, para solista e acompanhamento. Algumas delas são "Segura Ele", "Ainda Me Recordo", "Naquele Tempo", "Abraçando Jacaré", "Os Oito Batutas", "As Proezas do Nolasco", "Sofres Porque Queres", gravadas mais tarde por intérpretes de vários instrumentos. Em 1940, indicado por Villa-Lobos, foi o responsável pela seleção dos músicos populares que participaram da célebre gravação para o maestro Leopold Stokowski, que divulgou a música brasileira nos Estados Unidos. Como arranjador, atividade que começou a exercer na orquestra da gravadora Victor em 1929, incorporou elementos brasileiros a um meio bastante influenciado por técnicas estrangeiras, mudando a maneira de se fazer orquestração e arranjo. Trocou de instrumento definitivamente pelo saxofone em 1946, o que, segundo alguns biógrafos, aconteceu porque Pixinguinha teria perdido a embocadura para a flauta devido a problemas com bebida. Mesmo assim não parou de compor nem mesmo quando teve o primeiro enfarte, em 1964, que o obrigou a permanecer vinte dias no hospital. Daí surgiram músicas com títulos "de ocasião", como "Fala Baixinho" Mais Quinze Dias", "No Elevador", "Mais Três Dias", "Vou pra Casa". Quando Pixinguinha morreu, a 17 de fevereiro de 1973, aos 75 anos de idade, encerrou-se uma das mais belas épocas da música popular do Brasil. Algumas de suas músicas ganharam letra antes ou depois de sua morte, sendo a mais famosa "Carinhoso", composta em 1917, gravada pela primeira vez em 1928, de forma instrumental, e cuja letra João de Barro escreveu em 1937, para gravação de Orlando Silva. Outras que ganharam letras foram "Rosa" (Otávio de Souza), "Lamento" (Vinicius de Moraes) e "Isso É Que É Viver". Os apaixonados pela boa música lembraram, no último domingo, os 35 anos do falecimento de um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos. (H. B. C.).

Carinhoso
(Pixinguinha e João de Barro)

“Meu coração

Não sei porque
Bate feliz, quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim, foges de mim
Ah! Se tu soubesses
Como sou tão carinhoso
E muito e muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim
Vem, vem, vem, vem
Vem sentir o calor
Dos lábios meus
À procura dos teus
Vem matar esta paixão
Que me devora o coração
E só assim então
Serei feliz, bem feliz”

IMIGRAÇÃO JAPONESA NO BRASIL

O Japão vivia, desde o final do século XIX, uma crise demográfica. O fim do feudalismo deu espaço para a mecanização da agricultura. A pobreza passou a assolar o campo e as cidades ficaram saturadas. Emprego tornou-se cada vez mais raro no país, formando uma massa de trabalhadores rurais miseráveis. No Brasil, na época, faltava mão-de-obra na zona rural. Em 1902, o governo da Itália proibiu a imigração subsidiada de italianos para São Paulo. Naquela época, a Itália tinha a maior corrente imigratória para o Brasil.
As fazendas de café, principal produto exportador do Brasil na época, passaram a sentir a falta de trabalhadores com a diminuição drástica da chegada de italianos. O governo brasileiro, então, decidiu-se por atrair imigrantes do Japão. Além do mais, com a eclosão da
Primeira Guerr Mundial, os japoneses foram proibidos de imigrar para os Estados Unidos
.
O primeiro
navio a aportar no Brasil com os japoneses foi o Kasato Maru, em 18 de Junho de 1908, no Porto de Santos. Trazia 165 famílias, que vinham trabalhar nos cafezais paulistas. Nos primeiros sete anos, vieram mais 3.434 famílias. Com o fim da Grande Guerra, em 1918, o fluxo de imigrantes japoneses para o Brasil cresceu enormemente. O governo japonês passou a incentivar a vinda para o Brasil, por diversos motivos: o campo e cidades japonesas estavam superlotados, causando pobreza e desemprego. O governo também queria a expansão da etnia japonesa para outros lugares e também que a cultura japonesa fosse enraizada nas Américas
, a começar pelo Brasil.

