PROJETO RAPADURA CULTURAL
CENTENÁRIO DE PATATIVA DO ASSARÉ - I
As penas plúmbeas, as asas de cauda pretas da patativa, pássaro de canto enternecedor que habita as caatingas e matas do Nordeste brasileiro, batizaram poeta Antônio Gonçalves da Silva, conhecido em todo o Brasil como Patativa do Assaré, referência ao município em que nasceu. Analfabeto “sem saber as letras onde mora”, como diz num de seus poemas, sua projeção em todo o Brasil se iniciou na década de 50, a partir da regravação de “Triste Partida”, toada de retirante gravada por Luiz Gonzaga.
Filho do agricultor Pedro Gonçalves da Silva e de Maria Pereira da Silva, Patativa do Assaré veio ao mundo no dia 9 de março de 1909. Criado num ambiente de roça, na Serra de Santana, próximo a Assaré, seu pai morrera quando tinha apenas oito anos legando aos seus filhos Antônio, José, Pedro, Joaquim, e Maria o ofício da enxada, “arrastar cobra pros pés”, como se diz no sertão.
A sua vocação de poeta, cantador da existência e cronista das mazelas do mundo despertou cedo, aos cinco anos já exercitava seu versejar. A mesma infância que lhe testemunhou os primeiros versos presenciaria a perda da visão direita, em decorrência de uma doença, segundo ele, chamada “mal d´olhos”.
Sua verve poética serviu vassala a denunciar injustiças sociais, propagando sempre a consciência e a perseverança do povo nordestino que sobrevive e dá sinais de bravura ao resistir a condições climáticas e políticas desfavoráveis. A esse fato se refere a estrofe da música Cabra da Peste:
“Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrê
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome, pergunto: que há?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará.”
Embora tivesse facilidade para fazer versos desde menino, o Patativa do município de Assaré, no Vale do Cariri, nunca quis ganhar a vida em cima do seu dom de poeta. Mesmo tendo feito shows pelo Sul do país, quando foi mostrado ao grande público por Fagner em finais da década de 70, considerava-se o mesmo camponês humilde e morava no mesmo torrão natal onde nasceu, no seu pedaço de terra na Serra de Santana...
Patativa grava seu canto em disco
A estréia do vate cearense em vinil se deu no ano de 1979, quando gravou o LP “Poemas e Canções”, lançado pela CBS. As gravações foram realizadas em recital no Teatro José de Alencar, em Fortaleza. Cantando para seu povo brincou poeticamente com o fato de estar sendo gravado em disco de abertura A dor Gravada:
“Gravador que está gravando
Aqui no nosso ambiente
Tu gravas a minha voz,
O meu verso e o meu repente
Mas gravador tu não gravas
A dor que meu peito sente”.
O recital fez parte de uma revisão cultural que a nova classe intelectual ligada à música e ao cinema faz sobre a obra dos grandes poetas populares cearenses como Cego Oliveira, Ascenso Ferreira e o próprio Patativa. Artistas como Fagner, o cineasta Rosemberg Cariri e outros, se encarregaram de produzir em vídeo e película documentários com finalidade de registrar um pouco da cultura em molde mais genuíno.
Do mesmo disco é a destemida Senhor Doutor, que em pleno governo do General Ernesto Geisel falava em baixos salários numa posição de afronta em relação à situação da elite, representada pela figura do doutor. Assim vocifera o bardo do Assaré, com seu ressonante gogó:
“Sinhô Doto não se enfade
Vá guardando essa verdade
E pode crê, sou aquele operário
Que ganha um pobre salário
Que não dá pra comer.”
Após a gravação do primeiro LP o recitador, fez uma série de shows com seu discípulo Fagner. Em 81 a apresentação da dupla no Festival de Verão do Guarujá ganha repercurssão na imprensa. Nesta mesma ocasião gravou seu segundo LP “A Terra é Naturá”, também pela CBS. Patativa sempre cantou as saudades da sua terra, embora não tenha deixado o seu Cariri no último pau-de-arara, como diz a letra. Seu lamento arrastado e monocórdico acalanta os que se retiraram e serve de ombro aos que ficam.
A “Toada-aboio”, “Vaca Estrela e Boi Fubá” que narra a saudade da terra natal e do gado foi o sucesso do disco em versão gravada por Fagner no LP “Raimundo Fagner”, de 1980.
“Eu sou filho do Nordeste, não nego o meu naturá
Mas uma seca medonha me tangeu de lá pra cá
Lá eu tinha o meu gadinho, num é bom nem imaginar
Minha linda Vaca Estrela e o meu belo Boi Fubá.
Quando era de tardezinha eu começava a aboiar”.
Outro ponto alto do disco “A terra é Naturá” que foi lançado em CD pela 97 é a poesia Antônio Conselheiro que narra a saga do messiânico desde os dias iniciais em Quixeramobim, no Ceará até o combate final no Arraial de Belo Monte, na Fazenda Canudos, em 1897. Patativa, como muitos dos cantadores, registram na memória as histórias que bóiam no leito da tradição oral, contadas aqui e ali, reproduzidas pelos violeiros e pelos cordéis.
Em 9 de março de 1994 o poeta completou 85 verões e foi homenageado com o LP “Patativa do Assaré – 85 Anos de Poesia”, com participação das duplas de repentistas Ivanildo Vila Nova e Geraldo Amâncio e Otacílio Batista e Oliveira de Panelas. Como narrador do progresso nos meios de comunicação expôs em Presente Disagradável suas convicções autênticos, sobre o aparelho de televisão:
“Toda vez que eu ligo ele
No chafurdo das novela
Vejo logo os papo é feio
Vejo o maior tumaré
Com a briga das mulhé
Querendo os marido alheio
Do que adianta ter fama?
Ter curso de Faculdade?
Mode apresentar programa
Com tanta imoralidade!”
Quase sem audição e cego desde o final dos anos 90, o grande e modesto poeta brasileiro, com apenas um metro e meio de altura, morreu em sua casa, em Assaré, interior do Ceará, a 623 quilômetros da capital estadual Fortaleza, aos 93 anos, após falência múltiplas dos órgãos em conseqüência de uma pneumonia dupla, além de uma infecção na vesícula e de problemas renais, foi enterrado no cemitério São João Batista, na sua cidade natal.
Dedico esta coluna ao poeta e apologista Paulo Macêdo (companheiro do Projeto Rapadura Cultural) que foi um grande amigo pessoal, além de profundo conhecedor do legado de Patativa do Assaré.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
A historiografia da música popular brasileira considera a gravação da canção “Pelo telefone”, de autoria de Ernesto dos Santos, o Donga (1889 / 1974 – Rio de Janeiro), realizada em janeiro de 1917, o primeiro registro fonográfico de um samba. O lançamento do disco, de acordo com o pesquisador Flávio Silva, teria ocorrido por volta de 20 de janeiro daquele ano e fez sucesso no carnaval no mês seguinte, consagrando esse evento como um marco de nossa história cultural. Porém, a existência dos registros fonográficos no país é anterior e mais diversificada que esse único evento. Já em 1898, o empresário Frederico Figner, proprietário da Casa Edison, após período de atividade exclusiva de importação e comercialização de fonógrafos e cilindros, começou a gravar e comercializar no Brasil seus próprios cilindros de cera. Contendo sons, discursos e, sobretudo músicas populares, esses cilindros, tocados publicamente em fonógrafos, tinham uma aura de magia e criavam extraordinária curiosidade na população. Embora o aspecto mágico tenha gradativamente se perdido, o aparecimento no início do século xx de registros sonoros em suporte na forma de disco, simplificou, consolidou e ampliou esse grande interesse e mercado. Foi nesse contexto que se gravou o lundu de Xisto Bahia “Isto é bom”, também interpretado por Baiano, considerado o primeiro registro fonográfico gravado em disco no Brasil. A gravação da matriz original ocorreu em janeiro de 1902, no Rio de Janeiro, sob responsabilidade da Casa Edison.
Apesar dessa trajetória, há uma série de fatores apresentados pela historiografia para justificar a seleção de “Pelo telefone” como um marco da moderna música popular urbana. O primeiro deles está relacionado com a intenção propositada do autor de registrá-la como um samba e a subsequente indicação do gênero no selo do disco como “samba carnavalesco”, fato raro no início do século xx, já que o samba urbano ainda não era um gênero muito bem definido e pouco atraente do ponto de vista comercial.
Além disso, a atitude de Donga, ao registrar a partitura da canção na Biblioteca Nacional, ultrapassava os tradicionais limites da criação coletiva e anônima da música popular da época. Ela já revelava uma postura de “compositor moderno”, que identifica a autoria individual para assegurar seus direitos sobre a composição e obter prestígio pessoal e retorno financeiro. A partitura manuscrita para piano de “Pelo Telefone” foi registrada na Biblioteca Nacional em 27 de novembro de 1916, e a primeira editada para divulgação comercial surgiu em 16 de dezembro de 1916. Em janeiro de 1917, foram realizadas três gravações pela Casa Edison, baseadas nestes registros públicos. A primeira e a terceira foram apenas instrumentais, realizadas, respectivamente, pela Banda Odeon e a Banda do Primeiro Batalhão da Polícia da Bahia. A segunda gravação, interpretada por Baiano e acompanhada somente de cavaquinho e violão, diferentemente das outras duas,atingiu grande repercussão no carnaval daquele ano. Esse seria outro elemento importante que críticos e historiadores da música popular destacam: o sucesso de público que a canção obteve, transformou-a em uma atraente mercadoria comercial.
Desse modo, na canção “Pelo telefone” estariam decantados os elementos da moderna música popular que somente apareceriam de modo evidente na virada dos anos 1920/1930: o gênero samba urbano composto por autor conhecido, gravado em fonogramas, com objetivo comercial e que obtém divulgação “de massa”. Portanto, essa canção teria dado início a uma nova fase da produção musical no país e, por isso, tornou-se uma referência histórica.
PELO TELEFONE
Autoria: Donga (Ernesto Joaquim Maria dos Santos) / Mauro de Almeida
O chefe da folia pelo telefone manda me avisar
que com alegria não se questione para se brincar
O chefe da folia pelo telefone manda me avisar
que com alegria não se questione para se brincar
Ai, ai,ai, deixa as mágoas para traz, o rapaz
Ai, ai,ai, fica triste se és capaz e verás
Ai, ai,ai, deixa as mágoas para traz, o rapaz
Ai, ai,ai, fica triste se és capaz e verás
Tomara que tu apanhes
Não tornes a fazer isso,
Tirar amores dos outros
Depois fazer seu feitiço (Bís)
Olha a rolinha, sinhô, sinhô
Se embaraçou sinhô, sinhô
Caiu no laço sinhô, sinhô
do nosso amor sinhô, sinhô
Porque este samba sinhô, sinhô
É de arrepiar sinhô, sinhô
Põe perna bamba sinhô, sinhô
Mas faz gozar
O chefe da polícia pelo telefone, manda me avisar
Que na carioca tem uma roleta , para se jogar
O chefe da polícia pelo telefone, manda me avisar
Que na carioca tem uma roleta , para se jogar...
A historiografia da música popular brasileira considera a gravação da canção “Pelo telefone”, de autoria de Ernesto dos Santos, o Donga (1889 / 1974 – Rio de Janeiro), realizada em janeiro de 1917, o primeiro registro fonográfico de um samba. O lançamento do disco, de acordo com o pesquisador Flávio Silva, teria ocorrido por volta de 20 de janeiro daquele ano e fez sucesso no carnaval no mês seguinte, consagrando esse evento como um marco de nossa história cultural. Porém, a existência dos registros fonográficos no país é anterior e mais diversificada que esse único evento. Já em 1898, o empresário Frederico Figner, proprietário da Casa Edison, após período de atividade exclusiva de importação e comercialização de fonógrafos e cilindros, começou a gravar e comercializar no Brasil seus próprios cilindros de cera. Contendo sons, discursos e, sobretudo músicas populares, esses cilindros, tocados publicamente em fonógrafos, tinham uma aura de magia e criavam extraordinária curiosidade na população. Embora o aspecto mágico tenha gradativamente se perdido, o aparecimento no início do século xx de registros sonoros em suporte na forma de disco, simplificou, consolidou e ampliou esse grande interesse e mercado. Foi nesse contexto que se gravou o lundu de Xisto Bahia “Isto é bom”, também interpretado por Baiano, considerado o primeiro registro fonográfico gravado em disco no Brasil. A gravação da matriz original ocorreu em janeiro de 1902, no Rio de Janeiro, sob responsabilidade da Casa Edison.
