PROJETO RAPADURA CULTURAL
CENTENÁRIO DE PATATIVA DO ASSARÉ - I
As penas plúmbeas, as asas de cauda pretas da patativa, pássaro de canto enternecedor que habita as caatingas e matas do Nordeste brasileiro, batizaram poeta Antônio Gonçalves da Silva, conhecido em todo o Brasil como Patativa do Assaré, referência ao município em que nasceu. Analfabeto “sem saber as letras onde mora”, como diz num de seus poemas, sua projeção em todo o Brasil se iniciou na década de 50, a partir da regravação de “Triste Partida”, toada de retirante gravada por Luiz Gonzaga.
Filho do agricultor Pedro Gonçalves da Silva e de Maria Pereira da Silva, Patativa do Assaré veio ao mundo no dia 9 de março de 1909. Criado num ambiente de roça, na Serra de Santana, próximo a Assaré, seu pai morrera quando tinha apenas oito anos legando aos seus filhos Antônio, José, Pedro, Joaquim, e Maria o ofício da enxada, “arrastar cobra pros pés”, como se diz no sertão.
A sua vocação de poeta, cantador da existência e cronista das mazelas do mundo despertou cedo, aos cinco anos já exercitava seu versejar. A mesma infância que lhe testemunhou os primeiros versos presenciaria a perda da visão direita, em decorrência de uma doença, segundo ele, chamada “mal d´olhos”.
Sua verve poética serviu vassala a denunciar injustiças sociais, propagando sempre a consciência e a perseverança do povo nordestino que sobrevive e dá sinais de bravura ao resistir a condições climáticas e políticas desfavoráveis. A esse fato se refere a estrofe da música Cabra da Peste:
“Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrê
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome, pergunto: que há?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará.”
Embora tivesse facilidade para fazer versos desde menino, o Patativa do município de Assaré, no Vale do Cariri, nunca quis ganhar a vida em cima do seu dom de poeta. Mesmo tendo feito shows pelo Sul do país, quando foi mostrado ao grande público por Fagner em finais da década de 70, considerava-se o mesmo camponês humilde e morava no mesmo torrão natal onde nasceu, no seu pedaço de terra na Serra de Santana...
Patativa grava seu canto em disco
A estréia do vate cearense em vinil se deu no ano de 1979, quando gravou o LP “Poemas e Canções”, lançado pela CBS. As gravações foram realizadas em recital no Teatro José de Alencar, em Fortaleza. Cantando para seu povo brincou poeticamente com o fato de estar sendo gravado em disco de abertura A dor Gravada:
“Gravador que está gravando
Aqui no nosso ambiente
Tu gravas a minha voz,
O meu verso e o meu repente
Mas gravador tu não gravas
A dor que meu peito sente”.
O recital fez parte de uma revisão cultural que a nova classe intelectual ligada à música e ao cinema faz sobre a obra dos grandes poetas populares cearenses como Cego Oliveira, Ascenso Ferreira e o próprio Patativa. Artistas como Fagner, o cineasta Rosemberg Cariri e outros, se encarregaram de produzir em vídeo e película documentários com finalidade de registrar um pouco da cultura em molde mais genuíno.
Do mesmo disco é a destemida Senhor Doutor, que em pleno governo do General Ernesto Geisel falava em baixos salários numa posição de afronta em relação à situação da elite, representada pela figura do doutor. Assim vocifera o bardo do Assaré, com seu ressonante gogó:
“Sinhô Doto não se enfade
Vá guardando essa verdade
E pode crê, sou aquele operário
Que ganha um pobre salário
Que não dá pra comer.”
Após a gravação do primeiro LP o recitador, fez uma série de shows com seu discípulo Fagner. Em 81 a apresentação da dupla no Festival de Verão do Guarujá ganha repercurssão na imprensa. Nesta mesma ocasião gravou seu segundo LP “A Terra é Naturá”, também pela CBS. Patativa sempre cantou as saudades da sua terra, embora não tenha deixado o seu Cariri no último pau-de-arara, como diz a letra. Seu lamento arrastado e monocórdico acalanta os que se retiraram e serve de ombro aos que ficam.
A “Toada-aboio”, “Vaca Estrela e Boi Fubá” que narra a saudade da terra natal e do gado foi o sucesso do disco em versão gravada por Fagner no LP “Raimundo Fagner”, de 1980.
“Eu sou filho do Nordeste, não nego o meu naturá
Mas uma seca medonha me tangeu de lá pra cá
Lá eu tinha o meu gadinho, num é bom nem imaginar
Minha linda Vaca Estrela e o meu belo Boi Fubá.
Quando era de tardezinha eu começava a aboiar”.
Outro ponto alto do disco “A terra é Naturá” que foi lançado em CD pela 97 é a poesia Antônio Conselheiro que narra a saga do messiânico desde os dias iniciais em Quixeramobim, no Ceará até o combate final no Arraial de Belo Monte, na Fazenda Canudos, em 1897. Patativa, como muitos dos cantadores, registram na memória as histórias que bóiam no leito da tradição oral, contadas aqui e ali, reproduzidas pelos violeiros e pelos cordéis.
Em 9 de março de 1994 o poeta completou 85 verões e foi homenageado com o LP “Patativa do Assaré – 85 Anos de Poesia”, com participação das duplas de repentistas Ivanildo Vila Nova e Geraldo Amâncio e Otacílio Batista e Oliveira de Panelas. Como narrador do progresso nos meios de comunicação expôs em Presente Disagradável suas convicções autênticos, sobre o aparelho de televisão:
“Toda vez que eu ligo ele
No chafurdo das novela
Vejo logo os papo é feio
Vejo o maior tumaré
Com a briga das mulhé
Querendo os marido alheio
Do que adianta ter fama?
Ter curso de Faculdade?
Mode apresentar programa
Com tanta imoralidade!”
Quase sem audição e cego desde o final dos anos 90, o grande e modesto poeta brasileiro, com apenas um metro e meio de altura, morreu em sua casa, em Assaré, interior do Ceará, a 623 quilômetros da capital estadual Fortaleza, aos 93 anos, após falência múltiplas dos órgãos em conseqüência de uma pneumonia dupla, além de uma infecção na vesícula e de problemas renais, foi enterrado no cemitério São João Batista, na sua cidade natal.
Dedico esta coluna ao poeta e apologista Paulo Macêdo (companheiro do Projeto Rapadura Cultural) que foi um grande amigo pessoal, além de profundo conhecedor do legado de Patativa do Assaré.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
A historiografia da música popular brasileira considera a gravação da canção “Pelo telefone”, de autoria de Ernesto dos Santos, o Donga (1889 / 1974 – Rio de Janeiro), realizada em janeiro de 1917, o primeiro registro fonográfico de um samba. O lançamento do disco, de acordo com o pesquisador Flávio Silva, teria ocorrido por volta de 20 de janeiro daquele ano e fez sucesso no carnaval no mês seguinte, consagrando esse evento como um marco de nossa história cultural. Porém, a existência dos registros fonográficos no país é anterior e mais diversificada que esse único evento. Já em 1898, o empresário Frederico Figner, proprietário da Casa Edison, após período de atividade exclusiva de importação e comercialização de fonógrafos e cilindros, começou a gravar e comercializar no Brasil seus próprios cilindros de cera. Contendo sons, discursos e, sobretudo músicas populares, esses cilindros, tocados publicamente em fonógrafos, tinham uma aura de magia e criavam extraordinária curiosidade na população. Embora o aspecto mágico tenha gradativamente se perdido, o aparecimento no início do século xx de registros sonoros em suporte na forma de disco, simplificou, consolidou e ampliou esse grande interesse e mercado. Foi nesse contexto que se gravou o lundu de Xisto Bahia “Isto é bom”, também interpretado por Baiano, considerado o primeiro registro fonográfico gravado em disco no Brasil. A gravação da matriz original ocorreu em janeiro de 1902, no Rio de Janeiro, sob responsabilidade da Casa Edison.