As primeiras gerações

A primeira geração nascida no Brasil viveu de forma semelhante aos pais imigrantes. Ainda dominados pelo desejo de regresso ao Japão, os imigrantes educavam seus filhos dentro da cultura japonesa. As crianças eram educadas em escolas japonesas fundadas pela comunidade. A predominância do meio rural facilitou tal isolamento. A segunda geração viu, definitivamente, sepultada a esperança de retornar ao Japão. A eclosão da
Segunda Guerra Mundial
abalava a terra natal. Era mais seguro permanecer na América. Muitos imigrantes começam a chegar neste período, atraídos pelos parentes que já vivam no Brasil.
Quando o Brasil declarou guerra ao Japão, os japoneses foram perseguidos pelo governo brasileiro, e assim como aconteceu com as comunidades
alemã e italiana do Brasil, a língua japonesa foi proibida de ser falada no País. Escolas japonesas foram fechadas e manifestações culturais nipônicas proibidas. Em meio à situação, surgiu o Shindo Renmei, em japonês, liga do caminho dos súditos, uma organização extremista japonesa criada no Brasil, para impedir que as "notícias falsas da derrota" se espalhassem e para por fim aos "derrotistas", também apelidados "Corações Sujos". Com a terceira geração, os descendentes de japoneses passaram a se abrir definitivamente à sociedade brasileira. Ocorre, sobretudo na década de 1960, um grande êxod rural. Os japoneses saem do campo e vão para as cidades para concluir os estudos. Nas cidades, começaram a trabalhar em ramos ainda com raízes campestres. Pequenos armazéns foram abertos, onde vendiam produtos agrícolas, como frutas e legumes ou peixes. Os mais jovens se dedicaram aos estudos. O Bairro da Liberdade
, em São Paulo, é um exemplo da força da comunidade nipo-brasileira.

Miscigenação

Uma das características da sociedade brasileira é a
miscigenação mas, no caso dos nipo-brasileiros, essa miscigenação levou um tempo maior para acontecer. O casamento fora da colônia japonesa não era aceito pela maioria dos imigrantes, pois a maioria pretendia voltar para o Japão, e, casando-se com um não-japonês, teriam que permanecer no Brasil. Porém, o lado étnico-cultural foi o que mais dificultou, inicialmente, a miscigenação. Esse isolamento étnico acabou por se deteriorar a partir da década de 1970. Os imigrantes de primeira geração raramente se casavam com um não-japonês, porém, a partir das segunda e terceira gerações, o fenômeno da miscigenação passou a fazer parte da realidade do japonês no Brasil. Em contrapartida, hoje em dia vivem no Japão mais de 300 mil brasileiros, a maioria dos quais são dekasseguis (brasileiros de origem japonesa e seus cônjuges, que vão ao Japão para trabalhar, a grande maioria como operários na indústria). A comunidade brasileira no Japão é a terceira maior fora do Brasil e, por sua vez, é a terceira maior comunidade imigrante no Japão, atrás apenas dos coreanos e chineses
.
A escola de samba Unidos do Porto da Pedra, em seu enredo para 2008, resolveu homenagear os cem anos da imigração japonesa para o Brasil e levou para a Av. Marques de Sapucaí a saga desse povo obstinado que contribuiu de maneira significativa para o desenvolvimento da economia brasileira. (Wikipédia, a enciclopédia livre).

G.R.E.S.UNIDOS DO PORTO DA PEDRA
Compositores: David de Souza, Fábio Costa e Carlos Junior


Brasil!

Abra o leque ao Japão, são 100 anos de imigração
O show vai começar
De São Gonçalo o meu tigre se transforma em toráImperador da cultura milenar
No templo dourado a mãe natureza
Sopra o vento da paz, encontro marcado com a sutileza
Há luz, bambus, bonsaisGira baiana, oh! mãe do samba
Emana cerejeira em flor
Na grande viagem, fé na bagagem
A esperança navegou
O maru cruzou o mar

Lançado à sorte, o braço forte na lavoura trabalhou
A liberdade cultura viva
Terra querida é luz e cor
O sopro do gênio o fez samurai

Quem foi Manabu? das artes o pai
Quem dobra o papel com as mãos do céu
Faz do origami pedaço de paz
Vai um sushi saborear
Vi um gato no mangá, o gato é sorte
Vem coração oriental
Vem na era digital me dar suporte
Japão, o sol nascente brilha em cada um de nós
Em azakusa agora explode a minha voz
E a lágrima que cai é de emoção
A verdade que embala o meu coração

É a Porto da Pedra a minha paixão
Aplausos que o show vai terminar
Ô Ô Me perdoe se eu chorar.