Apesar dessa trajetória, há uma série de fatores apresentados pela historiografia para justificar a seleção de “Pelo telefone” como um marco da moderna música popular urbana. O primeiro deles está relacionado com a intenção propositada do autor de registrá-la como um samba e a subsequente indicação do gênero no selo do disco como “samba carnavalesco”, fato raro no início do século xx, já que o samba urbano ainda não era um gênero muito bem definido e pouco atraente do ponto de vista comercial.
Além disso, a atitude de Donga, ao registrar a partitura da canção na Biblioteca Nacional, ultrapassava os tradicionais limites da criação coletiva e anônima da música popular da época. Ela já revelava uma postura de “compositor moderno”, que identifica a autoria individual para assegurar seus direitos sobre a composição e obter prestígio pessoal e retorno financeiro. A partitura manuscrita para piano de “Pelo Telefone” foi registrada na Biblioteca Nacional em 27 de novembro de 1916, e a primeira editada para divulgação comercial surgiu em 16 de dezembro de 1916. Em janeiro de 1917, foram realizadas três gravações pela Casa Edison, baseadas nestes registros públicos. A primeira e a terceira foram apenas instrumentais, realizadas, respectivamente, pela Banda Odeon e a Banda do Primeiro Batalhão da Polícia da Bahia. A segunda gravação, interpretada por Baiano e acompanhada somente de cavaquinho e violão, diferentemente das outras duas,atingiu grande repercussão no carnaval daquele ano. Esse seria outro elemento importante que críticos e historiadores da música popular destacam: o sucesso de público que a canção obteve, transformou-a em uma atraente mercadoria comercial.
Desse modo, na canção “Pelo telefone” estariam decantados os elementos da moderna música popular que somente apareceriam de modo evidente na virada dos anos 1920/1930: o gênero samba urbano composto por autor conhecido, gravado em fonogramas, com objetivo comercial e que obtém divulgação “de massa”. Portanto, essa canção teria dado início a uma nova fase da produção musical no país e, por isso, tornou-se uma referência histórica.
PELO TELEFONE
Autoria: Donga (Ernesto Joaquim Maria dos Santos) / Mauro de Almeida
O chefe da folia pelo telefone manda me avisar
que com alegria não se questione para se brincar
O chefe da folia pelo telefone manda me avisar
que com alegria não se questione para se brincar
Ai, ai,ai, deixa as mágoas para traz, o rapaz
Ai, ai,ai, fica triste se és capaz e verás
Ai, ai,ai, deixa as mágoas para traz, o rapaz
Ai, ai,ai, fica triste se és capaz e verás
Tomara que tu apanhes
Não tornes a fazer isso,
Tirar amores dos outros
Depois fazer seu feitiço (Bís)
Olha a rolinha, sinhô, sinhô
Se embaraçou sinhô, sinhô
Caiu no laço sinhô, sinhô
do nosso amor sinhô, sinhô
Porque este samba sinhô, sinhô
É de arrepiar sinhô, sinhô
Põe perna bamba sinhô, sinhô
Mas faz gozar
O chefe da polícia pelo telefone, manda me avisar
Que na carioca tem uma roleta , para se jogar
O chefe da polícia pelo telefone, manda me avisar
Que na carioca tem uma roleta , para se jogar...
CENTENÁRIO DO HINO NACIONAL
CENTENÁRIO DA LETRA DO HINO NACIONAL BRASILEIRO
Ele foi tocado pela primeira vez em 1831 e só em 1909 ganhou a letra de Joaquim Osório Duque Estrada.
Em 300 anos de história, o Brasil, a rigor, não teve hino algum que fosse seu.
A história do Hino Nacional Brasileiro é pouco divulgada e geralmente se limita a uma breve referência aos autores da letra e da música. No entanto, ela é riquíssima e reflete os momentos mais importantes de nossa História.
O hino Brasileiro nasceu ao calor das agitações populares, num dos momentos mais dramáticos de nossa História, quando a independência do Brasil vacilava em razão dos desmandos autoritários do mesmo soberano que a proclamara. Para comemorar a abdicação de D. Pedro I, forçada pelo clamor dos patriotas, Manuel da Silva (discípulo de José Maurício e, por algum tempo, de Segismundo Newkomn) refez o hino, que criara em 1822, para saudar nossa emancipação política e que se transformou num grito de rebeldia da Pátria livre contra a tutela portuguesa.
Por mais incrível que pareça, durante quase um século, o Hino Nacional Brasileiro foi executado sem ter, oficialmente, uma letra. As muitas tentativas de acrescentar um texto à música não vingaram.
Até que em 1906 o escritor Coelho Neto subiu a tribuna da Câmara dos Deputados e propôs que se fizesse, para ele, “um poema condigno” Em 1908, o Ministro da Justiça, Dr. Augusto Tavares de Lira, nomeou uma comissão para rever esse Hino, integrada por Alberto Nepomuceno, então Diretor do Instituto Nacional de Música, e dos maestros, Francisco Braga e Frederico Nascimento Sugerida a abertura de um concurso para a escolha da melhor letra, e autorizado o governo a criar um prêmio de Dois Contos de Réis, vários poemas concorreram, destacando-se o de Joaquim Osório Duque Estrada.
Data de outubro de 1909 o seu “ Projeto de Letra Para o Hino Nacional Brasileiro “, cujos versos iniciais eram os seguintes: “ Ouviram do Ipiranga às margens plácidas / Da Independência o brado retumbante / E o sol da liberdade, em raios fúlgidos / Brilhou no céu da pátria nesse instante“.
Em 1916, o poeta introduziu modificações no poema. A 21 de agosto de 1922, o Decreto nº 4.559 autorizou o Poder Executivo a adquirir a propriedade dos versos, e a seis de setembro do mesmo ano – isto é, na véspera do dia em que se comemorou o Centenário da Independência, o Decreto nº 15.671, declarava oficial essa letra. O Deputado Lourenço Baeta Neves, a 23 de junho de 1936, apresentou um projeto de lei que tornava obrigatório o canto do Hino Nacional nas escolas primárias e nos estabelecimentos de ensino normal, em todo o país.
A promulgação do Decreto nº 259, de 1º de outubro de 1936, pelo Presidente, Getulio Dorneles Vargas, além da obrigatoriedade “nos estabelecimentos de ensino mantidos ou não pelos poderes públicos“, consagrou a orquestração de Leopoldo Miguez; a instrumentação para bandas, do 2º Tenente Antonio Pinto Junior do Corpo de Bombeiros do então, Distrito Federal, no tom original de si-bemól; e, para canto, em fá, o trabalho de Alberto Nepomuceno.
E o Hino Nacional Brasileiro (um dos mais bonitos do mundo) com letra de Joaquim Osório Duque Estrada e música de Francisco Manuel da Silva ficou como conhecemos hoje.
HINO NACIONAL BRASILEIRO
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
Ele foi tocado pela primeira vez em 1831 e só em 1909 ganhou a letra de Joaquim Osório Duque Estrada.
Em 300 anos de história, o Brasil, a rigor, não teve hino algum que fosse seu.
A história do Hino Nacional Brasileiro é pouco divulgada e geralmente se limita a uma breve referência aos autores da letra e da música. No entanto, ela é riquíssima e reflete os momentos mais importantes de nossa História.
O hino Brasileiro nasceu ao calor das agitações populares, num dos momentos mais dramáticos de nossa História, quando a independência do Brasil vacilava em razão dos desmandos autoritários do mesmo soberano que a proclamara. Para comemorar a abdicação de D. Pedro I, forçada pelo clamor dos patriotas, Manuel da Silva (discípulo de José Maurício e, por algum tempo, de Segismundo Newkomn) refez o hino, que criara em 1822, para saudar nossa emancipação política e que se transformou num grito de rebeldia da Pátria livre contra a tutela portuguesa.
Por mais incrível que pareça, durante quase um século, o Hino Nacional Brasileiro foi executado sem ter, oficialmente, uma letra. As muitas tentativas de acrescentar um texto à música não vingaram.
Até que em 1906 o escritor Coelho Neto subiu a tribuna da Câmara dos Deputados e propôs que se fizesse, para ele, “um poema condigno” Em 1908, o Ministro da Justiça, Dr. Augusto Tavares de Lira, nomeou uma comissão para rever esse Hino, integrada por Alberto Nepomuceno, então Diretor do Instituto Nacional de Música, e dos maestros, Francisco Braga e Frederico Nascimento Sugerida a abertura de um concurso para a escolha da melhor letra, e autorizado o governo a criar um prêmio de Dois Contos de Réis, vários poemas concorreram, destacando-se o de Joaquim Osório Duque Estrada.
Data de outubro de 1909 o seu “ Projeto de Letra Para o Hino Nacional Brasileiro “, cujos versos iniciais eram os seguintes: “ Ouviram do Ipiranga às margens plácidas / Da Independência o brado retumbante / E o sol da liberdade, em raios fúlgidos / Brilhou no céu da pátria nesse instante“.
Em 1916, o poeta introduziu modificações no poema. A 21 de agosto de 1922, o Decreto nº 4.559 autorizou o Poder Executivo a adquirir a propriedade dos versos, e a seis de setembro do mesmo ano – isto é, na véspera do dia em que se comemorou o Centenário da Independência, o Decreto nº 15.671, declarava oficial essa letra. O Deputado Lourenço Baeta Neves, a 23 de junho de 1936, apresentou um projeto de lei que tornava obrigatório o canto do Hino Nacional nas escolas primárias e nos estabelecimentos de ensino normal, em todo o país.
A promulgação do Decreto nº 259, de 1º de outubro de 1936, pelo Presidente, Getulio Dorneles Vargas, além da obrigatoriedade “nos estabelecimentos de ensino mantidos ou não pelos poderes públicos“, consagrou a orquestração de Leopoldo Miguez; a instrumentação para bandas, do 2º Tenente Antonio Pinto Junior do Corpo de Bombeiros do então, Distrito Federal, no tom original de si-bemól; e, para canto, em fá, o trabalho de Alberto Nepomuceno.
E o Hino Nacional Brasileiro (um dos mais bonitos do mundo) com letra de Joaquim Osório Duque Estrada e música de Francisco Manuel da Silva ficou como conhecemos hoje.
HINO NACIONAL BRASILEIRO
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
de um povo heróico o brado retumbante,
e o sol da liberdade, em raios fúlgidos,
brilhou no céu da pátria nesse instante.
Se o penhor dessa igualdade
conseguimos conquistar com braço forte,
em teu seio,
ó liberdade,
desafia o nosso peito a própria morte!
Ó pátria amada,
idolatrada,
salve! salve!
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
de amor e de esperança à terra desce,
se em teu formoso céu, risonho e límpido,
a imagem do cruzeiro resplandece.
gigante pela própria natureza,
és belo, és forte, impávido colosso,
e o teu futuro espelha essa grandeza.
terra adorada,
entre outras mil,
és tu,
Brasil,
ó pátria amada!
dos filhos deste solo és mãe gentil,
pátria amada,
Brasil!
Deitado eternamente em berço esplêndido,
ao som do mar e à luz do céu profundo,
fulguras, ó Brasil, florão da América,
iluminado ao sol do novo mundo!
do que a terra mais garrida,
teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
"nossos bosques tem mais vida,"
"nossa vida" no teu seio "mais amores".
Ó pátria amada,
idolatrada,
salve! salve!
.Brasil, de amor eterno seja símbolo
o lábaro que ostentas estrelado,
e diga o verde-louro dessa flâmula
paz no futuro e glória no passado.
mas, se ergues da justiça a clava forte,
verás que um filho teu não foge à luta,
nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada,
entre outras mil,és tu, Brasil,
Ó pátria amada!
dos filhos deste solo és mãe gentil,
pátria amada,
Brasil!
O DIA DO FICO
"Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação diga ao povo que fico"
(D. Pedro, 9 de janeiro de 1822)
DIA DO FICO
O ano de 1822 começou dramaticamente para D. Pedro. Foi no dia 1º de janeiro que ele recebeu a petição escrita por José Bonifácio e assinada por toda a junta provincial da cidade. Até então, apesar de alguns cartazes espalhados pelas ruas do Rio e das manifestações cada vez mais entusiásticas que vinha recebendo nas ruas ou no teatro, D. Pedro não registrara nenhum sinal claro de apoio à sua permanência no Brasil. Mas a carta de Bonifácio era tocante. Segundo ela, as Cortes de Lisboa, baseadas “no despropósito e no despotismo”, buscavam impor ao Brasil “um sistema de anarquia e escravidão”. Movidos por uma “nobre indignação”, os paulistas estavam “prontos a derramar a última gota do seu sangue e a sacrificar todas as suas posses para não perder o adorado príncipe”, em quem colocavam “suas bem-fundamentadas esperanças de felicidade e honra nacional”.