Apesar dessa trajetória, há uma série de fatores apresentados pela historiografia para justificar a seleção de “Pelo telefone” como um marco da moderna música popular urbana. O primeiro deles está relacionado com a intenção propositada do autor de registrá-la como um samba e a subsequente indicação do gênero no selo do disco como “samba carnavalesco”, fato raro no início do século xx, já que o samba urbano ainda não era um gênero muito bem definido e pouco atraente do ponto de vista comercial.
Além disso, a atitude de Donga, ao registrar a partitura da canção na Biblioteca Nacional, ultrapassava os tradicionais limites da criação coletiva e anônima da música popular da época. Ela já revelava uma postura de “compositor moderno”, que identifica a autoria individual para assegurar seus direitos sobre a composição e obter prestígio pessoal e retorno financeiro. A partitura manuscrita para piano de “Pelo Telefone” foi registrada na Biblioteca Nacional em 27 de novembro de 1916, e a primeira editada para divulgação comercial surgiu em 16 de dezembro de 1916. Em janeiro de 1917, foram realizadas três gravações pela Casa Edison, baseadas nestes registros públicos. A primeira e a terceira foram apenas instrumentais, realizadas, respectivamente, pela Banda Odeon e a Banda do Primeiro Batalhão da Polícia da Bahia. A segunda gravação, interpretada por Baiano e acompanhada somente de cavaquinho e violão, diferentemente das outras duas,atingiu grande repercussão no carnaval daquele ano. Esse seria outro elemento importante que críticos e historiadores da música popular destacam: o sucesso de público que a canção obteve, transformou-a em uma atraente mercadoria comercial.
Desse modo, na canção “Pelo telefone” estariam decantados os elementos da moderna música popular que somente apareceriam de modo evidente na virada dos anos 1920/1930: o gênero samba urbano composto por autor conhecido, gravado em fonogramas, com objetivo comercial e que obtém divulgação “de massa”. Portanto, essa canção teria dado início a uma nova fase da produção musical no país e, por isso, tornou-se uma referência histórica.
PELO TELEFONE
Autoria: Donga (Ernesto Joaquim Maria dos Santos) / Mauro de Almeida
O chefe da folia pelo telefone manda me avisar
que com alegria não se questione para se brincar
O chefe da folia pelo telefone manda me avisar
que com alegria não se questione para se brincar
Ai, ai,ai, deixa as mágoas para traz, o rapaz
Ai, ai,ai, fica triste se és capaz e verás
Ai, ai,ai, deixa as mágoas para traz, o rapaz
Ai, ai,ai, fica triste se és capaz e verás
Tomara que tu apanhes
Não tornes a fazer isso,
Tirar amores dos outros
Depois fazer seu feitiço (Bís)
Olha a rolinha, sinhô, sinhô
Se embaraçou sinhô, sinhô
Caiu no laço sinhô, sinhô
do nosso amor sinhô, sinhô
Porque este samba sinhô, sinhô
É de arrepiar sinhô, sinhô
Põe perna bamba sinhô, sinhô
Mas faz gozar
O chefe da polícia pelo telefone, manda me avisar
Que na carioca tem uma roleta , para se jogar
O chefe da polícia pelo telefone, manda me avisar
Que na carioca tem uma roleta , para se jogar...
A historiografia da música popular brasileira considera a gravação da canção “Pelo telefone”, de autoria de Ernesto dos Santos, o Donga (1889 / 1974 – Rio de Janeiro), realizada em janeiro de 1917, o primeiro registro fonográfico de um samba. O lançamento do disco, de acordo com o pesquisador Flávio Silva, teria ocorrido por volta de 20 de janeiro daquele ano e fez sucesso no carnaval no mês seguinte, consagrando esse evento como um marco de nossa história cultural. Porém, a existência dos registros fonográficos no país é anterior e mais diversificada que esse único evento. Já em 1898, o empresário Frederico Figner, proprietário da Casa Edison, após período de atividade exclusiva de importação e comercialização de fonógrafos e cilindros, começou a gravar e comercializar no Brasil seus próprios cilindros de cera. Contendo sons, discursos e, sobretudo músicas populares, esses cilindros, tocados publicamente em fonógrafos, tinham uma aura de magia e criavam extraordinária curiosidade na população. Embora o aspecto mágico tenha gradativamente se perdido, o aparecimento no início do século xx de registros sonoros em suporte na forma de disco, simplificou, consolidou e ampliou esse grande interesse e mercado. Foi nesse contexto que se gravou o lundu de Xisto Bahia “Isto é bom”, também interpretado por Baiano, considerado o primeiro registro fonográfico gravado em disco no Brasil. A gravação da matriz original ocorreu em janeiro de 1902, no Rio de Janeiro, sob responsabilidade da Casa Edison.
Apesar dessa trajetória, há uma série de fatores apresentados pela historiografia para justificar a seleção de “Pelo telefone” como um marco da moderna música popular urbana. O primeiro deles está relacionado com a intenção propositada do autor de registrá-la como um samba e a subsequente indicação do gênero no selo do disco como “samba carnavalesco”, fato raro no início do século xx, já que o samba urbano ainda não era um gênero muito bem definido e pouco atraente do ponto de vista comercial.
Além disso, a atitude de Donga, ao registrar a partitura da canção na Biblioteca Nacional, ultrapassava os tradicionais limites da criação coletiva e anônima da música popular da época. Ela já revelava uma postura de “compositor moderno”, que identifica a autoria individual para assegurar seus direitos sobre a composição e obter prestígio pessoal e retorno financeiro. A partitura manuscrita para piano de “Pelo Telefone” foi registrada na Biblioteca Nacional em 27 de novembro de 1916, e a primeira editada para divulgação comercial surgiu em 16 de dezembro de 1916. Em janeiro de 1917, foram realizadas três gravações pela Casa Edison, baseadas nestes registros públicos. A primeira e a terceira foram apenas instrumentais, realizadas, respectivamente, pela Banda Odeon e a Banda do Primeiro Batalhão da Polícia da Bahia. A segunda gravação, interpretada por Baiano e acompanhada somente de cavaquinho e violão, diferentemente das outras duas,atingiu grande repercussão no carnaval daquele ano. Esse seria outro elemento importante que críticos e historiadores da música popular destacam: o sucesso de público que a canção obteve, transformou-a em uma atraente mercadoria comercial.