A CHEGADA DA FAMÍLIA REAL NO BRASIL

No dia 22 de janeiro de 1808, chegava a Salvador a família real portuguesa, em fuga das tropas do exército francês, comandadas pelo Imperador Napoleão Bonaparte, que expandia seu domínio sobre a Península Ibérica. Politicamente, o evento significava a transferência do governo de Portugal e de suas colônias para o território brasileiro.
O Estado português estava, então, sob a regência do príncipe Dom João de Bragança, uma vez que a rainha Maria I, sua mãe, encontrava-se afastada do trono desde 1792, devido a problemas de saúde mental. O papel do príncipe regente - que seria coroado rei de Portugal, dom João VI, em 1816 - foi fundamental para a transformação da vida no Brasil da época, a partir do momento em que ocorreu o desembarque na Bahia.
Foram apenas trinta e quatro dias em Salvador. O breve tempo, porém, não impediu Dom João de tomar decisões fundamentais para destravar a economia brasileira e promover o crescimento da cidade que, até 1763, foi a primeira capital do Brasil.

Abertura dos portos

Menos de uma semana após chegar à Bahia, o príncipe regente provocou uma verdadeira revolução na economia brasileira, ao decretar a abertura dos portos do país às nações amigas de Portugal. Era o fim do monopólio comercial português com o Brasil.
A medida permitiu que navios mercantes estrangeiros atracassem livremente nos portos brasileiros. O país passou a se beneficiar do comércio direto com a Inglaterra. Terminava o Pacto Colonial que, entre outras imposições, obrigava que todos os produtos das colônias passassem, primeiro, pelas alfândegas de Portugal. A decisão tem caráter histórico também por ser a primeira Carta Régia promulgada em território brasileiro, a 28 de janeiro de 1808.

Medicina e indústria

Em Salvador, o príncipe regente também fundou a Escola de Cirurgia da Bahia, embrião para a criação da primeira faculdade de medicina do Brasil. Erguida ao lado do Colégio dos Jesuítas (atual Catedral Basílica de Salvador), no Terreiro de Jesus, a Escola de Cirurgia - mais tarde Faculdade de Medicina - funcionou por mais um século no mesmo local, até ser incorporada pela UFBa (Universidade Federal da Bahia). Dois séculos depois, a obra deixada por Dom João não perdeu o seu charme - suas salas centenárias abrigam grande parte do acervo da história da medicina do Brasil.
Antes de seguir para o Rio de Janeiro - o que aconteceu no dia 24 de fevereiro de 1808 - Dom João ainda autorizou a criação de indústrias de vidro, pólvora, tabaco e colheita de algodão. Naquele começo de século XIX, o setor industrial brasileiro não passava de uma miragem por três motivos básicos: a mentalidade escravocrata dos "empresários", a falta de capital para investimento na expansão dos negócios e a concorrência inglesa.
Dom João tomaria outras decisões muito importantes para o desenvolvimento do Brasil ao chegar ao Rio de Janeiro, para onde transferiu a sede do governo português. Na verdade, a presença da corte portuguesa no país acelerou o processo que resultou em nossa Independência, proclamada pelo herdeiro de Dom João, Dom Pedro. Isso, porém, já é o começo de uma outra história.
Várias homenagens estão sendo prestadas neste início de 2008 para marcar este acontecimento significativo na História do Brasil, com destaque para o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, quando três enredos abordam, lançando olhares diferentes, a chegada da Família Real em terras brasileiras. (Manuela Martinez)

G.R.E.S. MOCIDADE INDEPENDENTE DE PADRE MIGUEL
O Quinto Império: De Portugal ao Brasil, Uma Utopia Na História.
Autores do Samba-enredo: Marquinho Marino, Gustavo Henrique e Igor Leal