Os cariocas, que pensavam da mesma maneira, organizaram um abaixo-assinado com 8.000 nomes e o entregaram ao príncipe uma semana depois, numa cerimônia realizada ao meio-dia de 9 de janeiro. Depois de ler o documento, D. Pedro anunciou solenemente sua decisão: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico”. Reunido defronte do Paço Municipal, o povo saudou a decisão do príncipe. No dia 11, as tropas portuguesas tentaram obrigar o príncipe a embarcar para Lisboa. Apoiado pelo povo e por tropas leais, D. Pedro resistiu. A independência, agora, era uma questão de tempo.
A petição de José Bonifácio e o abaixo-assinado que resultou no “Dia do Fico” marcaram a aproximação entre D. Pedro e a facção mais conservadora da elite brasileira, formada por homens que, na maioria, tinham freqüentado a Universidade de Coimbra e partilhavam da idéia de um império luso-brasileiro – a elite coimbrã. Cinco dias depois de expulsar do Rio as tropas lusas, comandadas pelo general Avilez (com cuja mulher tinha um caso), D. Pedro organizou um novo ministério e, para liderá-lo, escolheu José Bonifácio de Andrade e Silva - nome mais destacado da elite coimbrã. Em 1º de agosto, declarou inimigas todas as tropas enviadas de Portugal sem o seu consentimento. No dia 14, partiu para São Paulo para contornar uma crise na Província. No dia 2 de setembro, no Rio, D. Leopoldina leu as cartas chegadas de Lisboa com as abusivas decisões das Cortes. Reuniu os ministros e enviou mensageiros a D. Pedro.
No dia 7 de setembro, sofrendo com diarréia, o príncipe recebeu as cartas às margens do Ipiranga e concluiu que era hora de romper com a metrópole. No dia seguinte, já recuperado, após a noite com a nova amante, iniciou a viagem de retorno ao Rio de Janeiro, onde chegou no tempo recorde de cinco dias, deixando toda a tropa dez horas para trás. Na capital, foi saudado como herói. Em 1º de dezembro, aos 24 anos, foi coroado não rei, mas imperador, para mostrar que, apesar do direito monárquico, também fora eleito pelo “povo”. O povo em breve se decepcionaria.
DIA DO FICO
G.R.E.S. BEIJA-FLOR – 1962
Compositor: Cabana
"Como é para o bem de todose felicidade geral da nação
diga ao povo que fico"
Isto aconteceu
No dia nove de janeiro
de mil oitocentos e vinte e dois
Data que o brasileiro jamais esqueceu
Data bonita e palavras bem ditas
Que todo o povo aplaudiu
Preconizando D. Pedro I
O grande defensor perpétuo do Brasil
Foi uma data de glória
Exuberante em nossa história
Esta marcante vitória deste povo varonil
Também exaltamos agora
Homens que lutaram pelo"Fico" no Brasil
José Clemente Pereira e
José Bonifácio
Que entregaram no palácio a petição
Rogando a D. Pedro I
Que permanecesse em nossa nação
(D. Pedro, 9 de janeiro de 1822)
DIA DO FICO
O ano de 1822 começou dramaticamente para D. Pedro. Foi no dia 1º de janeiro que ele recebeu a petição escrita por José Bonifácio e assinada por toda a junta provincial da cidade. Até então, apesar de alguns cartazes espalhados pelas ruas do Rio e das manifestações cada vez mais entusiásticas que vinha recebendo nas ruas ou no teatro, D. Pedro não registrara nenhum sinal claro de apoio à sua permanência no Brasil. Mas a carta de Bonifácio era tocante. Segundo ela, as Cortes de Lisboa, baseadas “no despropósito e no despotismo”, buscavam impor ao Brasil “um sistema de anarquia e escravidão”. Movidos por uma “nobre indignação”, os paulistas estavam “prontos a derramar a última gota do seu sangue e a sacrificar todas as suas posses para não perder o adorado príncipe”, em quem colocavam “suas bem-fundamentadas esperanças de felicidade e honra nacional”.
Os cariocas, que pensavam da mesma maneira, organizaram um abaixo-assinado com 8.000 nomes e o entregaram ao príncipe uma semana depois, numa cerimônia realizada ao meio-dia de 9 de janeiro. Depois de ler o documento, D. Pedro anunciou solenemente sua decisão: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico”. Reunido defronte do Paço Municipal, o povo saudou a decisão do príncipe. No dia 11, as tropas portuguesas tentaram obrigar o príncipe a embarcar para Lisboa. Apoiado pelo povo e por tropas leais, D. Pedro resistiu. A independência, agora, era uma questão de tempo.
A petição de José Bonifácio e o abaixo-assinado que resultou no “Dia do Fico” marcaram a aproximação entre D. Pedro e a facção mais conservadora da elite brasileira, formada por homens que, na maioria, tinham freqüentado a Universidade de Coimbra e partilhavam da idéia de um império luso-brasileiro – a elite coimbrã. Cinco dias depois de expulsar do Rio as tropas lusas, comandadas pelo general Avilez (com cuja mulher tinha um caso), D. Pedro organizou um novo ministério e, para liderá-lo, escolheu José Bonifácio de Andrade e Silva - nome mais destacado da elite coimbrã. Em 1º de agosto, declarou inimigas todas as tropas enviadas de Portugal sem o seu consentimento. No dia 14, partiu para São Paulo para contornar uma crise na Província. No dia 2 de setembro, no Rio, D. Leopoldina leu as cartas chegadas de Lisboa com as abusivas decisões das Cortes. Reuniu os ministros e enviou mensageiros a D. Pedro.
No dia 7 de setembro, sofrendo com diarréia, o príncipe recebeu as cartas às margens do Ipiranga e concluiu que era hora de romper com a metrópole. No dia seguinte, já recuperado, após a noite com a nova amante, iniciou a viagem de retorno ao Rio de Janeiro, onde chegou no tempo recorde de cinco dias, deixando toda a tropa dez horas para trás. Na capital, foi saudado como herói. Em 1º de dezembro, aos 24 anos, foi coroado não rei, mas imperador, para mostrar que, apesar do direito monárquico, também fora eleito pelo “povo”. O povo em breve se decepcionaria.
DIA DO FICO
G.R.E.S. BEIJA-FLOR – 1962
Compositor: Cabana
"Como é para o bem de todose felicidade geral da nação
diga ao povo que fico"
Isto aconteceu
No dia nove de janeiro
de mil oitocentos e vinte e dois
Data que o brasileiro jamais esqueceu
Data bonita e palavras bem ditas
Que todo o povo aplaudiu
Preconizando D. Pedro I
O grande defensor perpétuo do Brasil
Foi uma data de glória
Exuberante em nossa história
Esta marcante vitória deste povo varonil
Também exaltamos agora
Homens que lutaram pelo"Fico" no Brasil
José Clemente Pereira e
José Bonifácio
Que entregaram no palácio a petição
Rogando a D. Pedro I
Que permanecesse em nossa nação
CRUZ VERMELHA
CRUZ VERMELHA
A Cruz Vermelha Brasileira foi fundada em 5 de dezembro de 1908 e, desde então, tornou-se instituição modelar, da forma prevista nas Convenções de Genebra -, como em tempos de paz, levando ajuda a vítimas de catástrofes e desastres naturais (secas, enchentes, terremotos etc.) É reconhecida pelo governo brasileiro como sociedade de socorro voluntário, autônoma, auxiliar dos poderes públicos e, em particular, dos serviços militares de saúde, que segue os preceitos estabelecidos pelas Convenções de Genebra e os Princípios Fundamentais da Cruz Vermelha Internacional.
Seu primeiro presidente foi o Dr. Oswaldo Cruz, médico, patrono da Saúde Pública no Brasil, responsável pelas principais campanhas sanitaristas do início do século XX no Rio de Janeiro.
A idéia de se organizar a Cruz Vermelha internacional partiu de um jovem suíço, Henri Dunant, testemunha ocular da Batalha de Solferino, no norte da Itália, travada em 1859 entre os exércitos da França e da Itália de um lado e da Áustria de outro. Cerca de 40 mil homens ficaram no campo de batalha, mortos ou moribundos, sem que contassem com a assistência médica adequada. A vizinha cidade de Cstiglione se transformou em hospital provisório. Mas faltavam médicos e enfermeiros. Dunant organizou um corpo de voluntários para socorrê-los. O seu livro Uma recordação de Solferino, escrito em 1862, influenciou os governos de muitos países. Um ano mais tarde, os delegados de dezesseis países se reuniram em Genebra (Suíça) para pôr em prática a idéia de Durant e definir os princípios básicos que regiram a Cruz Vermelha. Uma cruz vermelha sobre campo branco foi o distintivo adotado por hospitais, ambulâncias, médicos e enfermeiros. Nos países onde predomina a religião muçulmana, a cruz foi substituída por meia-lua vermelha.
A 8 de agosto de 1864, os representantes diplomáticos de doze países se comprometeram, em nome de seus governos, a cuidar dos feridos de guerra, amigos e inimigos, sem distinção de credo ou de raças. Sucessivamente, os objetivos iniciais foram ampliados, incluindo-se os feridos da guerra naval (1907), prisioneiros de guerra (1929) e civis vítimas da guerra (1949).
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha, com sede em Genebra, recebeu duas vezes o Prêmio Nobel da Paz, em 1917 e em 1941.
A liga das Sociedades da Cruz Vermelha, fundada em 1919 e também com sede em Genebra, engloba quase todos os países do mundo, dedica-se a aliviar e socorrer as vítimas de catástrofes naturais e calamidades públicas, em tempo de paz.
À CRUZ VERMELHA
Poema escrito por Jorge Humberto
Solidariedade, palavra abrangente, mas solitária,
Que digam, os da Cruz Vermelha, sua demanda,
Filtrando a burocracia, em sua missão solidária,
Socorrendo os que sofrem, dilacerados na cama.
E é vê-los, no Teatro de guerra, sem protecção,
A correr de um lado para o outro, levando feridos
E os mui necessitados, fazendo o que o coração
Lhes dita sem medo dos beligerantes, foragidos.
O seu maior orgulho é estar perto dos doentes,
Socorrer quem precisa de sua ajuda constante,
E ter palavra de ânimo, para com os dementes.
E a farda que envergam, a ninguém envergonha,
Nem deixa mal visto, prontos a qualquer instante
A partir, seguindo o rumo certo da gran cegonha.
A Cruz Vermelha Brasileira foi fundada em 5 de dezembro de 1908 e, desde então, tornou-se instituição modelar, da forma prevista nas Convenções de Genebra -, como em tempos de paz, levando ajuda a vítimas de catástrofes e desastres naturais (secas, enchentes, terremotos etc.) É reconhecida pelo governo brasileiro como sociedade de socorro voluntário, autônoma, auxiliar dos poderes públicos e, em particular, dos serviços militares de saúde, que segue os preceitos estabelecidos pelas Convenções de Genebra e os Princípios Fundamentais da Cruz Vermelha Internacional.
Seu primeiro presidente foi o Dr. Oswaldo Cruz, médico, patrono da Saúde Pública no Brasil, responsável pelas principais campanhas sanitaristas do início do século XX no Rio de Janeiro.
A idéia de se organizar a Cruz Vermelha internacional partiu de um jovem suíço, Henri Dunant, testemunha ocular da Batalha de Solferino, no norte da Itália, travada em 1859 entre os exércitos da França e da Itália de um lado e da Áustria de outro. Cerca de 40 mil homens ficaram no campo de batalha, mortos ou moribundos, sem que contassem com a assistência médica adequada. A vizinha cidade de Cstiglione se transformou em hospital provisório. Mas faltavam médicos e enfermeiros. Dunant organizou um corpo de voluntários para socorrê-los. O seu livro Uma recordação de Solferino, escrito em 1862, influenciou os governos de muitos países. Um ano mais tarde, os delegados de dezesseis países se reuniram em Genebra (Suíça) para pôr em prática a idéia de Durant e definir os princípios básicos que regiram a Cruz Vermelha. Uma cruz vermelha sobre campo branco foi o distintivo adotado por hospitais, ambulâncias, médicos e enfermeiros. Nos países onde predomina a religião muçulmana, a cruz foi substituída por meia-lua vermelha.
A 8 de agosto de 1864, os representantes diplomáticos de doze países se comprometeram, em nome de seus governos, a cuidar dos feridos de guerra, amigos e inimigos, sem distinção de credo ou de raças. Sucessivamente, os objetivos iniciais foram ampliados, incluindo-se os feridos da guerra naval (1907), prisioneiros de guerra (1929) e civis vítimas da guerra (1949).
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha, com sede em Genebra, recebeu duas vezes o Prêmio Nobel da Paz, em 1917 e em 1941.
A liga das Sociedades da Cruz Vermelha, fundada em 1919 e também com sede em Genebra, engloba quase todos os países do mundo, dedica-se a aliviar e socorrer as vítimas de catástrofes naturais e calamidades públicas, em tempo de paz.