Desse modo, na canção “Pelo telefone” estariam decantados os elementos da moderna música popular que somente apareceriam de modo evidente na virada dos anos 1920/1930: o gênero samba urbano composto por autor conhecido, gravado em fonogramas, com objetivo comercial e que obtém divulgação “de massa”. Portanto, essa canção teria dado início a uma nova fase da produção musical no país e, por isso, tornou-se uma referência histórica.
PELO TELEFONE
Autoria: Donga (Ernesto Joaquim Maria dos Santos) / Mauro de Almeida
O chefe da folia pelo telefone manda me avisar
que com alegria não se questione para se brincar
O chefe da folia pelo telefone manda me avisar
que com alegria não se questione para se brincar
Ai, ai,ai, deixa as mágoas para traz, o rapaz
Ai, ai,ai, fica triste se és capaz e verás
Ai, ai,ai, deixa as mágoas para traz, o rapaz
Ai, ai,ai, fica triste se és capaz e verás
Tomara que tu apanhes
Não tornes a fazer isso,
Tirar amores dos outros
Depois fazer seu feitiço (Bís)
Olha a rolinha, sinhô, sinhô
Se embaraçou sinhô, sinhô
Caiu no laço sinhô, sinhô
do nosso amor sinhô, sinhô
Porque este samba sinhô, sinhô
É de arrepiar sinhô, sinhô
Põe perna bamba sinhô, sinhô
Mas faz gozar
O chefe da polícia pelo telefone, manda me avisar
Que na carioca tem uma roleta , para se jogar
O chefe da polícia pelo telefone, manda me avisar
Que na carioca tem uma roleta , para se jogar...
CENTENÁRIO DO HINO NACIONAL
CENTENÁRIO DA LETRA DO HINO NACIONAL BRASILEIRO
Ele foi tocado pela primeira vez em 1831 e só em 1909 ganhou a letra de Joaquim Osório Duque Estrada.
Em 300 anos de história, o Brasil, a rigor, não teve hino algum que fosse seu.
A história do Hino Nacional Brasileiro é pouco divulgada e geralmente se limita a uma breve referência aos autores da letra e da música. No entanto, ela é riquíssima e reflete os momentos mais importantes de nossa História.
O hino Brasileiro nasceu ao calor das agitações populares, num dos momentos mais dramáticos de nossa História, quando a independência do Brasil vacilava em razão dos desmandos autoritários do mesmo soberano que a proclamara. Para comemorar a abdicação de D. Pedro I, forçada pelo clamor dos patriotas, Manuel da Silva (discípulo de José Maurício e, por algum tempo, de Segismundo Newkomn) refez o hino, que criara em 1822, para saudar nossa emancipação política e que se transformou num grito de rebeldia da Pátria livre contra a tutela portuguesa.
Por mais incrível que pareça, durante quase um século, o Hino Nacional Brasileiro foi executado sem ter, oficialmente, uma letra. As muitas tentativas de acrescentar um texto à música não vingaram.
Até que em 1906 o escritor Coelho Neto subiu a tribuna da Câmara dos Deputados e propôs que se fizesse, para ele, “um poema condigno” Em 1908, o Ministro da Justiça, Dr. Augusto Tavares de Lira, nomeou uma comissão para rever esse Hino, integrada por Alberto Nepomuceno, então Diretor do Instituto Nacional de Música, e dos maestros, Francisco Braga e Frederico Nascimento Sugerida a abertura de um concurso para a escolha da melhor letra, e autorizado o governo a criar um prêmio de Dois Contos de Réis, vários poemas concorreram, destacando-se o de Joaquim Osório Duque Estrada.
Data de outubro de 1909 o seu “ Projeto de Letra Para o Hino Nacional Brasileiro “, cujos versos iniciais eram os seguintes: “ Ouviram do Ipiranga às margens plácidas / Da Independência o brado retumbante / E o sol da liberdade, em raios fúlgidos / Brilhou no céu da pátria nesse instante“.
Em 1916, o poeta introduziu modificações no poema. A 21 de agosto de 1922, o Decreto nº 4.559 autorizou o Poder Executivo a adquirir a propriedade dos versos, e a seis de setembro do mesmo ano – isto é, na véspera do dia em que se comemorou o Centenário da Independência, o Decreto nº 15.671, declarava oficial essa letra. O Deputado Lourenço Baeta Neves, a 23 de junho de 1936, apresentou um projeto de lei que tornava obrigatório o canto do Hino Nacional nas escolas primárias e nos estabelecimentos de ensino normal, em todo o país.
A promulgação do Decreto nº 259, de 1º de outubro de 1936, pelo Presidente, Getulio Dorneles Vargas, além da obrigatoriedade “nos estabelecimentos de ensino mantidos ou não pelos poderes públicos“, consagrou a orquestração de Leopoldo Miguez; a instrumentação para bandas, do 2º Tenente Antonio Pinto Junior do Corpo de Bombeiros do então, Distrito Federal, no tom original de si-bemól; e, para canto, em fá, o trabalho de Alberto Nepomuceno.
E o Hino Nacional Brasileiro (um dos mais bonitos do mundo) com letra de Joaquim Osório Duque Estrada e música de Francisco Manuel da Silva ficou como conhecemos hoje.
HINO NACIONAL BRASILEIRO
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
Ele foi tocado pela primeira vez em 1831 e só em 1909 ganhou a letra de Joaquim Osório Duque Estrada.
Em 300 anos de história, o Brasil, a rigor, não teve hino algum que fosse seu.
A história do Hino Nacional Brasileiro é pouco divulgada e geralmente se limita a uma breve referência aos autores da letra e da música. No entanto, ela é riquíssima e reflete os momentos mais importantes de nossa História.
O hino Brasileiro nasceu ao calor das agitações populares, num dos momentos mais dramáticos de nossa História, quando a independência do Brasil vacilava em razão dos desmandos autoritários do mesmo soberano que a proclamara. Para comemorar a abdicação de D. Pedro I, forçada pelo clamor dos patriotas, Manuel da Silva (discípulo de José Maurício e, por algum tempo, de Segismundo Newkomn) refez o hino, que criara em 1822, para saudar nossa emancipação política e que se transformou num grito de rebeldia da Pátria livre contra a tutela portuguesa.
Por mais incrível que pareça, durante quase um século, o Hino Nacional Brasileiro foi executado sem ter, oficialmente, uma letra. As muitas tentativas de acrescentar um texto à música não vingaram.
Até que em 1906 o escritor Coelho Neto subiu a tribuna da Câmara dos Deputados e propôs que se fizesse, para ele, “um poema condigno” Em 1908, o Ministro da Justiça, Dr. Augusto Tavares de Lira, nomeou uma comissão para rever esse Hino, integrada por Alberto Nepomuceno, então Diretor do Instituto Nacional de Música, e dos maestros, Francisco Braga e Frederico Nascimento Sugerida a abertura de um concurso para a escolha da melhor letra, e autorizado o governo a criar um prêmio de Dois Contos de Réis, vários poemas concorreram, destacando-se o de Joaquim Osório Duque Estrada.