Portugal...
Bendito seja!Abençoado pelo criador
Uma utopia, um destino, um sonho
Místico, de grandes realezas
Sonhar... Com glórias um rei desejar
E o sol volta a brilhar
Com a esperança no olhar
Mas desapareceu, como um grão de areia no deserto
E “encantado renasceu” em cada ser, em cada coração
Para afastar a cobiça, na busca do ideal:
O quinto império universal
Deixa o meu samba te levar
E a minha estrela te guiar
À praia dos Lençóis, nas crenças do Maranhão
Tem um castelo, que é do Rei Sebastião
No Rio de Janeiro aportaram caravelas
Trazendo a família real
Progresso em cores combinadas
Debret retratava a transformação
Nas terras tropicais do meu Brasil
A herança...
A dor, o mito “ressurgiu”
Eis o guerreiro sebastiano“o mais ufano dos lusitanos
”Em verde-e-branco
Que traz no peito uma estrela a brilhar
De norte a sul desta nação
Faz a manifestação popular Minha Mocidade... Guerreira
Traz a igualdade, justiça e paz
Hoje o Quinto Império é brasileiro (Amor)
Canta Mocidade... canta!

G.R.E.S. IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE
João e Marias.
Autores do Samba-enredo: Josimar, Di Andrade, Valtencir, Carlos Kind e Jorge Arthur

Maria uma princesa

Também sonhava
Um dia um príncipe encontrar
E ouviu do Rei da França
Em meio ao luxo e a bonança
Maria Antonieta tu serás
Em portugal, outra rainha,
Dona Maria
A Louca não podia governar
Delirava temendo a revolução
E entrega o reino a João
Regente assim se fez, e o imperador francês
Ordena a invasão
Ou ficam todos
Ou todos se vão
Embarcar nessa aventura
E au revoir Napoleão
Cruzaram mares
Chegaram ao Brasil
São novos ares, progressos e a transformação
Vieram as Marias, toda fidalguia, Dom João
O tempo passou, irão se casar
Duas Marias da mesma raiz
Luisa com Napoleão
E Leopoldina será nossa imperatriz
Será também nome de trem
Que passa em Ramos a nossa estação
Onde imperam Marias e Joãos
Vem brincar nesse trem amor
Que vai passar na estação do coração
Vai brilhar no céu Imperatriz
As onze estrelas do teu pavilhão.

CARNAVAL II


O Carnaval é um período de festas regidas pelo ano lunar que tem suas origens na Antiguidade e recuperadas pelo Cristianismo, que começava no dia de Reis (Epifania) e acabava na Quarta-feira de cinzas, às vésperas da Quaresma. O período do Carnaval era marcado pelo "adeus à carne" ou "carne nada vale" dando origem ao termo "Carnaval". Durante o período do Carnaval havia uma grande concentração de festejos populares. Cada cidade brincava a seu modo, de acordo com seus costumes. O Carnaval moderno, feito de desfiles e fantasias, é produto da sociedade vitoriana do século XIX. As cidades de Paris e Veneza foram os grandes modelos exportadores da festa carnavalesca para o mundo. Cidades como Nice, Nova Orleans, Toronto e Rio de Janeiro se inspirariam no Carnaval francês para implantar suas novas festas carnavalescas.
Atualmente o Carnaval do Rio de Janeiro, Brasil é considerado um dos mais importantes desfiles do mundo. Em Portugal, existe uma grande tradição carnavalesca, nomeadamente os Carnavais de Ovar, Podence, Loulé, Sesimbra, Rio Maior, Torres Vedras e Sines, destacando-se o de Torres Vedras, Carnaval de Torres, por possuir o Carnaval mais antigo e dito o mais português de Portugal, que se mantém popular e fiel à tradição rejeitando o samba e outros estrangeirismos... Juntamente com o Carnaval de Canas de Senhorim com perto de 400 anos e tradições únicas como os Pizões, as Paneladas, Queima do Entrudo, Despique entre outras.