À CRUZ VERMELHA
Poema escrito por Jorge Humberto
Solidariedade, palavra abrangente, mas solitária,
Que digam, os da Cruz Vermelha, sua demanda,
Filtrando a burocracia, em sua missão solidária,
Socorrendo os que sofrem, dilacerados na cama.
E é vê-los, no Teatro de guerra, sem protecção,
A correr de um lado para o outro, levando feridos
E os mui necessitados, fazendo o que o coração
Lhes dita sem medo dos beligerantes, foragidos.
O seu maior orgulho é estar perto dos doentes,
Socorrer quem precisa de sua ajuda constante,
E ter palavra de ânimo, para com os dementes.
E a farda que envergam, a ninguém envergonha,
Nem deixa mal visto, prontos a qualquer instante
A partir, seguindo o rumo certo da gran cegonha.
UNE (UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES)
A União Nacional dos Estudantes (UNE) é a principal entidade estudantil brasileira. Representa os estudantes do ensino superior e tem sede em São Paulo, possuindo sub-sedes no Rio de Janeiro e Goiás.
Foi fundada em 1937, no I Congresso Nacional dos Estudantes, organizado na Casa do Estudante do Brasil no Rio de Janeiro com apoio do Centro acadêmico Cândido de Oliveira (CACO) da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e desde então foi protagonista das principais lutas sociais do povo brasileiro.
Foi precursora de importantes movimentos culturais brasileiros. O Centro Popular de Cultura (CPC) é o mais famoso deles que nos anos 60 animou a cena artística brasileira com novas e ousadas experiências no campo da pesquisa e da produção cultural. O CPC não foi a primeira tentativa da entidade na área cultural, mas foi a experiência mais vitoriosa e que se tornou um marco da cultura brasileira, unindo artistas, intelectuais e o movimento estudantil. O CPC tinha uma produção artística própria e não se limitava a aglutinar grupos de artistas já existentes: chegou a fundar um selo de discos, uma editora de livros, além de realizar produtos culturais importantes como o filme Cinco Vezes Favela.
Participaram do CPC nomes como Arnaldo Jabor, Cacá Diegues, Ferreira Gullar, Vianinha, entre outros.
De acordo com a União da Juventude Socialista, grupo organizado que encabeça a direção majoritária da entidade há mais de duas décadas, a UNE seria a maior promotora atual de mobilizações estudantis. Ainda de acordo com o grupo, representaria os interesses estudantis, atendendo demandas históricas do universo discente brasileiro.
Tal versão é questionada por diversos setores que atualmente fazem oposição à entidade. Para tais grupos, em sua maioria ligados aos conhecidos partidos de esquerda conhecidos como PSOL, PT, PSTU e PCO, a entidade não estaria defendendo os interesse dos estudantes de forma adequada. O atual grupo majoritário domina a UNE faz alguns anos.
O atual período que a UNE passa está se caracterizando por uma ação bem menos atuante como era no passado.
O motivo atribuído a esta situação é devida a atual situação política brasileira. Atualmente os líderes estudantis preferem se filiar a partidos políticos, para uma melhor atuação política do que atuar dentro da UNE.
HINO DA UNE
Carlos Lyra
União Nacional dos Estudantes
Mocidade brasileira
Nosso hino é nossa bandeira
De pé a jovem guarda,
A classe estudantil
Sempre na vanguarda
A trabalhar pelo Brasil
A nossa mensagem
De coragem
É que traz
Um canto de esperança
Prum Brasil em paz
A UNE reúne
Futuro e tradição
A UNE, a UNE,A UNE é união
A UNE, a UNE,A UNE somos nós
A UNE, a UNE,A UNE é nossa voz.
O DIA DA BANDEIRA
O DIA DA BANDEIRA
Após a Proclamação da República em 1889, surgiu a necessidade de criação de uma nova bandeira. Criada pelo advogado Ruy Barbosa, a bandeira provisória era bastante semelhante à bandeira estadunidense, fato que fez com que o marechal Deodoro da Fonseca vetasse o desenho.
Adotada pelo decreto de lei nº 4 de 19 de Novembro de 1889, a bandeira atual consiste em uma adaptação da antiga bandeira do império idealizada em 1820 por Jean-Baptiste Debret. O disco azul central foi idealizado pelo pintor Décio Vilares, já as estrelas, por Benjamin Constant. A inscrição “Ordem e Progresso” é fruto da influência do positivismo de Augusto Comte. Até hoje, a bandeira brasileira permanece inalterada, com exceção das estrelas, que segundo a Lei nº 8.421, de 11 de maio de 1992, devem ser atualizadas no caso de criação ou extinção de algum Estado.
Em seu sentido original, as cores verde e amarela simbolizavam respectivamente, as oliveiras em torno da casa real de Bragança e a casa imperial dos Habsburgos. Posteriormente, esses significados foram adaptados: a cor verde passou a simbolizar as nossas matas e florestas; o amarelo, o ouro e as riquezas minerais; a azul, o céu; a branca, a paz. Cada estrela disposta na bandeira corresponde a um Estado brasileiro; a única estrela que é situada acima na inscrição “Ordem e Progresso” é Spica, representante do Estado do Pará.
A bandeira nacional deve ser hasteada em todos os órgãos públicos, escolas, secretarias de governo, etc. Seu hasteamento deve ser feito pela manhã e a arriação no fim da tarde. A bandeira não pode ficar exposta à noite, a não ser que seja bastante iluminada. (TD)
Após a Proclamação da República em 1889, surgiu a necessidade de criação de uma nova bandeira. Criada pelo advogado Ruy Barbosa, a bandeira provisória era bastante semelhante à bandeira estadunidense, fato que fez com que o marechal Deodoro da Fonseca vetasse o desenho.
Adotada pelo decreto de lei nº 4 de 19 de Novembro de 1889, a bandeira atual consiste em uma adaptação da antiga bandeira do império idealizada em 1820 por Jean-Baptiste Debret. O disco azul central foi idealizado pelo pintor Décio Vilares, já as estrelas, por Benjamin Constant. A inscrição “Ordem e Progresso” é fruto da influência do positivismo de Augusto Comte. Até hoje, a bandeira brasileira permanece inalterada, com exceção das estrelas, que segundo a Lei nº 8.421, de 11 de maio de 1992, devem ser atualizadas no caso de criação ou extinção de algum Estado.
Em seu sentido original, as cores verde e amarela simbolizavam respectivamente, as oliveiras em torno da casa real de Bragança e a casa imperial dos Habsburgos. Posteriormente, esses significados foram adaptados: a cor verde passou a simbolizar as nossas matas e florestas; o amarelo, o ouro e as riquezas minerais; a azul, o céu; a branca, a paz. Cada estrela disposta na bandeira corresponde a um Estado brasileiro; a única estrela que é situada acima na inscrição “Ordem e Progresso” é Spica, representante do Estado do Pará.
A bandeira nacional deve ser hasteada em todos os órgãos públicos, escolas, secretarias de governo, etc. Seu hasteamento deve ser feito pela manhã e a arriação no fim da tarde. A bandeira não pode ficar exposta à noite, a não ser que seja bastante iluminada. (TD)
Hino à Bandeira Nacional
Letra: Olavo Bilac
Música: Francisco Braga
Salve, lindo pendão da esperança,
Salve, símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz.
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Em teu seio formoso retratas
Este céu de puríssimo azul,
A verdura sem par destas matas,
E o esplendor do Cruzeiro do Sul.
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Contemplando o teu vulto sagrado,
Compreendemos o nosso dever;
E o Brasil, por seus filhos amados,
Poderoso e feliz há de ser.
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
Sobre a imensa Nação Brasileira,
Nos momentos de festa ou de dor,
Paira sempre, sagrada bandeira,
Pavilhão da Justiça e do Amor!
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
No final da década de 1880, a monarquia brasileira estava numa situação de crise, pois representava uma forma de governo que não correspondia mais às mudanças sociais em processo. Fazia-se necessário a implantação de uma nova forma de governo, que fosse capaz de fazer o país progredir e avançar nas questões políticas, econômicas e sociais.
O povo estava descrente da Monarquia, mas não havia, na época, uma crença generalizada na República, por isso, o movimento de 15 de novembro de 1889 não teve participação popular. O povo assistiu, sem tomar parte, à proclamação da república.
No Rio de janeiro, os republicanos insistiram com o marechal Deodoro da Fonseca, para que ele chefiasse o movimento revolucionário que substituiria a Monarquia pela República. Depois de muita insistência dos revolucionários, Deodoro concordou em liderar o movimento.
No dia 15 de novembro de 1889, o Marechal com o apoio dos republicanos, demitiu o Conselho de Ministros e seu presidente. Na noite deste mesmo dia, o marechal assinou o manifesto proclamando a República no Brasil e instalando um governo provisório.
Após 67 anos, a monarquia chegava ao fim. No dia 18 de novembro, D.Pedro II e a família imperial partiam rumo à Europa. Tinha início a República Brasileira com o Marechal Deodoro da Fonseca assumindo provisoriamente o posto de presidente do Brasil. A partir de então, o pais seria governado por um presidente escolhido pelo povo através das eleições. Foi um grande avanço rumo a consolidação da democracia no Brasil.
HINO DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
Música: Leopoldo Miguez (1850/1902)
Letra: Medeiros e Albuquerque (1867/1934)
Seja um pálio de luz desdobrado.
Sob a larga amplidão destes céus
Este canto rebel que o passado
Vem remir dos mais torpes labéus!
Seja um hino de glória que fale
De esperança, de um novo porvir!
Com visões de triunfos embale
Quem por ele lutando surgir!
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Nós nem cremos que escravos outrora
Tenha havido em tão nobre País...
Hoje o rubro lampejo da aurora
Acha irmãos, não tiranos hostis.
Somos todos iguais!
Ao futuro Saberemos, unidos, levar
Nosso augusto estandarte que, puro,
Brilha, avante, da Pátria no altar!
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Se é mister que de peitos valentes
Haja sangue em nosso pendão,
Sangue vivo do herói Tiradentes
Batizou este audaz pavilhão!
Mensageiros de paz, paz queremos,
É de amor nossa força e poder
Mas da guerra nos transes supremos
Heis de ver-nos lutar e vencer!
Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
Do Ipiranga é preciso que o brado
Seja um grito soberbo de fé!
O Brasil já surgiu libertado,
Sobre as púrpuras régias de pé.
Eia, pois, brasileiros avante!
Verdes louros colhamos louçãos!
Seja o nosso País triunfante,
Livre terra de livres irmãos!
Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!
FREI TITO
FREI TITO DE ALENCAR LIMA
No dia 10 de agosto de 1974, o corpo do frade cearense Tito de Alencar Lima foi encontrado nas proximidades de Arbresle, sul da França, pendurado por uma corda nos galhos de um álamo. Frade dominicano, cearense, preso injustamente, torturado sem piedade, atormentado até a morte pela voz dos torturadores. Trinta e quatro anos depois, a cena trágica da sua morte é suficientemente forte para que não seja esquecida. Mas o Brasil precisa mesmo, mais que nunca, relembrar a energia e lucidez da juventude de Frei Tito, que acreditava no poder da mobilização para mudar os rumos do País.
Tito de Alencar Lima nasceu no dia 14 de setembro de 1945, em Fortaleza. De família humilde, com muito esforço ingressou no respeitável Liceu do Ceará, passando a militar na JEC (Juventude Estudantil Católica). Pessoa de Liderança firme, bem-humorado e carismático, logo ganhou respeito no Movimento Estudantil (ME) Envolvido no compromisso político através do evangelho, assumiu a direção da JEC em 1963 e foi morar em Recife. Em outubro de 1968, Frei Tito foi preso por estar participando de um congresso da clandestina UNE (União Nacional dos Estudantes) junto com estudantes e outros religiosos pela polícia e fichado pelo DOPS em Ibiúna. Foi fichado pela polícia e tornou-se alvo de perseguição da repressão militar, onde iniciou-se o seu martírio.
No início de 1970, Frei Tito foi torturado nos porões da “Operação Bandeirantes”. Cheio de hematomas, todo dolorido, sangrado, em desespero, tentou o suicídio, rompendo com uma gilete a artéria do braço. Foi ironicamente salvo pelos militares que temiam a repercussão negativa da morte do religioso. Na prisão, ele escreveu sobre a sua tortura e o documento correu pelo mundo e se transformou em símbolo de luta pelos direitos humanos. Em 71 foi deportado para o Chile e, sob a ameaça de novamente ser preso, fugiu para a Itália. Em Roma, não encontrou apoio da Igreja Católica, por ser considerado um “frade terrorista”. De Roma foi para Paris, onde encontrou o tão esperado refúgio, recebendo apoio dos dominicanos.