Data de outubro de 1909 o seu “ Projeto de Letra Para o Hino Nacional Brasileiro “, cujos versos iniciais eram os seguintes: “ Ouviram do Ipiranga às margens plácidas / Da Independência o brado retumbante / E o sol da liberdade, em raios fúlgidos / Brilhou no céu da pátria nesse instante“.
Em 1916, o poeta introduziu modificações no poema. A 21 de agosto de 1922, o Decreto nº 4.559 autorizou o Poder Executivo a adquirir a propriedade dos versos, e a seis de setembro do mesmo ano – isto é, na véspera do dia em que se comemorou o Centenário da Independência, o Decreto nº 15.671, declarava oficial essa letra. O Deputado Lourenço Baeta Neves, a 23 de junho de 1936, apresentou um projeto de lei que tornava obrigatório o canto do Hino Nacional nas escolas primárias e nos estabelecimentos de ensino normal, em todo o país.
A promulgação do Decreto nº 259, de 1º de outubro de 1936, pelo Presidente, Getulio Dorneles Vargas, além da obrigatoriedade “nos estabelecimentos de ensino mantidos ou não pelos poderes públicos“, consagrou a orquestração de Leopoldo Miguez; a instrumentação para bandas, do 2º Tenente Antonio Pinto Junior do Corpo de Bombeiros do então, Distrito Federal, no tom original de si-bemól; e, para canto, em fá, o trabalho de Alberto Nepomuceno.
E o Hino Nacional Brasileiro (um dos mais bonitos do mundo) com letra de Joaquim Osório Duque Estrada e música de Francisco Manuel da Silva ficou como conhecemos hoje.
HINO NACIONAL BRASILEIRO
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
de um povo heróico o brado retumbante,
e o sol da liberdade, em raios fúlgidos,
brilhou no céu da pátria nesse instante.
Se o penhor dessa igualdade
conseguimos conquistar com braço forte,
em teu seio,
ó liberdade,
desafia o nosso peito a própria morte!
Ó pátria amada,
idolatrada,
salve! salve!
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
de amor e de esperança à terra desce,
se em teu formoso céu, risonho e límpido,
a imagem do cruzeiro resplandece.
gigante pela própria natureza,
és belo, és forte, impávido colosso,
e o teu futuro espelha essa grandeza.
terra adorada,
entre outras mil,
és tu,
Brasil,
ó pátria amada!
dos filhos deste solo és mãe gentil,
pátria amada,
Brasil!
Deitado eternamente em berço esplêndido,
ao som do mar e à luz do céu profundo,
fulguras, ó Brasil, florão da América,
iluminado ao sol do novo mundo!
do que a terra mais garrida,
teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
"nossos bosques tem mais vida,"
"nossa vida" no teu seio "mais amores".
Ó pátria amada,
idolatrada,
salve! salve!
.Brasil, de amor eterno seja símbolo
o lábaro que ostentas estrelado,
e diga o verde-louro dessa flâmula
paz no futuro e glória no passado.
mas, se ergues da justiça a clava forte,
verás que um filho teu não foge à luta,
nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada,
entre outras mil,és tu, Brasil,
Ó pátria amada!
dos filhos deste solo és mãe gentil,
pátria amada,
Brasil!
O DIA DO FICO
"Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação diga ao povo que fico"
(D. Pedro, 9 de janeiro de 1822)
DIA DO FICO
O ano de 1822 começou dramaticamente para D. Pedro. Foi no dia 1º de janeiro que ele recebeu a petição escrita por José Bonifácio e assinada por toda a junta provincial da cidade. Até então, apesar de alguns cartazes espalhados pelas ruas do Rio e das manifestações cada vez mais entusiásticas que vinha recebendo nas ruas ou no teatro, D. Pedro não registrara nenhum sinal claro de apoio à sua permanência no Brasil. Mas a carta de Bonifácio era tocante. Segundo ela, as Cortes de Lisboa, baseadas “no despropósito e no despotismo”, buscavam impor ao Brasil “um sistema de anarquia e escravidão”. Movidos por uma “nobre indignação”, os paulistas estavam “prontos a derramar a última gota do seu sangue e a sacrificar todas as suas posses para não perder o adorado príncipe”, em quem colocavam “suas bem-fundamentadas esperanças de felicidade e honra nacional”.
Os cariocas, que pensavam da mesma maneira, organizaram um abaixo-assinado com 8.000 nomes e o entregaram ao príncipe uma semana depois, numa cerimônia realizada ao meio-dia de 9 de janeiro. Depois de ler o documento, D. Pedro anunciou solenemente sua decisão: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico”. Reunido defronte do Paço Municipal, o povo saudou a decisão do príncipe. No dia 11, as tropas portuguesas tentaram obrigar o príncipe a embarcar para Lisboa. Apoiado pelo povo e por tropas leais, D. Pedro resistiu. A independência, agora, era uma questão de tempo.
A petição de José Bonifácio e o abaixo-assinado que resultou no “Dia do Fico” marcaram a aproximação entre D. Pedro e a facção mais conservadora da elite brasileira, formada por homens que, na maioria, tinham freqüentado a Universidade de Coimbra e partilhavam da idéia de um império luso-brasileiro – a elite coimbrã. Cinco dias depois de expulsar do Rio as tropas lusas, comandadas pelo general Avilez (com cuja mulher tinha um caso), D. Pedro organizou um novo ministério e, para liderá-lo, escolheu José Bonifácio de Andrade e Silva - nome mais destacado da elite coimbrã. Em 1º de agosto, declarou inimigas todas as tropas enviadas de Portugal sem o seu consentimento. No dia 14, partiu para São Paulo para contornar uma crise na Província. No dia 2 de setembro, no Rio, D. Leopoldina leu as cartas chegadas de Lisboa com as abusivas decisões das Cortes. Reuniu os ministros e enviou mensageiros a D. Pedro.
No dia 7 de setembro, sofrendo com diarréia, o príncipe recebeu as cartas às margens do Ipiranga e concluiu que era hora de romper com a metrópole. No dia seguinte, já recuperado, após a noite com a nova amante, iniciou a viagem de retorno ao Rio de Janeiro, onde chegou no tempo recorde de cinco dias, deixando toda a tropa dez horas para trás. Na capital, foi saudado como herói. Em 1º de dezembro, aos 24 anos, foi coroado não rei, mas imperador, para mostrar que, apesar do direito monárquico, também fora eleito pelo “povo”. O povo em breve se decepcionaria.