História e etimologia

Para alguns pesquisadores o Carnaval tem raízes históricas que remontam aos bacanais e a festejos similares em Roma; alguns historiadores mais ousados chegam mesmo a relacionar o Carnaval a celebrações em homenagem à deusa Ísis ou ao deus Osíris, no Antigo Egito. Uma outra corrente acredita que a festa iniciou-se com a adoção do calendário cristão.
A festa carnaval teve seus primeiros relatos em Roma XI. Em Roma havia uma festa, a Saturnália, em que um carro no formato de navio abria caminho em meio à multidão, que usava máscaras e promovia as mais diversas brincadeiras. Essa festa foi incorporada pela Igreja Católica, e segundo alguns a origem da palavra Carnaval é carrum navalis (carro naval). Essa etimologia, entretanto, já foi contestada. Atualmente a mais aceita é a que liga a palavra "Carnaval" à expressão carne levare, ou seja, afastar a carne, uma espécie de último momento de alegria e festejos profanos antes do período triste da quaresma.
Em 1091 a data da Quaresma foi definitivamente estabelecida pela Igreja Católica; como conseqüência indireta disso, o período de Carnaval se estabeleceu na sociedade ocidental, sofrendo, entretanto, certa oposição da Igreja, na Europa. Embora alguns papas tenham permitido o festejo, outros o combateram vivamente, como o Papa Inocêncio II.
À seqüência do Renascimento o Carnaval adotou o baile de máscaras, e também as fantasias e carros alegóricos. Ao caráter de festa popular e desorganizada juntaram-se outros tipos de comemoração e progressivamente a festa foi tomando o formato atual, que se preserva especialmente em regiões da França (ver Mardi Gras), Itália e Espanha. (Enciclopédia Livre)

ALLAH-LÁ-Ô
(Haroldo Lobo-Nássara, 1940)

Allah-lá-ô, ô ô ô ô ô ô

Mas que calor, ô ô ô ô ô ô
Atravessamos o deserto do Saara
O sol estava quente
Queimou a nossa cara

Viemos do Egito
E muitas vezes
Nós tivemos que rezar
Allah! allah! allah, meu bom allah!
Mande água pra ioiô
Mande água pra iaiá
Allah! meu bom allah

AURORA
(Mário Lago-Roberto Roberti, 1940)

Se você fosse sincera
Ô ô ô ô Aurora
Veja só que bom que era
Ô ô ô ô Aurora

Um lindo apartamento
Com porteiro e elevador
E ar refrigerado
Para os dias de calor
Madame antes do nome
Você teria agora
Ô ô ô ô Aurora

BANDEIRA BRANCA
(Max Nunes-Laércio Alves, 1969)

Bandeira branca amor
Não posso mais
Pela saudade que me invade
Eu peço paz

Saudade mal de amor de amor
saudade dor que dói demais
Vem meu amor
Bandeira branca eu peço paz.