Traumatizado pela tortura que sofreu, Frei Tito submeteu-se a um tratamento psiquiátrico. As torturas deixaram graves seqüelas psíquicas no religioso. Imaginava o rosto de Fleury (Sergio Paranhos Fleury, delegado que comandou a repressão) em todos os lugares. Vivia quebrado. Deprimido, em agosto de 1974 comete suicídio, enforcando-se numa árvore.
A causa da morte – suspeita de suicídio – tornou-se um enigma. Foi enterrado no cemitério dominicano Sainte Maire de La Tourrete, em L´Abresle.
Apenas em 25 de março de 1983 seus restos mortais foram transladados para Fortaleza e para serem enterrados no Cemitério São João Batista. Antes de chegar a Fortaleza, passou por São Paulo, onde foi realizada uma celebração litúrgica em memória dos mortos pela ditadura de 1964: o próprio Frei Tito e Alexandre Vannuchi. Cercado por bispos e numeroso grupo de sacerdotes, D. Paulo Evaristo Arns repudiou a tragédia da tortura em missa de corpo presente acompanhada por mais de 4 mil pessoas.
Finalmente descansaria na terra natal, junto ao povo e país que tanto amava. Sua luta e sofrimentos não foram em vão. Dois anos depois, a ditadura cairia
POEMA
Quando secar o rio da minha infância.
No dia 10 de agosto de 1974, o corpo do frade cearense Tito de Alencar Lima foi encontrado nas proximidades de Arbresle, sul da França, pendurado por uma corda nos galhos de um álamo. Frade dominicano, cearense, preso injustamente, torturado sem piedade, atormentado até a morte pela voz dos torturadores. Trinta e quatro anos depois, a cena trágica da sua morte é suficientemente forte para que não seja esquecida. Mas o Brasil precisa mesmo, mais que nunca, relembrar a energia e lucidez da juventude de Frei Tito, que acreditava no poder da mobilização para mudar os rumos do País.
Tito de Alencar Lima nasceu no dia 14 de setembro de 1945, em Fortaleza. De família humilde, com muito esforço ingressou no respeitável Liceu do Ceará, passando a militar na JEC (Juventude Estudantil Católica). Pessoa de Liderança firme, bem-humorado e carismático, logo ganhou respeito no Movimento Estudantil (ME) Envolvido no compromisso político através do evangelho, assumiu a direção da JEC em 1963 e foi morar em Recife. Em outubro de 1968, Frei Tito foi preso por estar participando de um congresso da clandestina UNE (União Nacional dos Estudantes) junto com estudantes e outros religiosos pela polícia e fichado pelo DOPS em Ibiúna. Foi fichado pela polícia e tornou-se alvo de perseguição da repressão militar, onde iniciou-se o seu martírio.
No início de 1970, Frei Tito foi torturado nos porões da “Operação Bandeirantes”. Cheio de hematomas, todo dolorido, sangrado, em desespero, tentou o suicídio, rompendo com uma gilete a artéria do braço. Foi ironicamente salvo pelos militares que temiam a repercussão negativa da morte do religioso. Na prisão, ele escreveu sobre a sua tortura e o documento correu pelo mundo e se transformou em símbolo de luta pelos direitos humanos. Em 71 foi deportado para o Chile e, sob a ameaça de novamente ser preso, fugiu para a Itália. Em Roma, não encontrou apoio da Igreja Católica, por ser considerado um “frade terrorista”. De Roma foi para Paris, onde encontrou o tão esperado refúgio, recebendo apoio dos dominicanos.
Traumatizado pela tortura que sofreu, Frei Tito submeteu-se a um tratamento psiquiátrico. As torturas deixaram graves seqüelas psíquicas no religioso. Imaginava o rosto de Fleury (Sergio Paranhos Fleury, delegado que comandou a repressão) em todos os lugares. Vivia quebrado. Deprimido, em agosto de 1974 comete suicídio, enforcando-se numa árvore.
A causa da morte – suspeita de suicídio – tornou-se um enigma. Foi enterrado no cemitério dominicano Sainte Maire de La Tourrete, em L´Abresle.
Apenas em 25 de março de 1983 seus restos mortais foram transladados para Fortaleza e para serem enterrados no Cemitério São João Batista. Antes de chegar a Fortaleza, passou por São Paulo, onde foi realizada uma celebração litúrgica em memória dos mortos pela ditadura de 1964: o próprio Frei Tito e Alexandre Vannuchi. Cercado por bispos e numeroso grupo de sacerdotes, D. Paulo Evaristo Arns repudiou a tragédia da tortura em missa de corpo presente acompanhada por mais de 4 mil pessoas.
Finalmente descansaria na terra natal, junto ao povo e país que tanto amava. Sua luta e sofrimentos não foram em vão. Dois anos depois, a ditadura cairia
POEMA
Quando secar o rio da minha infância.
Quando secar o rio da minha infância
secará toda dor.Quando os regatos límpidos de meu ser secarem
minh'alma perderá sua força.
Buscarei, então,
pastagens distantes- lá onde o ódio não tem teto para repousar.
Ali erguerei uma tenda junto aos bosques.
Todas as tardes me deitarei na relvae nos dias silenciosos,
farei minha oração.
Meu eterno canto de amor:
expressão pura da minha mais profunda angústia.
Nos dias primaverís, colherei florespara meu jardim da saudade.
Assim, externarei a lembrança de um passado sombrio.
Paris, 12 de outubro de 1972
Frei Tito
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
A GUERRILHA DO ARAGUAIA
GUERRILHA DO ARAGUAIA
Após a promulgação do Ato Institucional n. 5 os militares criaram um beco sem saída para a oposição, que viu como única opção a luta armada. Os militares tiveram que enfrentar a guerrilha urbana e rural contra a ditadura. A Guerrilha do Araguaia, identificada em 1972, era uma organização com cerca de setenta militantes do PC do B que montaram a guerrilha nas selvas amazônicas, na região do Araguaia, sul do Pará. Conforme BARROS (1991, p.65), a guerrilha estava organizada com três colunas de combate: próxima ao povoado de Santa Isabel (sob direção de Osvaldo Orlando Costa - "Osvaldão", o segundo tenente da reserva do CPOR); perto da localidade de Xambioá, dirigida por Paulo Mendes Rodrigues, e na área de Apirragés, sob comando do médico gaúcho João Carlos Haas Sobrinho. A Guerrilha estava dispersa em uma área de 7 mil Km2, resistindo ao cerco de 12 mil homens do Exército, Aeronáutica e Marinha. A Guerrilha só foi aniquilada em 1975 e, segundo a imprensa, 59 guerrilheiros foram mortos. Durante os anos de luta, a população do Araguaia foi bastante torturada. Somente em 1978, em uma reportagem do Coojornal, é que a população veio a saber da luta no Araguaia. José Genuíno Neto, hoje Deputado Federal do PT, um dos poucos sobreviventes da Guerrilha. Segundo ele, "a estratégia da guerra popular prolongada já havia dado certo na China e no Vietnã, e nas condições brasileiras, em um Estado moderno, a guerra popular poderia ser incompatível" (apud: COUTO, 1998, p.114).
Apesar da operação extremamente violenta e custosa de extermínio da Guerrilha, passou praticamente despercebida pela imprensa. Poucos jornais publicaram reportagens em 1972. Entre os recortes sobre o tema Araguaia encontra-se a matéria de setembro de 1972 do Estado de S. Paulo, segundo a qual: "Há cerca de cinco mil homens do Exército, Marinha e Aeronáutica na margem esquerda do Rio Araguaia, em Goiás. Eles estão procurando terroristas que há seis anos se instalaram na região e começaram a doutrinar pessoas que moram em Xambió, cidade na margem direita do Araguaia". Entre os recortes ainda se encontra uma matéria no Jornal Movimento de 17 de julho de 1978, que além de revelar a história da Guerrilha do Araguaia, traz um resumo da reportagem "Operação Araguaia" publicada no Coojornal em junho de 1978. Esta reportagem quebrou um dos maiores tabus da imprensa brasileira, sendo a única reportagem sobre o assunto, depois de 6 anos. A maioria dos recortes são de 1979, que corresponde ao ano em que cada vez mais as especificidades da Guerrilha eram reveladas. Neles encontram-se depoimentos de sobreviventes, como do Deputado José Genuíno, matérias sobre militares desaparecidos, como dos irmãos Jorge e Israel Domingos dos Santos, que combateram a Guerrilha sob as ordens do general Hugo Abreu.
POEMA
Na Guerrilha do Araguaia
Morreu muitos Brasileiros
Políticos e Camponês
Mais teve uns que sofreram
Sendo assim torturado
Passando por desespero
Quando fala na Guerrilha
Tem gente que não conhece
Mais tem alguns que tem medo
E tudo logo se esquece
E quem escapou da morte
Ainda hoje padece (...)
Trechos do poema .Guerrilha do Araguaia; tortura dor e sofrimento..
Literatura de Cordel.
Após a promulgação do Ato Institucional n. 5 os militares criaram um beco sem saída para a oposição, que viu como única opção a luta armada. Os militares tiveram que enfrentar a guerrilha urbana e rural contra a ditadura. A Guerrilha do Araguaia, identificada em 1972, era uma organização com cerca de setenta militantes do PC do B que montaram a guerrilha nas selvas amazônicas, na região do Araguaia, sul do Pará. Conforme BARROS (1991, p.65), a guerrilha estava organizada com três colunas de combate: próxima ao povoado de Santa Isabel (sob direção de Osvaldo Orlando Costa - "Osvaldão", o segundo tenente da reserva do CPOR); perto da localidade de Xambioá, dirigida por Paulo Mendes Rodrigues, e na área de Apirragés, sob comando do médico gaúcho João Carlos Haas Sobrinho. A Guerrilha estava dispersa em uma área de 7 mil Km2, resistindo ao cerco de 12 mil homens do Exército, Aeronáutica e Marinha. A Guerrilha só foi aniquilada em 1975 e, segundo a imprensa, 59 guerrilheiros foram mortos. Durante os anos de luta, a população do Araguaia foi bastante torturada. Somente em 1978, em uma reportagem do Coojornal, é que a população veio a saber da luta no Araguaia. José Genuíno Neto, hoje Deputado Federal do PT, um dos poucos sobreviventes da Guerrilha. Segundo ele, "a estratégia da guerra popular prolongada já havia dado certo na China e no Vietnã, e nas condições brasileiras, em um Estado moderno, a guerra popular poderia ser incompatível" (apud: COUTO, 1998, p.114).
Apesar da operação extremamente violenta e custosa de extermínio da Guerrilha, passou praticamente despercebida pela imprensa. Poucos jornais publicaram reportagens em 1972. Entre os recortes sobre o tema Araguaia encontra-se a matéria de setembro de 1972 do Estado de S. Paulo, segundo a qual: "Há cerca de cinco mil homens do Exército, Marinha e Aeronáutica na margem esquerda do Rio Araguaia, em Goiás. Eles estão procurando terroristas que há seis anos se instalaram na região e começaram a doutrinar pessoas que moram em Xambió, cidade na margem direita do Araguaia". Entre os recortes ainda se encontra uma matéria no Jornal Movimento de 17 de julho de 1978, que além de revelar a história da Guerrilha do Araguaia, traz um resumo da reportagem "Operação Araguaia" publicada no Coojornal em junho de 1978. Esta reportagem quebrou um dos maiores tabus da imprensa brasileira, sendo a única reportagem sobre o assunto, depois de 6 anos. A maioria dos recortes são de 1979, que corresponde ao ano em que cada vez mais as especificidades da Guerrilha eram reveladas. Neles encontram-se depoimentos de sobreviventes, como do Deputado José Genuíno, matérias sobre militares desaparecidos, como dos irmãos Jorge e Israel Domingos dos Santos, que combateram a Guerrilha sob as ordens do general Hugo Abreu.
POEMA
Na Guerrilha do Araguaia
Morreu muitos Brasileiros
Políticos e Camponês
Mais teve uns que sofreram
Sendo assim torturado
Passando por desespero
Quando fala na Guerrilha
Tem gente que não conhece
Mais tem alguns que tem medo
E tudo logo se esquece
E quem escapou da morte
Ainda hoje padece (...)
Trechos do poema .Guerrilha do Araguaia; tortura dor e sofrimento..
Literatura de Cordel.
Autor identificado por .Poeta Caveirinha: o Doutor da Poesia..
Adquirido pelo autor em Marabá-PA.