DIA DO FICO
G.R.E.S. BEIJA-FLOR – 1962
Compositor: Cabana
"Como é para o bem de todose felicidade geral da nação
diga ao povo que fico"
Isto aconteceu
No dia nove de janeiro
de mil oitocentos e vinte e dois
Data que o brasileiro jamais esqueceu
Data bonita e palavras bem ditas
Que todo o povo aplaudiu
Preconizando D. Pedro I
O grande defensor perpétuo do Brasil
Foi uma data de glória
Exuberante em nossa história
Esta marcante vitória deste povo varonil
Também exaltamos agora
Homens que lutaram pelo"Fico" no Brasil
José Clemente Pereira e
José Bonifácio
Que entregaram no palácio a petição
Rogando a D. Pedro I
Que permanecesse em nossa nação
(D. Pedro, 9 de janeiro de 1822)
DIA DO FICO
O ano de 1822 começou dramaticamente para D. Pedro. Foi no dia 1º de janeiro que ele recebeu a petição escrita por José Bonifácio e assinada por toda a junta provincial da cidade. Até então, apesar de alguns cartazes espalhados pelas ruas do Rio e das manifestações cada vez mais entusiásticas que vinha recebendo nas ruas ou no teatro, D. Pedro não registrara nenhum sinal claro de apoio à sua permanência no Brasil. Mas a carta de Bonifácio era tocante. Segundo ela, as Cortes de Lisboa, baseadas “no despropósito e no despotismo”, buscavam impor ao Brasil “um sistema de anarquia e escravidão”. Movidos por uma “nobre indignação”, os paulistas estavam “prontos a derramar a última gota do seu sangue e a sacrificar todas as suas posses para não perder o adorado príncipe”, em quem colocavam “suas bem-fundamentadas esperanças de felicidade e honra nacional”.
Os cariocas, que pensavam da mesma maneira, organizaram um abaixo-assinado com 8.000 nomes e o entregaram ao príncipe uma semana depois, numa cerimônia realizada ao meio-dia de 9 de janeiro. Depois de ler o documento, D. Pedro anunciou solenemente sua decisão: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico”. Reunido defronte do Paço Municipal, o povo saudou a decisão do príncipe. No dia 11, as tropas portuguesas tentaram obrigar o príncipe a embarcar para Lisboa. Apoiado pelo povo e por tropas leais, D. Pedro resistiu. A independência, agora, era uma questão de tempo.
A petição de José Bonifácio e o abaixo-assinado que resultou no “Dia do Fico” marcaram a aproximação entre D. Pedro e a facção mais conservadora da elite brasileira, formada por homens que, na maioria, tinham freqüentado a Universidade de Coimbra e partilhavam da idéia de um império luso-brasileiro – a elite coimbrã. Cinco dias depois de expulsar do Rio as tropas lusas, comandadas pelo general Avilez (com cuja mulher tinha um caso), D. Pedro organizou um novo ministério e, para liderá-lo, escolheu José Bonifácio de Andrade e Silva - nome mais destacado da elite coimbrã. Em 1º de agosto, declarou inimigas todas as tropas enviadas de Portugal sem o seu consentimento. No dia 14, partiu para São Paulo para contornar uma crise na Província. No dia 2 de setembro, no Rio, D. Leopoldina leu as cartas chegadas de Lisboa com as abusivas decisões das Cortes. Reuniu os ministros e enviou mensageiros a D. Pedro.
No dia 7 de setembro, sofrendo com diarréia, o príncipe recebeu as cartas às margens do Ipiranga e concluiu que era hora de romper com a metrópole. No dia seguinte, já recuperado, após a noite com a nova amante, iniciou a viagem de retorno ao Rio de Janeiro, onde chegou no tempo recorde de cinco dias, deixando toda a tropa dez horas para trás. Na capital, foi saudado como herói. Em 1º de dezembro, aos 24 anos, foi coroado não rei, mas imperador, para mostrar que, apesar do direito monárquico, também fora eleito pelo “povo”. O povo em breve se decepcionaria.
DIA DO FICO
G.R.E.S. BEIJA-FLOR – 1962
Compositor: Cabana
"Como é para o bem de todose felicidade geral da nação
diga ao povo que fico"
Isto aconteceu
No dia nove de janeiro
de mil oitocentos e vinte e dois
Data que o brasileiro jamais esqueceu
Data bonita e palavras bem ditas
Que todo o povo aplaudiu
Preconizando D. Pedro I
O grande defensor perpétuo do Brasil
Foi uma data de glória
Exuberante em nossa história
Esta marcante vitória deste povo varonil
Também exaltamos agora
Homens que lutaram pelo"Fico" no Brasil
José Clemente Pereira e
José Bonifácio
Que entregaram no palácio a petição
Rogando a D. Pedro I
Que permanecesse em nossa nação
CRUZ VERMELHA
CRUZ VERMELHA
A Cruz Vermelha Brasileira foi fundada em 5 de dezembro de 1908 e, desde então, tornou-se instituição modelar, da forma prevista nas Convenções de Genebra -, como em tempos de paz, levando ajuda a vítimas de catástrofes e desastres naturais (secas, enchentes, terremotos etc.) É reconhecida pelo governo brasileiro como sociedade de socorro voluntário, autônoma, auxiliar dos poderes públicos e, em particular, dos serviços militares de saúde, que segue os preceitos estabelecidos pelas Convenções de Genebra e os Princípios Fundamentais da Cruz Vermelha Internacional.
Seu primeiro presidente foi o Dr. Oswaldo Cruz, médico, patrono da Saúde Pública no Brasil, responsável pelas principais campanhas sanitaristas do início do século XX no Rio de Janeiro.
A idéia de se organizar a Cruz Vermelha internacional partiu de um jovem suíço, Henri Dunant, testemunha ocular da Batalha de Solferino, no norte da Itália, travada em 1859 entre os exércitos da França e da Itália de um lado e da Áustria de outro. Cerca de 40 mil homens ficaram no campo de batalha, mortos ou moribundos, sem que contassem com a assistência médica adequada. A vizinha cidade de Cstiglione se transformou em hospital provisório. Mas faltavam médicos e enfermeiros. Dunant organizou um corpo de voluntários para socorrê-los. O seu livro Uma recordação de Solferino, escrito em 1862, influenciou os governos de muitos países. Um ano mais tarde, os delegados de dezesseis países se reuniram em Genebra (Suíça) para pôr em prática a idéia de Durant e definir os princípios básicos que regiram a Cruz Vermelha. Uma cruz vermelha sobre campo branco foi o distintivo adotado por hospitais, ambulâncias, médicos e enfermeiros. Nos países onde predomina a religião muçulmana, a cruz foi substituída por meia-lua vermelha.
A 8 de agosto de 1864, os representantes diplomáticos de doze países se comprometeram, em nome de seus governos, a cuidar dos feridos de guerra, amigos e inimigos, sem distinção de credo ou de raças. Sucessivamente, os objetivos iniciais foram ampliados, incluindo-se os feridos da guerra naval (1907), prisioneiros de guerra (1929) e civis vítimas da guerra (1949).
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha, com sede em Genebra, recebeu duas vezes o Prêmio Nobel da Paz, em 1917 e em 1941.
A liga das Sociedades da Cruz Vermelha, fundada em 1919 e também com sede em Genebra, engloba quase todos os países do mundo, dedica-se a aliviar e socorrer as vítimas de catástrofes naturais e calamidades públicas, em tempo de paz.
À CRUZ VERMELHA
Poema escrito por Jorge Humberto
Solidariedade, palavra abrangente, mas solitária,
Que digam, os da Cruz Vermelha, sua demanda,
Filtrando a burocracia, em sua missão solidária,
Socorrendo os que sofrem, dilacerados na cama.