CARNAVAL


A origem do carnaval é um assunto controverso. Alguns historiadores associam o começo das festas carnavalescas aos cultos feitos pelos antigos para louvar boas colheitas agrárias, dez mil anos antes de Cristo. Já outros dizem que seu início teria acontecido mais tarde, no Egito, em homenagem à deusa Ísis e ao Touro Apis, com danças, festas e pessoas mascaradas. Há quem atribua o início do carnaval aos gregos que festejavam a celebração da volta da primavera e aos cultos ao Deus Dionísio. E outros ainda falam da Roma Antiga com seus bacanais, saturnais e lupercais em honra aos deuses Baco, Saturno e Pã.
Hiram Araújo, em seu livro Carnaval, relata que a origem das festas carnavalescas não tem como ser precisamente estabelecida, mas que deve estar relacionada aos cultos agrários, às festas egípcias e, mais tarde ao culto a Dionísio, ritual que acontecia na Grécia, entre os anos 605 e 527 a.C.Uma coisa, porém é comum a todos: o carnaval tem sua história, como todas as grandes festas, ligada a fenômenos astronômicos ou da natureza. O carnaval se caracteriza por festas, divertimentos públicos, bailes de máscaras e manifestações folclóricas.
A palavra carnaval também apresenta diversas versões e não há unanimidade entre os estudiosos. Há quem defenda que o termo carnaval deriva de carne vale (adeus carne!) ou de carne levamen (supressão da carne). Esta interpretação da origem etimológica da palavra remete-nos ao início do período da Quaresma que era, em sua origem, não apenas um período de reflexão espiritual como também uma época de privação de certos alimentos, dentre eles, a carne.
Outra interpretação para a etimologia da palavra é a de que esta derive de currus navalis, expressão anterior ao Cristianismo e que significa carro naval. Esta interpretação baseia-se nas diversões próprias do começo da primavera, com cortejos marítimos ou carros alegóricos em forma de barco, tanto na Grécia como em Roma.
No Brasil, o carnaval era chamado de Entrudo por influência dos portugueses que trouxeram, em 1723, brincadeiras e festejos carnavalescos. Muitos atribuem o início do nosso carnaval à celebração feita pelo povo para comemorar a chegada da Família Real. As pessoas saíram comemorando pelas ruas com música, usando máscaras e fantasias.
Podemos apresentar como fatos marcantes dentro da história do carnaval brasileiro os seguintes:
Os carros alegóricos chegam em 1786, por ocasião do casamento de Dom João com Carlota Joaquina.
Por volta de 1846, houve um acontecimento que revolucionou o carnaval carioca : o aparecimento do Zé Pereira (tocador de bumbo). O Zé Pereira deixou como sucessores a cuíca, o tamborim, o reco-reco, o pandeiro e a frigideira, instrumentos que acompanhavam os blocos de 'sujos' e que hoje animam as nossas escolas de samba.
Até o aparecimento das primeiras escolas de samba, os cortejos carnavalescos das chamadas "sociedades" (clubes ou agremiações que, com suas alegorias e sátiras ao governo) predominavam no carnaval carioca. O primeiro clube a desfilar, em 1855, chamava-se Congresso das Sumidades Carnavalescas.
Desde 1870, o cruzamento de influências rítmicas como lundu, polca, maxixe e tango gera um tipo de música com características do samba. Nos fins do Século XIX, as festas de dança de negros escravos eram chamadas samba. Ao ritmo do samba, o país inteiro começa a dançar em clubes e surgem os primeiros cordões de folia.
Ainda nesse século temos dentre alguns fatos marcantes de nosso carnaval o Baile de Máscaras do Hotel Itália (Largo do Rocio, RJ) em 1840, realizado por iniciativa dos proprietários do hotel, italianos empolgados com o sucesso dos grandes bailes de máscaras da Europa.
Em 1873, há o desfile do primeiro rancho, o Dois de Ouros, liderado pelo baiano Hilário Jovino Ferreira.
Em 1899, o aparecimento da música feita para o carnaval, o Abre-Alas de Chiquinha Gonzaga marca a popularização do carnaval brasileiro e dá início às composições chamadas marchinhas carnavalescas.
Em 1902, os cordões carnavalescos já chegam a mais de 200. Encontramos também no início do século XX: os mascarados, o lança-perfume, as batalhas de confete e os bailes infantis que dão início às famosas matinês.
O surgimento do samba foi um poderoso fator de democratização do Rio de Janeiro. De início a elite reage à "manifestação africana". O primeiro samba gravado, tido e reconhecido pela maioria dos pesquisadores de música popular é o Pelo Telefone, de Ernesto dos Santos (Donga) e Mauro de Almeida. A primeira gravação do samba inaugural foi feita para a Casa Edison do Rio de Janeiro pelo cantor Bahiano, acompanhado pela Banda da Casa Edison e obteve notoriedade pública no carnaval de 1917.
Em 1928, foi criada a primeira escola de samba, Deixa Falar, e, logo depois, a Mangueira. E, em 1929, começaram os desfiles, que eram realizados na Praça Onze. A primeira disputa entre escolas de samba aconteceu em 1932 e foi organizada pelo jornalista Mário Filho.
Em 1942, os desfiles passam para a Avenida Presidente Vargas. Em 1963, as escolas já se tornam o grande centro das atenções do carnaval brasileiro e, em 1974, o desfile carioca passa a ser na Avenida Rio Branco até 1984, quando foi inaugurado o Sambódromo.
Atualmente, o carnaval é festejado no sábado, domingo, segunda e terça-feira anteriores aos quarentas dias que vão da quarta-feira de cinzas ao domingo de Páscoa. Na Bahia é comemorado também na quinta-feira da terceira semana da Quaresma, mudando de nome para Micareta. Esta festa deu origem a várias outras em estados do Nordeste, o chamado "carnaval fora de época" como o Fortal, em Fortaleza; o Carnatal em Natal; a Micaroa em João Pessoa; o Recifolia, em Recife; o Micaru, em Caruaru e outros mais.
Hoje o carnaval transformou-se em forte atração turística. Podemos dizer que o carnaval é, hoje, a maior festa folclórica brasileira. (Lilian Russo)


Ó Abre Alas
Composição: Chiquinha Gonzaga

Ó abre alas
Que eu quero passar
Ó abre alas
Que eu quero passar

Eu sou da Lira
Não posso negar
Eu sou da Lira
Não posso negar

Ó abre alas
Que eu quero passar
Ó abre alas
Que eu quero passar

Rosa de Ouro
É que vai ganhar
Rosa de Ouro

É que vai ganhar.