Araguaia
(Ednardo)
Quando eu me banho no meu AraguaiaE bebo da sua água sangre friaBichos caçados na noite e no diaBebem e se banham eles são comidos.Triste guerrilha, companheiro mortoSuor e sangue, brilho do corpoMedo sóMas se o corpo desse pó é póUm círio da luz dessa dorViolento amor há de voar
Araguaia
(Ednardo)
Quando eu me banho no meu AraguaiaE bebo da sua água sangre friaBichos caçados na noite e no diaBebem e se banham eles são comidos.Triste guerrilha, companheiro mortoSuor e sangue, brilho do corpoMedo sóMas se o corpo desse pó é póUm círio da luz dessa dorViolento amor há de voar
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
DOM HÉLDER CÂMARA
DOM HÉLDER CÂMARA
Nasceu em Fortaleza, em 7 de fevereiro de 1909. Era o décimo-primeiro de 13 filhos, dos quais somente oito conseguiram sobreviver a uma epidemia de gripe que assolou a região em 1905. O pai, João Câmara Filho, era guarda-livros de uma empresa comercial. A mãe, dona Adelaide Pessoa Câmara, era professora primária. Foi o pai quem escolheu o nome do filho, em homenagem a um pequeno porto situado na Holanda.
Aos 4 anos de idade, o pequeno Hélder já demonstrava especial atenção nas missas celebradas em sua comunidade e já queria ser padre. Muitas vezes, meninote, costumava brincar de celebrar missas, usando como acessórios caixas de sabonete vazias.
Em 1923, ingressa no Seminário Diocesano de Fortaleza, onde faz os cursos preparatórios e depois filosofia e teologia. Para ser ordenado sacerdote aos 22 anos de idade, o então pretendente Hélder recebeu uma autorização especial da Santa Sé, já que não tinha a idade mínima exigida. Logo no dia seguinte à sua ordenação celebrou sua primeira missa.
Com dois amigos, Dom Hélder fundou, em 1931, a Legião Cearense do Trabalho.
Dois anos depois, juntamente com lavadeiras, passadeiras e empregadas domésticas, criou a Sindicalização Operária Feminina Católica. Graças ao seu empenho como educador Dom Hélder Câmara se tornou uma espécie de Secretário da Educação do Estado do Ceará e, assim, contribuiu de maneira decisiva para a reforma do método de ensino e melhor desenvolvimento da educação pública do Ceará.
Em janeiro de 1936, Dom Hélder sai do Ceará com destino ao Rio de Janeiro, onde passa a se dedicar a atividades apostólicas e exerce as funções de Diretor Técnico do Ensino da Religião. É eleito Bispo em 20 de abril de 1952. Nessa época, com a CNBB já implantada, ajuda a criar o Conselho Episcopal Latino- Americano.
Irrequieto, idealizador, combativo e revolucionário, Dom Hélder desempenhou durante a vida papéis importantes nas mudanças sociais do país. Fundou em 1956 a Cruzada São Sebastião, no Rio, destinada a atender os favelados. Em 59, fundou o Banco da Previdência, cuja atuação se desenvolve especificamente na faixa da miséria. Foi diversas vezes delegado do Episcopado Brasileiro nas assembléias gerais realizadas fora do Brasil. Junto à Santa Sé, foi membro do Conselho Supremo de Migração, padre conciliar no Concílio Vaticano II e era conhecido no mundo todo pelo seu trabalho junto à pobreza.
Foi nomeado, em março de 1964, Arcebispo de Olinda e Recife e assumiu no dia 12 de abril, estabelecendo em Recife claro foco de resistência ao golpe militar, pela sua visão social. Criou o Governo Colegiado; a organização dos setores pastorais; criou o Movimento Encontro de Irmãos, e criou também a Comissão de Justiça e Paz.
Em l969, recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade de Saint Louis, Estados Unidos. E daí em diante não parou mais: recebeu títulos de doutor honoris causa em Direito e Teologia em várias universidades da Bélgica, Suíça, Alemanha, Holanda, Itália, Canadá e Estados Unidos, além dos títulos que recebeu nas universidades brasileiras. A coragem de Dom Hélder o transforma em personagem do mundo, um símbolo de resistência à ditadura.
Em 1972, seu nome é indicado para o Prêmio Nobel da Paz. O governo militar, no entanto, destrói sua candidatura: divulga na Europa um dossiê acusando o arcebispo de ter sido comunista.
A partir de 1978, o governo brasileiro inicia uma lenta abertura política. Aos poucos, cessam as perseguições. Dom Hélder dedica-se mais do que nunca a aplicar a Teologia da Libertação em sua arquidiocese.
Em 1985, ao se aposentar, deixa mais de quinhentas comunidades de base organizadas, que reúnem operários, trabalhadores rurais, retirantes e pescadores, em luta por melhores condições de vida. Dom Hélder participa da campanha pelas Diretas Já.
Pouco depois, durante a Assembléia Nacional Constituinte, percorre DOM HÉLDER CÂMARA
o país realizando debates e palestras de conscientização para a cidadania. Aos 80 anos de idade, sempre atuante, lança-se à articulação de uma campanha pela erradicação da miséria no país. A primeira e principal proposta é lutar por uma reforma agrária, para colocar o Brasil no caminho da justiça social.
Dom Hélder faleceu aos 90 anos, em 27 de agosto de 1999. Durante sua vida, recebeu o título de Cidadão Honorário de 28 cidades brasileiras e duas estrangeiras: a cidade de São Nicolau na Suiça e Rocamadour, na França.
(Estação Virtual)
Aos 4 anos de idade, o pequeno Hélder já demonstrava especial atenção nas missas celebradas em sua comunidade e já queria ser padre. Muitas vezes, meninote, costumava brincar de celebrar missas, usando como acessórios caixas de sabonete vazias.
Em 1923, ingressa no Seminário Diocesano de Fortaleza, onde faz os cursos preparatórios e depois filosofia e teologia. Para ser ordenado sacerdote aos 22 anos de idade, o então pretendente Hélder recebeu uma autorização especial da Santa Sé, já que não tinha a idade mínima exigida. Logo no dia seguinte à sua ordenação celebrou sua primeira missa.
Com dois amigos, Dom Hélder fundou, em 1931, a Legião Cearense do Trabalho.
Dois anos depois, juntamente com lavadeiras, passadeiras e empregadas domésticas, criou a Sindicalização Operária Feminina Católica. Graças ao seu empenho como educador Dom Hélder Câmara se tornou uma espécie de Secretário da Educação do Estado do Ceará e, assim, contribuiu de maneira decisiva para a reforma do método de ensino e melhor desenvolvimento da educação pública do Ceará.
Em janeiro de 1936, Dom Hélder sai do Ceará com destino ao Rio de Janeiro, onde passa a se dedicar a atividades apostólicas e exerce as funções de Diretor Técnico do Ensino da Religião. É eleito Bispo em 20 de abril de 1952. Nessa época, com a CNBB já implantada, ajuda a criar o Conselho Episcopal Latino- Americano.
Irrequieto, idealizador, combativo e revolucionário, Dom Hélder desempenhou durante a vida papéis importantes nas mudanças sociais do país. Fundou em 1956 a Cruzada São Sebastião, no Rio, destinada a atender os favelados. Em 59, fundou o Banco da Previdência, cuja atuação se desenvolve especificamente na faixa da miséria. Foi diversas vezes delegado do Episcopado Brasileiro nas assembléias gerais realizadas fora do Brasil. Junto à Santa Sé, foi membro do Conselho Supremo de Migração, padre conciliar no Concílio Vaticano II e era conhecido no mundo todo pelo seu trabalho junto à pobreza.
Foi nomeado, em março de 1964, Arcebispo de Olinda e Recife e assumiu no dia 12 de abril, estabelecendo em Recife claro foco de resistência ao golpe militar, pela sua visão social. Criou o Governo Colegiado; a organização dos setores pastorais; criou o Movimento Encontro de Irmãos, e criou também a Comissão de Justiça e Paz.
Em l969, recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade de Saint Louis, Estados Unidos. E daí em diante não parou mais: recebeu títulos de doutor honoris causa em Direito e Teologia em várias universidades da Bélgica, Suíça, Alemanha, Holanda, Itália, Canadá e Estados Unidos, além dos títulos que recebeu nas universidades brasileiras. A coragem de Dom Hélder o transforma em personagem do mundo, um símbolo de resistência à ditadura.
Em 1972, seu nome é indicado para o Prêmio Nobel da Paz. O governo militar, no entanto, destrói sua candidatura: divulga na Europa um dossiê acusando o arcebispo de ter sido comunista.
A partir de 1978, o governo brasileiro inicia uma lenta abertura política. Aos poucos, cessam as perseguições. Dom Hélder dedica-se mais do que nunca a aplicar a Teologia da Libertação em sua arquidiocese.
Em 1985, ao se aposentar, deixa mais de quinhentas comunidades de base organizadas, que reúnem operários, trabalhadores rurais, retirantes e pescadores, em luta por melhores condições de vida. Dom Hélder participa da campanha pelas Diretas Já.
Pouco depois, durante a Assembléia Nacional Constituinte, percorre DOM HÉLDER CÂMARA
o país realizando debates e palestras de conscientização para a cidadania. Aos 80 anos de idade, sempre atuante, lança-se à articulação de uma campanha pela erradicação da miséria no país. A primeira e principal proposta é lutar por uma reforma agrária, para colocar o Brasil no caminho da justiça social.
Dom Hélder faleceu aos 90 anos, em 27 de agosto de 1999. Durante sua vida, recebeu o título de Cidadão Honorário de 28 cidades brasileiras e duas estrangeiras: a cidade de São Nicolau na Suiça e Rocamadour, na França.
(Estação Virtual)
♫ Ceará de Luz ♫
Ceará de luz
De serra, mar e sertão
De sal e sol
De permanente verão
Ceará um dia tupi
Tremembé, kariri, tabajara
Ceará nascido
Siriará e seara
Ceará, Dragão
Na porta do mar, disse não
Ceará de luz
Adeus escura escravidão
Ceará de luta
No passo do Conselheiro
Ceará de fé
De meu “padim Ciço”
E de cangaceiros
Ceará de gente
Valente, rebelde
Alegre e festiva
Ceará de Bárbara de Alencar
De dom Hélder e do Patativa
Ceará de índios
De brancos e negros
Na mesma canção
Ceará mestiço
O xote, o xaxado
A polca o baião
Poesia de Dom Hélder Câmara pela campanha da Anistia
O ramo com que partijá se transformou em árvore, / que nem eu sei / como tenho tido força / para carregar... / Também, / quando puder confiá-la / ao chão dos Homens / já não terá / que crescer... / É só florir e frutificar!...
De serra, mar e sertão
De sal e sol
De permanente verão
Ceará um dia tupi
Tremembé, kariri, tabajara
Ceará nascido
Siriará e seara
Ceará, Dragão
Na porta do mar, disse não
Ceará de luz
Adeus escura escravidão
Ceará de luta
No passo do Conselheiro
Ceará de fé
De meu “padim Ciço”
E de cangaceiros
Ceará de gente
Valente, rebelde
Alegre e festiva
Ceará de Bárbara de Alencar
De dom Hélder e do Patativa
Ceará de índios
De brancos e negros
Na mesma canção
Ceará mestiço
O xote, o xaxado
A polca o baião
Poesia de Dom Hélder Câmara pela campanha da Anistia
O ramo com que partijá se transformou em árvore, / que nem eu sei / como tenho tido força / para carregar... / Também, / quando puder confiá-la / ao chão dos Homens / já não terá / que crescer... / É só florir e frutificar!...
Em agosto de 79, foi aprovada a Lei da Anistia. O governo lançou mão de uma estratégia que se aproveitava da linguagem jurídica para anistiar os acusados de “crimes políticos e conexos”. Com o termo “conexos”, a mesma lei contemplou centenas de opositores ao regime, presos e exilados, como também milhares de criminosos por abusos de poder, torturadores e assassinos.
Atualmente volta a tona na imprensa a polêmica sobre essa lei, vejamos trecho de um artigo do jornalista Flávio Tavares:
“A lei da anistia quis pacificar época conturbada. Não há por que modificá-la, menos ainda congelá-la para apagar a história com um borrão de tinta. Vivemos em democracia civil muito mais tempo do que os 21 anos do regime militar e a anistia deve ser ferramenta para conhecer as entranhas daquele período. Sem medo. Ocultar o passado é ardil enganoso. Nesses anos prescreveram os crimes, o tempo esmaeceu tudo. A reconciliação (objeto fundamental da anistia) só se concretizará, porém, quando ambos os lados assumirem, de público, o que fizeram.”
Atualmente volta a tona na imprensa a polêmica sobre essa lei, vejamos trecho de um artigo do jornalista Flávio Tavares:
“A lei da anistia quis pacificar época conturbada. Não há por que modificá-la, menos ainda congelá-la para apagar a história com um borrão de tinta. Vivemos em democracia civil muito mais tempo do que os 21 anos do regime militar e a anistia deve ser ferramenta para conhecer as entranhas daquele período. Sem medo. Ocultar o passado é ardil enganoso. Nesses anos prescreveram os crimes, o tempo esmaeceu tudo. A reconciliação (objeto fundamental da anistia) só se concretizará, porém, quando ambos os lados assumirem, de público, o que fizeram.”