E é vê-los, no Teatro de guerra, sem protecção,
A correr de um lado para o outro, levando feridos
E os mui necessitados, fazendo o que o coração
Lhes dita sem medo dos beligerantes, foragidos.
O seu maior orgulho é estar perto dos doentes,
Socorrer quem precisa de sua ajuda constante,
E ter palavra de ânimo, para com os dementes.
E a farda que envergam, a ninguém envergonha,
Nem deixa mal visto, prontos a qualquer instante
A partir, seguindo o rumo certo da gran cegonha.
A Cruz Vermelha Brasileira foi fundada em 5 de dezembro de 1908 e, desde então, tornou-se instituição modelar, da forma prevista nas Convenções de Genebra -, como em tempos de paz, levando ajuda a vítimas de catástrofes e desastres naturais (secas, enchentes, terremotos etc.) É reconhecida pelo governo brasileiro como sociedade de socorro voluntário, autônoma, auxiliar dos poderes públicos e, em particular, dos serviços militares de saúde, que segue os preceitos estabelecidos pelas Convenções de Genebra e os Princípios Fundamentais da Cruz Vermelha Internacional.
Seu primeiro presidente foi o Dr. Oswaldo Cruz, médico, patrono da Saúde Pública no Brasil, responsável pelas principais campanhas sanitaristas do início do século XX no Rio de Janeiro.
A idéia de se organizar a Cruz Vermelha internacional partiu de um jovem suíço, Henri Dunant, testemunha ocular da Batalha de Solferino, no norte da Itália, travada em 1859 entre os exércitos da França e da Itália de um lado e da Áustria de outro. Cerca de 40 mil homens ficaram no campo de batalha, mortos ou moribundos, sem que contassem com a assistência médica adequada. A vizinha cidade de Cstiglione se transformou em hospital provisório. Mas faltavam médicos e enfermeiros. Dunant organizou um corpo de voluntários para socorrê-los. O seu livro Uma recordação de Solferino, escrito em 1862, influenciou os governos de muitos países. Um ano mais tarde, os delegados de dezesseis países se reuniram em Genebra (Suíça) para pôr em prática a idéia de Durant e definir os princípios básicos que regiram a Cruz Vermelha. Uma cruz vermelha sobre campo branco foi o distintivo adotado por hospitais, ambulâncias, médicos e enfermeiros. Nos países onde predomina a religião muçulmana, a cruz foi substituída por meia-lua vermelha.
A 8 de agosto de 1864, os representantes diplomáticos de doze países se comprometeram, em nome de seus governos, a cuidar dos feridos de guerra, amigos e inimigos, sem distinção de credo ou de raças. Sucessivamente, os objetivos iniciais foram ampliados, incluindo-se os feridos da guerra naval (1907), prisioneiros de guerra (1929) e civis vítimas da guerra (1949).
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha, com sede em Genebra, recebeu duas vezes o Prêmio Nobel da Paz, em 1917 e em 1941.
A liga das Sociedades da Cruz Vermelha, fundada em 1919 e também com sede em Genebra, engloba quase todos os países do mundo, dedica-se a aliviar e socorrer as vítimas de catástrofes naturais e calamidades públicas, em tempo de paz.
À CRUZ VERMELHA
Poema escrito por Jorge Humberto
Solidariedade, palavra abrangente, mas solitária,
Que digam, os da Cruz Vermelha, sua demanda,
Filtrando a burocracia, em sua missão solidária,
Socorrendo os que sofrem, dilacerados na cama.
E é vê-los, no Teatro de guerra, sem protecção,
A correr de um lado para o outro, levando feridos
E os mui necessitados, fazendo o que o coração
Lhes dita sem medo dos beligerantes, foragidos.
O seu maior orgulho é estar perto dos doentes,
Socorrer quem precisa de sua ajuda constante,
E ter palavra de ânimo, para com os dementes.
E a farda que envergam, a ninguém envergonha,
Nem deixa mal visto, prontos a qualquer instante
A partir, seguindo o rumo certo da gran cegonha.
UNE (UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES)
A União Nacional dos Estudantes (UNE) é a principal entidade estudantil brasileira. Representa os estudantes do ensino superior e tem sede em São Paulo, possuindo sub-sedes no Rio de Janeiro e Goiás.
Foi fundada em 1937, no I Congresso Nacional dos Estudantes, organizado na Casa do Estudante do Brasil no Rio de Janeiro com apoio do Centro acadêmico Cândido de Oliveira (CACO) da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e desde então foi protagonista das principais lutas sociais do povo brasileiro.
Foi precursora de importantes movimentos culturais brasileiros. O Centro Popular de Cultura (CPC) é o mais famoso deles que nos anos 60 animou a cena artística brasileira com novas e ousadas experiências no campo da pesquisa e da produção cultural. O CPC não foi a primeira tentativa da entidade na área cultural, mas foi a experiência mais vitoriosa e que se tornou um marco da cultura brasileira, unindo artistas, intelectuais e o movimento estudantil. O CPC tinha uma produção artística própria e não se limitava a aglutinar grupos de artistas já existentes: chegou a fundar um selo de discos, uma editora de livros, além de realizar produtos culturais importantes como o filme Cinco Vezes Favela.
Participaram do CPC nomes como Arnaldo Jabor, Cacá Diegues, Ferreira Gullar, Vianinha, entre outros.
De acordo com a União da Juventude Socialista, grupo organizado que encabeça a direção majoritária da entidade há mais de duas décadas, a UNE seria a maior promotora atual de mobilizações estudantis. Ainda de acordo com o grupo, representaria os interesses estudantis, atendendo demandas históricas do universo discente brasileiro.
Tal versão é questionada por diversos setores que atualmente fazem oposição à entidade. Para tais grupos, em sua maioria ligados aos conhecidos partidos de esquerda conhecidos como PSOL, PT, PSTU e PCO, a entidade não estaria defendendo os interesse dos estudantes de forma adequada. O atual grupo majoritário domina a UNE faz alguns anos.
O atual período que a UNE passa está se caracterizando por uma ação bem menos atuante como era no passado.
O motivo atribuído a esta situação é devida a atual situação política brasileira. Atualmente os líderes estudantis preferem se filiar a partidos políticos, para uma melhor atuação política do que atuar dentro da UNE.
HINO DA UNE
Carlos Lyra
União Nacional dos Estudantes
Mocidade brasileira
Nosso hino é nossa bandeira
De pé a jovem guarda,
A classe estudantil
Sempre na vanguarda
A trabalhar pelo Brasil
A nossa mensagem
De coragem
É que traz
Um canto de esperança
Prum Brasil em paz
A UNE reúne
Futuro e tradição
A UNE, a UNE,A UNE é união
A UNE, a UNE,A UNE somos nós
A UNE, a UNE,A UNE é nossa voz.
O DIA DA BANDEIRA
O DIA DA BANDEIRA
Após a Proclamação da República em 1889, surgiu a necessidade de criação de uma nova bandeira. Criada pelo advogado Ruy Barbosa, a bandeira provisória era bastante semelhante à bandeira estadunidense, fato que fez com que o marechal Deodoro da Fonseca vetasse o desenho.
Adotada pelo decreto de lei nº 4 de 19 de Novembro de 1889, a bandeira atual consiste em uma adaptação da antiga bandeira do império idealizada em 1820 por Jean-Baptiste Debret. O disco azul central foi idealizado pelo pintor Décio Vilares, já as estrelas, por Benjamin Constant. A inscrição “Ordem e Progresso” é fruto da influência do positivismo de Augusto Comte. Até hoje, a bandeira brasileira permanece inalterada, com exceção das estrelas, que segundo a Lei nº 8.421, de 11 de maio de 1992, devem ser atualizadas no caso de criação ou extinção de algum Estado.
Em seu sentido original, as cores verde e amarela simbolizavam respectivamente, as oliveiras em torno da casa real de Bragança e a casa imperial dos Habsburgos. Posteriormente, esses significados foram adaptados: a cor verde passou a simbolizar as nossas matas e florestas; o amarelo, o ouro e as riquezas minerais; a azul, o céu; a branca, a paz. Cada estrela disposta na bandeira corresponde a um Estado brasileiro; a única estrela que é situada acima na inscrição “Ordem e Progresso” é Spica, representante do Estado do Pará.
A bandeira nacional deve ser hasteada em todos os órgãos públicos, escolas, secretarias de governo, etc. Seu hasteamento deve ser feito pela manhã e a arriação no fim da tarde. A bandeira não pode ficar exposta à noite, a não ser que seja bastante iluminada. (TD)
Após a Proclamação da República em 1889, surgiu a necessidade de criação de uma nova bandeira. Criada pelo advogado Ruy Barbosa, a bandeira provisória era bastante semelhante à bandeira estadunidense, fato que fez com que o marechal Deodoro da Fonseca vetasse o desenho.
Adotada pelo decreto de lei nº 4 de 19 de Novembro de 1889, a bandeira atual consiste em uma adaptação da antiga bandeira do império idealizada em 1820 por Jean-Baptiste Debret. O disco azul central foi idealizado pelo pintor Décio Vilares, já as estrelas, por Benjamin Constant. A inscrição “Ordem e Progresso” é fruto da influência do positivismo de Augusto Comte. Até hoje, a bandeira brasileira permanece inalterada, com exceção das estrelas, que segundo a Lei nº 8.421, de 11 de maio de 1992, devem ser atualizadas no caso de criação ou extinção de algum Estado.
Em seu sentido original, as cores verde e amarela simbolizavam respectivamente, as oliveiras em torno da casa real de Bragança e a casa imperial dos Habsburgos. Posteriormente, esses significados foram adaptados: a cor verde passou a simbolizar as nossas matas e florestas; o amarelo, o ouro e as riquezas minerais; a azul, o céu; a branca, a paz. Cada estrela disposta na bandeira corresponde a um Estado brasileiro; a única estrela que é situada acima na inscrição “Ordem e Progresso” é Spica, representante do Estado do Pará.
A bandeira nacional deve ser hasteada em todos os órgãos públicos, escolas, secretarias de governo, etc. Seu hasteamento deve ser feito pela manhã e a arriação no fim da tarde. A bandeira não pode ficar exposta à noite, a não ser que seja bastante iluminada. (TD)
Hino à Bandeira Nacional
Letra: Olavo Bilac
Música: Francisco Braga
Salve, lindo pendão da esperança,
Salve, símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz.
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Em teu seio formoso retratas
Este céu de puríssimo azul,
A verdura sem par destas matas,
E o esplendor do Cruzeiro do Sul.
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Contemplando o teu vulto sagrado,
Compreendemos o nosso dever;
E o Brasil, por seus filhos amados,
Poderoso e feliz há de ser.
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Sobre a imensa Nação Brasileira,
Nos momentos de festa ou de dor,
Paira sempre, sagrada bandeira,
Pavilhão da Justiça e do Amor!
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
No final da década de 1880, a monarquia brasileira estava numa situação de crise, pois representava uma forma de governo que não correspondia mais às mudanças sociais em processo. Fazia-se necessário a implantação de uma nova forma de governo, que fosse capaz de fazer o país progredir e avançar nas questões políticas, econômicas e sociais.
O povo estava descrente da Monarquia, mas não havia, na época, uma crença generalizada na República, por isso, o movimento de 15 de novembro de 1889 não teve participação popular. O povo assistiu, sem tomar parte, à proclamação da república.
No Rio de janeiro, os republicanos insistiram com o marechal Deodoro da Fonseca, para que ele chefiasse o movimento revolucionário que substituiria a Monarquia pela República. Depois de muita insistência dos revolucionários, Deodoro concordou em liderar o movimento.
No dia 15 de novembro de 1889, o Marechal com o apoio dos republicanos, demitiu o Conselho de Ministros e seu presidente. Na noite deste mesmo dia, o marechal assinou o manifesto proclamando a República no Brasil e instalando um governo provisório.
Após 67 anos, a monarquia chegava ao fim. No dia 18 de novembro, D.Pedro II e a família imperial partiam rumo à Europa. Tinha início a República Brasileira com o Marechal Deodoro da Fonseca assumindo provisoriamente o posto de presidente do Brasil. A partir de então, o pais seria governado por um presidente escolhido pelo povo através das eleições. Foi um grande avanço rumo a consolidação da democracia no Brasil.
HINO DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
Música: Leopoldo Miguez (1850/1902)
Letra: Medeiros e Albuquerque (1867/1934)
Seja um pálio de luz desdobrado.
Sob a larga amplidão destes céus
Este canto rebel que o passado
Vem remir dos mais torpes labéus!
Seja um hino de glória que fale
De esperança, de um novo porvir!
Com visões de triunfos embale
Quem por ele lutando surgir!
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Nós nem cremos que escravos outrora
Tenha havido em tão nobre País...
Hoje o rubro lampejo da aurora
Acha irmãos, não tiranos hostis.
Somos todos iguais!
Ao futuro Saberemos, unidos, levar
Nosso augusto estandarte que, puro,
Brilha, avante, da Pátria no altar!
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Se é mister que de peitos valentes
Haja sangue em nosso pendão,
Sangue vivo do herói Tiradentes
Batizou este audaz pavilhão!
Mensageiros de paz, paz queremos,
É de amor nossa força e poder
Mas da guerra nos transes supremos
Heis de ver-nos lutar e vencer!
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Do Ipiranga é preciso que o brado
Seja um grito soberbo de fé!
O Brasil já surgiu libertado,
Sobre as púrpuras régias de pé.
Eia, pois, brasileiros avante!
Verdes louros colhamos louçãos!
Seja o nosso País triunfante,
Livre terra de livres irmãos!
Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
FREI TITO
FREI TITO DE ALENCAR LIMA
No dia 10 de agosto de 1974, o corpo do frade cearense Tito de Alencar Lima foi encontrado nas proximidades de Arbresle, sul da França, pendurado por uma corda nos galhos de um álamo. Frade dominicano, cearense, preso injustamente, torturado sem piedade, atormentado até a morte pela voz dos torturadores. Trinta e quatro anos depois, a cena trágica da sua morte é suficientemente forte para que não seja esquecida. Mas o Brasil precisa mesmo, mais que nunca, relembrar a energia e lucidez da juventude de Frei Tito, que acreditava no poder da mobilização para mudar os rumos do País.