JUSCELINO KUBITSCHEK
JUSCELINO KUBITSCHEK
Juscelino Kubitschek nasceu em Diamantina, MG, em 12 de setembro de 1902. Filho de João César de Oliveira, um caixeiro-viajante e de Júlia Kubitschek (professora), estudou no colégio onde a mãe lecionava até entrar para o seminário.
Após mudar-se para Belo Horizonte a fim de continuar seus estudos, Juscelino formou-se em Medicina em 1927 e durante alguns anos seguiu esta profissão. Seu primeiro envolvimento com a política ocorreu em 1934, quando foi nomeado chefe de gabinete do interventor federal em Minas Gerais, Benedito Valadares. No mesmo ano, elegeu-se deputado federal, cumprindo o mandato até 1937, ano que deu início ao Estado Novo.
Foi nomeado prefeito de Belo Horizonte em 1940 e começou a conquistar a projeção política que o levaria à Presidência da República quinze anos depois. Seu principal feito foi a construção do conjunto arquitetônico da Pampulha, num projeto do arquiteto, então iniciante, Oscar Niemeyer. Cumpriu seu segundo mandato de deputado federal a partir de 1945 e, cinco anos depois, foi eleito governador de Minas Gerais.
Associando sua imagem à modernização e industrialização do país, JK foi eleito presidente em 1955, com 36% dos votos. Um plano de metas intitulado "50 anos em 5" fundamentou a expansão industrial e urbanística do Brasil: estradas e hidrelétricas foram construídas e indústrias automobilísticas instalaram-se no país. Em 1959, foi lançado o primeiro Fusca fabricado no Brasil, um motivo de orgulho para o presidente e a população.
A construção da nova capital federal, Brasília, foi a grande realização de JK na Presidência. Durante três anos e meio, milhares homens trabalharam para erguer um nova cidade, que tinha como um de seus objetivos levar o desenvolvimento à região centro-oeste do país. O projeto arquitetônico de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer foi inaugurado em 21 de abril de 1960.
Ao final de seu mandato, JK foi eleito senador pelo estado de Goiás, mas acabou cassado pelo Golpe Militar de 1964. Após alguns anos de exílio, em 22 de agosto de 1976, JK morreu num acidente de carro em condições ainda não esclarecidas.
Admirador das serestas que marcam a tradição musical de Diamantina, Juscelino foi homenageado por sua terra natal com a criação do Dia da Seresta, uma festa que relembra seu aniversário com muita cantoria pelas ruas da cidade.
Simples, humano, compreensivo, solidário, dedicado e fraterno são adjetivos que definem o caráter e a personalidade do Presidente Juscelino Kubitschek.
Era um homem fiel aos seus antigos mestres, aos seus amigos e principalmente a seus princípios: verdade, justiça e democracia.
"Sou visceralmente democrata. Para mim, a liberdade é algo fundamental." (Presidente Juscelino Kubitschek)
De sua mãe, Dona Júlia, herdou firmeza e determinação no cumprimento de seus deveres; do pai, João César, a imaginação e o sonho foram características passadas que fizeram parte do homem Juscelino Kubitschek. Junto a essas características, adiciona-se um espírito desbravador e progressista.
O Presidente JK era um nacionalista, um crédulo na capacidade do povo brasileiro, conciliador e extremamente tolerante. Era um trabalhador incansável, tanto que em sua inquietude algumas poucas horas de sono bastavam para estar disposto a continuar suas tarefas.
Porém, também era um homem sempre de bom humor. Gostava de serenata e violão, alegria e otimismo conviviam com ele no dia a dia. Encantava-se com a alvorada, com um fim de tarde e com uma bela noite enluarada. O Presidente Juscelino era uma pessoa extrovertida, que deixava transparecer o que sentia e o que pensava, com vivacidade de espírito que irradiava uma juventude que transcendia a sua idade. Mas, ao mesmo tempo, seu cérebro era maduro, raciocinava com uma velocidade e normalmente concluía o pensamento de seus interlocutores antes mesmo que acabassem de proferi-lo.
Nas vicissitudes da vida jamais esmorecia, nunca desanimava, e encontrava forças para continuar sua missão: levar a democracia e o desenvolvimento a todo o Brasil.
Faleceu em 1976, em um desastre automobilístico, em circunstâncias até hoje pouco claras, no quilômetro 328 da Rodovia Presidente Dutra, na altura da cidade fluminense de Resende. Até hoje, o local do acidente é conhecido como "curva do JK". Mais de 300 mil pessoas assistiram a seu funeral em Brasília. Seus restos mortais estão no Memorial JK, construído em 1981 na Capital Federal por ele fundada.
Juscelino Kubitschek é, ainda hoje, um dos políticos mais admirados do cenário nacional, considerado um dos melhores presidentes que o Brasil já teve, por sua habilidade política, por suas realizações e pelo seu respeito às instituições democráticas.
♫ DE NONÔ A JK ♫
Mangueira – Samba enredo de 1981
(Compositores: Jurandir, Comprido e Arroz)
Em verde e rosa
a mangueira vem mostrar
o fascinante tema
de Nonô a JK
Juscelino Kubistchek de Oliveira
de uma lendária cidade mineira
o grande presidente popular
surgiu Nonô em diamantina
e uma chama divina
iluminou sua formação
subindo os degraus da glória
imortalizou-se na história
como chefe da nação ô ô
Em sua marcha progressista
o notável estadista
o planalto desbravou
Brasília o sonho dourado
que ele tanto acalentou
Juscelino descansa na fazenda
e os acordes de um violão
levam o povo a saudade
lembrado neste refrão
como pode um peixe vivo
viver fora d'água fria
Após mudar-se para Belo Horizonte a fim de continuar seus estudos, Juscelino formou-se em Medicina em 1927 e durante alguns anos seguiu esta profissão. Seu primeiro envolvimento com a política ocorreu em 1934, quando foi nomeado chefe de gabinete do interventor federal em Minas Gerais, Benedito Valadares. No mesmo ano, elegeu-se deputado federal, cumprindo o mandato até 1937, ano que deu início ao Estado Novo.
Foi nomeado prefeito de Belo Horizonte em 1940 e começou a conquistar a projeção política que o levaria à Presidência da República quinze anos depois. Seu principal feito foi a construção do conjunto arquitetônico da Pampulha, num projeto do arquiteto, então iniciante, Oscar Niemeyer. Cumpriu seu segundo mandato de deputado federal a partir de 1945 e, cinco anos depois, foi eleito governador de Minas Gerais.
Associando sua imagem à modernização e industrialização do país, JK foi eleito presidente em 1955, com 36% dos votos. Um plano de metas intitulado "50 anos em 5" fundamentou a expansão industrial e urbanística do Brasil: estradas e hidrelétricas foram construídas e indústrias automobilísticas instalaram-se no país. Em 1959, foi lançado o primeiro Fusca fabricado no Brasil, um motivo de orgulho para o presidente e a população.
A construção da nova capital federal, Brasília, foi a grande realização de JK na Presidência. Durante três anos e meio, milhares homens trabalharam para erguer um nova cidade, que tinha como um de seus objetivos levar o desenvolvimento à região centro-oeste do país. O projeto arquitetônico de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer foi inaugurado em 21 de abril de 1960.
Ao final de seu mandato, JK foi eleito senador pelo estado de Goiás, mas acabou cassado pelo Golpe Militar de 1964. Após alguns anos de exílio, em 22 de agosto de 1976, JK morreu num acidente de carro em condições ainda não esclarecidas.
Admirador das serestas que marcam a tradição musical de Diamantina, Juscelino foi homenageado por sua terra natal com a criação do Dia da Seresta, uma festa que relembra seu aniversário com muita cantoria pelas ruas da cidade.
Simples, humano, compreensivo, solidário, dedicado e fraterno são adjetivos que definem o caráter e a personalidade do Presidente Juscelino Kubitschek.
Era um homem fiel aos seus antigos mestres, aos seus amigos e principalmente a seus princípios: verdade, justiça e democracia.
"Sou visceralmente democrata. Para mim, a liberdade é algo fundamental." (Presidente Juscelino Kubitschek)
De sua mãe, Dona Júlia, herdou firmeza e determinação no cumprimento de seus deveres; do pai, João César, a imaginação e o sonho foram características passadas que fizeram parte do homem Juscelino Kubitschek. Junto a essas características, adiciona-se um espírito desbravador e progressista.
O Presidente JK era um nacionalista, um crédulo na capacidade do povo brasileiro, conciliador e extremamente tolerante. Era um trabalhador incansável, tanto que em sua inquietude algumas poucas horas de sono bastavam para estar disposto a continuar suas tarefas.
Porém, também era um homem sempre de bom humor. Gostava de serenata e violão, alegria e otimismo conviviam com ele no dia a dia. Encantava-se com a alvorada, com um fim de tarde e com uma bela noite enluarada. O Presidente Juscelino era uma pessoa extrovertida, que deixava transparecer o que sentia e o que pensava, com vivacidade de espírito que irradiava uma juventude que transcendia a sua idade. Mas, ao mesmo tempo, seu cérebro era maduro, raciocinava com uma velocidade e normalmente concluía o pensamento de seus interlocutores antes mesmo que acabassem de proferi-lo.
Nas vicissitudes da vida jamais esmorecia, nunca desanimava, e encontrava forças para continuar sua missão: levar a democracia e o desenvolvimento a todo o Brasil.
Faleceu em 1976, em um desastre automobilístico, em circunstâncias até hoje pouco claras, no quilômetro 328 da Rodovia Presidente Dutra, na altura da cidade fluminense de Resende. Até hoje, o local do acidente é conhecido como "curva do JK". Mais de 300 mil pessoas assistiram a seu funeral em Brasília. Seus restos mortais estão no Memorial JK, construído em 1981 na Capital Federal por ele fundada.
Juscelino Kubitschek é, ainda hoje, um dos políticos mais admirados do cenário nacional, considerado um dos melhores presidentes que o Brasil já teve, por sua habilidade política, por suas realizações e pelo seu respeito às instituições democráticas.
♫ DE NONÔ A JK ♫
Mangueira – Samba enredo de 1981
(Compositores: Jurandir, Comprido e Arroz)
Em verde e rosa
a mangueira vem mostrar
o fascinante tema
de Nonô a JK
Juscelino Kubistchek de Oliveira
de uma lendária cidade mineira
o grande presidente popular
surgiu Nonô em diamantina
e uma chama divina
iluminou sua formação
subindo os degraus da glória
imortalizou-se na história
como chefe da nação ô ô
Em sua marcha progressista
o notável estadista
o planalto desbravou
Brasília o sonho dourado
que ele tanto acalentou
Juscelino descansa na fazenda
e os acordes de um violão
levam o povo a saudade
lembrado neste refrão
como pode um peixe vivo
viver fora d'água fria
A ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA
A ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA
A Igreja Católica Romana crê e ensina que Maria, a mãe de nosso Senhor, subiu ao céu em corpo e alma. Sob o titulo de Assunção, os católicos romanos celebram três festas em honra a Maria: uma é a do trânsito de sua alma, sem o corpo, ao céu; outra é quando pouco depois se juntou e se reuniu a mesma alma com o corpo, e com inefável glória subiu ao céu; a terceira é de sua coroação como Rainha dos anjos e Senhora do universo. O imperador grego Mauricio (582-602) ordenou que a festa fosse celebrada em 15 de agosto, o que se faz até nossos dias, e por esse mesmo tempo também o Papa Gregório, o Grande, fixou a mesma data para o Oeste, onde anteriormente, por razoes desconhecidas, celebrava-se a festa em 18 de janeiro. A palavra "ASSUNÇÃO", que em um tempo se aplicava geralmente à morte dos santos, especialmente de mártires, e a sua entrada no céu, chegou a aplicar-se agora exclusivamente a Maria, e isso a distingue do termo "ascensão" no sentido de que esta é aplicada unicamente a Jesus Cristo, que ascendeu por seu próprio poder ao céu, enquanto a assunção significa que Maria foi levada por seu Filho ao céu.
Esta crença é uma derivação do dogma da perpétua virgindade e da imaculada conceição de Maria, e marca um passo mais na tendência romanista à exaltação de Maria como objeto de culto religioso. Antes de sua definição oficial, o Papa Pio XII havia consultado todos os bispos católicos do mundo, na Carta Apostólica "Deiparae Virginis", em 1 de maio de 1946, sobre a conveniência e possibilidade de declarar como dogma a crença na Assunção de Maria. A resposta do episcopado foi favorável à idéia da proclamação. E, com efeito, a 1 de novembro de 1950, o Papa Pio XII, na Constituição Apostólica "Munificentissimus Deus", fez o seguinte pronunciamento: "Nós pronunciamos, declaramos e definimos que é um dogma revelado por Deus, no qual a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, foi levada aos céus em corpo e alma quando terminou o curso de sua vida na terra."