Tito de Alencar Lima nasceu no dia 14 de setembro de 1945, em Fortaleza. De família humilde, com muito esforço ingressou no respeitável Liceu do Ceará, passando a militar na JEC (Juventude Estudantil Católica). Pessoa de Liderança firme, bem-humorado e carismático, logo ganhou respeito no Movimento Estudantil (ME) Envolvido no compromisso político através do evangelho, assumiu a direção da JEC em 1963 e foi morar em Recife. Em outubro de 1968, Frei Tito foi preso por estar participando de um congresso da clandestina UNE (União Nacional dos Estudantes) junto com estudantes e outros religiosos pela polícia e fichado pelo DOPS em Ibiúna. Foi fichado pela polícia e tornou-se alvo de perseguição da repressão militar, onde iniciou-se o seu martírio.
No início de 1970, Frei Tito foi torturado nos porões da “Operação Bandeirantes”. Cheio de hematomas, todo dolorido, sangrado, em desespero, tentou o suicídio, rompendo com uma gilete a artéria do braço. Foi ironicamente salvo pelos militares que temiam a repercussão negativa da morte do religioso. Na prisão, ele escreveu sobre a sua tortura e o documento correu pelo mundo e se transformou em símbolo de luta pelos direitos humanos. Em 71 foi deportado para o Chile e, sob a ameaça de novamente ser preso, fugiu para a Itália. Em Roma, não encontrou apoio da Igreja Católica, por ser considerado um “frade terrorista”. De Roma foi para Paris, onde encontrou o tão esperado refúgio, recebendo apoio dos dominicanos.
Traumatizado pela tortura que sofreu, Frei Tito submeteu-se a um tratamento psiquiátrico. As torturas deixaram graves seqüelas psíquicas no religioso. Imaginava o rosto de Fleury (Sergio Paranhos Fleury, delegado que comandou a repressão) em todos os lugares. Vivia quebrado. Deprimido, em agosto de 1974 comete suicídio, enforcando-se numa árvore.
A causa da morte – suspeita de suicídio – tornou-se um enigma. Foi enterrado no cemitério dominicano Sainte Maire de La Tourrete, em L´Abresle.
Apenas em 25 de março de 1983 seus restos mortais foram transladados para Fortaleza e para serem enterrados no Cemitério São João Batista. Antes de chegar a Fortaleza, passou por São Paulo, onde foi realizada uma celebração litúrgica em memória dos mortos pela ditadura de 1964: o próprio Frei Tito e Alexandre Vannuchi. Cercado por bispos e numeroso grupo de sacerdotes, D. Paulo Evaristo Arns repudiou a tragédia da tortura em missa de corpo presente acompanhada por mais de 4 mil pessoas.
Finalmente descansaria na terra natal, junto ao povo e país que tanto amava. Sua luta e sofrimentos não foram em vão. Dois anos depois, a ditadura cairia
POEMA
Quando secar o rio da minha infância.
No dia 10 de agosto de 1974, o corpo do frade cearense Tito de Alencar Lima foi encontrado nas proximidades de Arbresle, sul da França, pendurado por uma corda nos galhos de um álamo. Frade dominicano, cearense, preso injustamente, torturado sem piedade, atormentado até a morte pela voz dos torturadores. Trinta e quatro anos depois, a cena trágica da sua morte é suficientemente forte para que não seja esquecida. Mas o Brasil precisa mesmo, mais que nunca, relembrar a energia e lucidez da juventude de Frei Tito, que acreditava no poder da mobilização para mudar os rumos do País.
Tito de Alencar Lima nasceu no dia 14 de setembro de 1945, em Fortaleza. De família humilde, com muito esforço ingressou no respeitável Liceu do Ceará, passando a militar na JEC (Juventude Estudantil Católica). Pessoa de Liderança firme, bem-humorado e carismático, logo ganhou respeito no Movimento Estudantil (ME) Envolvido no compromisso político através do evangelho, assumiu a direção da JEC em 1963 e foi morar em Recife. Em outubro de 1968, Frei Tito foi preso por estar participando de um congresso da clandestina UNE (União Nacional dos Estudantes) junto com estudantes e outros religiosos pela polícia e fichado pelo DOPS em Ibiúna. Foi fichado pela polícia e tornou-se alvo de perseguição da repressão militar, onde iniciou-se o seu martírio.
No início de 1970, Frei Tito foi torturado nos porões da “Operação Bandeirantes”. Cheio de hematomas, todo dolorido, sangrado, em desespero, tentou o suicídio, rompendo com uma gilete a artéria do braço. Foi ironicamente salvo pelos militares que temiam a repercussão negativa da morte do religioso. Na prisão, ele escreveu sobre a sua tortura e o documento correu pelo mundo e se transformou em símbolo de luta pelos direitos humanos. Em 71 foi deportado para o Chile e, sob a ameaça de novamente ser preso, fugiu para a Itália. Em Roma, não encontrou apoio da Igreja Católica, por ser considerado um “frade terrorista”. De Roma foi para Paris, onde encontrou o tão esperado refúgio, recebendo apoio dos dominicanos.
Traumatizado pela tortura que sofreu, Frei Tito submeteu-se a um tratamento psiquiátrico. As torturas deixaram graves seqüelas psíquicas no religioso. Imaginava o rosto de Fleury (Sergio Paranhos Fleury, delegado que comandou a repressão) em todos os lugares. Vivia quebrado. Deprimido, em agosto de 1974 comete suicídio, enforcando-se numa árvore.
A causa da morte – suspeita de suicídio – tornou-se um enigma. Foi enterrado no cemitério dominicano Sainte Maire de La Tourrete, em L´Abresle.
Apenas em 25 de março de 1983 seus restos mortais foram transladados para Fortaleza e para serem enterrados no Cemitério São João Batista. Antes de chegar a Fortaleza, passou por São Paulo, onde foi realizada uma celebração litúrgica em memória dos mortos pela ditadura de 1964: o próprio Frei Tito e Alexandre Vannuchi. Cercado por bispos e numeroso grupo de sacerdotes, D. Paulo Evaristo Arns repudiou a tragédia da tortura em missa de corpo presente acompanhada por mais de 4 mil pessoas.
Finalmente descansaria na terra natal, junto ao povo e país que tanto amava. Sua luta e sofrimentos não foram em vão. Dois anos depois, a ditadura cairia
POEMA
Quando secar o rio da minha infância.
Quando secar o rio da minha infância
secará toda dor.Quando os regatos límpidos de meu ser secarem
minh'alma perderá sua força.
Buscarei, então,
pastagens distantes- lá onde o ódio não tem teto para repousar.
Ali erguerei uma tenda junto aos bosques.
Todas as tardes me deitarei na relvae nos dias silenciosos,
farei minha oração.
Meu eterno canto de amor:
expressão pura da minha mais profunda angústia.
Nos dias primaverís, colherei florespara meu jardim da saudade.
Assim, externarei a lembrança de um passado sombrio.
Paris, 12 de outubro de 1972
Frei Tito
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