Afirma-se que este novo dogma foi revelado por Deus, mas não se dão as razões bíblicas do caso. Os apologistas do dogma, no entanto, citam um ou outro versículo isolado das Escrituras, os quais, segundo eles, aludem indiretamente à conveniência da Assunção e glorificação de Maria. Naturalmente, os mesmos versículos que usam para provar a imaculada Conceição.
Mas é na tradição, propriamente, onde se pretende basear esta crença, argumentando-se que por ser dita tradição antiga e unânime na Igreja Primitiva, a mesma deve ter sido originada dos apóstolos. Mas quando se faz uma análise séria de tal posição, se descobre que não foi senão até o século VI que apareceram os primeiros indícios de que se comemorava a morte de Maria e começava a celebrar-se a festa da Assunção.
A lenda da Assunção é mencionada pela primeira vez nos fins do século IV em vários escritos apócrifos, como "La Dormición de Maria y El Trânsito de Maria", os quais foram expressamente condenados como apócrifos e heréticos pelo Papa Gelásio no index expurgatorious em princípios do século VI. Foi Gregório de Tours (594 d. C.) o primeiro escritor ortodoxo que os aceitou como autênticos, e, tempos depois, no século VIII, João Damasceno apresentou a Assunção como uma doutrina de antiga tradição católica. No entanto, Benedito XIV declarou, em 1840, que a tradição era insuficiente como doutrina, pois não tinha classe necessária para ser elevada ao nível de artigo de fé.
As várias tradições a que se recorre contêm marcadas discrepâncias entre si. "Sabido é que há duas tradições, uma favorável à morte de Maria, a outra favorável à sua imortalidade." "A opinião mais comum ensina que Maria ressuscitou ao terceiro dia, como Jesus Cristo; no entanto, alguns dizem que ressuscitou quinze dias depois de sua morte, e outros, quarenta." Nestes relatos há detalhes fantásticos, episódios inverossímeis e até suposições pueris que não se coadunam com o teor sério e autêntico dos Evangelhos canônicos.
Segundo essas tradições, a mãe de nosso Salvador, sendo já uma anciã e cansada de viver neste mundo, suplicou a seu Filho no céu que a levasse o quanto antes para estar com ele. Jesus então enviou-lhe um anjo para que lhe anunciasse sua morte, nova que Maria recebeu com imenso júbilo, mandando arrumar muitas velas e enfeitar o aposento. Para estar presente no momento da morte de Maria, todos os apóstolos, com exceção de Tomé, marcaram encontro em Belém, onde ela morava. João veio da cidade de Éfeso, cavalgando em uma nuvem, e do mesmo modo viajaram os demais apóstolos desde os diferentes países em que se encontravam pregando.
O feriado municipal pelo dia da padroeira do município, Nossa Senhora da Assunção, foi sancionado em dezembro de 2003, na gestão do então prefeito Juraci Magalhães, por meio da lei 8796. A lei transferiu o feriado do dia 8 de dezembro, dia de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, para o dia 15 de agosto, para celebrar o dia da padroeira de Fortaleza.
♫ Nossa Senhora ♫
(Composição: Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
Cubra-me com seu manto de amor
A Igreja Católica Romana crê e ensina que Maria, a mãe de nosso Senhor, subiu ao céu em corpo e alma. Sob o titulo de Assunção, os católicos romanos celebram três festas em honra a Maria: uma é a do trânsito de sua alma, sem o corpo, ao céu; outra é quando pouco depois se juntou e se reuniu a mesma alma com o corpo, e com inefável glória subiu ao céu; a terceira é de sua coroação como Rainha dos anjos e Senhora do universo. O imperador grego Mauricio (582-602) ordenou que a festa fosse celebrada em 15 de agosto, o que se faz até nossos dias, e por esse mesmo tempo também o Papa Gregório, o Grande, fixou a mesma data para o Oeste, onde anteriormente, por razoes desconhecidas, celebrava-se a festa em 18 de janeiro. A palavra "ASSUNÇÃO", que em um tempo se aplicava geralmente à morte dos santos, especialmente de mártires, e a sua entrada no céu, chegou a aplicar-se agora exclusivamente a Maria, e isso a distingue do termo "ascensão" no sentido de que esta é aplicada unicamente a Jesus Cristo, que ascendeu por seu próprio poder ao céu, enquanto a assunção significa que Maria foi levada por seu Filho ao céu.
Esta crença é uma derivação do dogma da perpétua virgindade e da imaculada conceição de Maria, e marca um passo mais na tendência romanista à exaltação de Maria como objeto de culto religioso. Antes de sua definição oficial, o Papa Pio XII havia consultado todos os bispos católicos do mundo, na Carta Apostólica "Deiparae Virginis", em 1 de maio de 1946, sobre a conveniência e possibilidade de declarar como dogma a crença na Assunção de Maria. A resposta do episcopado foi favorável à idéia da proclamação. E, com efeito, a 1 de novembro de 1950, o Papa Pio XII, na Constituição Apostólica "Munificentissimus Deus", fez o seguinte pronunciamento: "Nós pronunciamos, declaramos e definimos que é um dogma revelado por Deus, no qual a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, foi levada aos céus em corpo e alma quando terminou o curso de sua vida na terra."
Afirma-se que este novo dogma foi revelado por Deus, mas não se dão as razões bíblicas do caso. Os apologistas do dogma, no entanto, citam um ou outro versículo isolado das Escrituras, os quais, segundo eles, aludem indiretamente à conveniência da Assunção e glorificação de Maria. Naturalmente, os mesmos versículos que usam para provar a imaculada Conceição.
Mas é na tradição, propriamente, onde se pretende basear esta crença, argumentando-se que por ser dita tradição antiga e unânime na Igreja Primitiva, a mesma deve ter sido originada dos apóstolos. Mas quando se faz uma análise séria de tal posição, se descobre que não foi senão até o século VI que apareceram os primeiros indícios de que se comemorava a morte de Maria e começava a celebrar-se a festa da Assunção.
A lenda da Assunção é mencionada pela primeira vez nos fins do século IV em vários escritos apócrifos, como "La Dormición de Maria y El Trânsito de Maria", os quais foram expressamente condenados como apócrifos e heréticos pelo Papa Gelásio no index expurgatorious em princípios do século VI. Foi Gregório de Tours (594 d. C.) o primeiro escritor ortodoxo que os aceitou como autênticos, e, tempos depois, no século VIII, João Damasceno apresentou a Assunção como uma doutrina de antiga tradição católica. No entanto, Benedito XIV declarou, em 1840, que a tradição era insuficiente como doutrina, pois não tinha classe necessária para ser elevada ao nível de artigo de fé.
As várias tradições a que se recorre contêm marcadas discrepâncias entre si. "Sabido é que há duas tradições, uma favorável à morte de Maria, a outra favorável à sua imortalidade." "A opinião mais comum ensina que Maria ressuscitou ao terceiro dia, como Jesus Cristo; no entanto, alguns dizem que ressuscitou quinze dias depois de sua morte, e outros, quarenta." Nestes relatos há detalhes fantásticos, episódios inverossímeis e até suposições pueris que não se coadunam com o teor sério e autêntico dos Evangelhos canônicos.
Segundo essas tradições, a mãe de nosso Salvador, sendo já uma anciã e cansada de viver neste mundo, suplicou a seu Filho no céu que a levasse o quanto antes para estar com ele. Jesus então enviou-lhe um anjo para que lhe anunciasse sua morte, nova que Maria recebeu com imenso júbilo, mandando arrumar muitas velas e enfeitar o aposento. Para estar presente no momento da morte de Maria, todos os apóstolos, com exceção de Tomé, marcaram encontro em Belém, onde ela morava. João veio da cidade de Éfeso, cavalgando em uma nuvem, e do mesmo modo viajaram os demais apóstolos desde os diferentes países em que se encontravam pregando.
O feriado municipal pelo dia da padroeira do município, Nossa Senhora da Assunção, foi sancionado em dezembro de 2003, na gestão do então prefeito Juraci Magalhães, por meio da lei 8796. A lei transferiu o feriado do dia 8 de dezembro, dia de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, para o dia 15 de agosto, para celebrar o dia da padroeira de Fortaleza.
♫ Nossa Senhora ♫
(Composição: Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
Cubra-me com seu manto de amor
Guarda-me na paz desse olhar
Cura-me as feridas e a dor me faz suportar
Que as pedras do meu caminho
Meus pés suportem pisar
Mesmo ferido de espinhos me ajude a passar
Se ficaram mágoas em mim
Mãe tira do meu coração
E aqueles que eu fiz sofrer peço perdão
Se eu curvar meu corpo na dor
Me alivia o peso da cruz
Interceda por mim minha mãe junto a Jesus
Nossa Senhora me de a mão
Cuida do meu coração
Da minha vida do meu destino
Nossa Senhora me dê a mão
Cuida do meu coração
Da minha vida do meu destino
Do meu caminho
Cuida de mim
Sempre que o meu pranto rolar
Ponha sobre mim suas mãos
Aumenta minha fé e acalma o meu coração
Grande é a procissão a pedir
A misericórdia o perdão
A cura do corpo e pra alma a salvação
Pobres pecadores oh mãe
Tão necessitados de vós
Santa Mãe de Deus tem piedade de nós
De joelhos aos vossos pés
Estendei a nós vossas mãos
Rogai por todos nós vossos filhos meus irmãos
Nossa Senhora me de a mão
Cuida do meu coração
Da minha vida do meu destino
Do meu caminho
Cuida de mim...
A ORIGEM DO DIA DOS PAIS
A ORIGEM DO DIA DOS PAIS
Ao que tudo indica, o Dia dos Pais tem uma origem bem semelhante ao Dia das Mães, e em ambas as datas a idéia inicial foi praticamente a mesma: criar datas para fortalecer os laços familiares e o respeito por aqueles que nos deram a vida.
Conta a história que em 1909, em Washington, Estados Unidos, Sonora Louise Smart Dodd, filha do veterano da guerra civil, John Bruce Dodd, ao ouvir um sermão dedicado às mães, teve a idéia de celebrar o Dia dos Pais. Ela queria homenagear seu próprio pai, que viu sua esposa falecer em 1898 ao dar a luz ao sexto filho, e que teve de criar o recém-nascido e seus outros cinco filhos sozinho. Algumas fontes de pesquisa dizem que o nome do pai de Sonora era William Jackson Smart, ao invés de John Bruce Dodd.
Já adulta, Sonora sentia-se orgulhosa de seu pai ao vê-lo superar todas as dificuldades sem a ajuda de ninguém. Então, em 1910, Sonora enviou uma petição à Associação Ministerial de Spokane, cidade localizada em Washington, Estados Unidos. E também pediu auxílio para uma Entidade de Jovens Cristãos da cidade. O primeiro Dia dos Pais norte-americano foi comemorado em 19 de junho daquele ano, aniversário do pai de Sonora. A rosa foi escolhida como símbolo do evento, sendo que as vermelhas eram dedicadas aos pais vivos e as brancas, aos falecidos.
A partir daí a comemoração difundiu-se da cidade de Spokane para todo o estado de Washington. Por fim, em 1924 o presidente Calvin Coolidge, apoiou a idéia de um Dia dos Pais nacional e, finalmente, em 1966, o presidente Lyndon Johnson assinou uma proclamação presidencial declarando o terceiro domingo de junho como o Dia dos Pais (alguns dizem que foi oficializada pelo presidente Richard Nixon em 1972).
No Brasil, a idéia de comemorar esta data partiu do publicitário Sylvio Bhering e foi festejada pela primeira vez no dia 14 de Agosto de 1953, dia de São Joaquim, patriarca da família.
Sua data foi alterada para o 2º domingo de agosto por motivos comerciais, ficando diferente da americana e européia.
Pelo menos onze países também comemoram o Dia dos Pais à sua maneira e tradição.
Na Itália e Portugal, por exemplo, a festividade acontece no mesmo dia de São José, 19 de março. Apesar da ligação católica, essa data ganhou destaque por ser comercialmente interessante.
Reino Unido - No Reino Unido, o Dia dos Pais é comemorado no terceiro domingo de junho, sem muita festividade. Os ingleses não costumam se reunir em família, como no Brasil. É comum os filhos agradarem os pais com cartões, e não com presentes.
Argentina - A data na Argentina é festejada no terceiro domingo de junho com reuniões em família e presentes.
Grécia - Na Grécia, essa comemoração é recente e surgiu do embalo do Dia das Mães. Lá se comemora o Dia dos Pais em 21 de junho.
Portugal - A data é comemorada no dia 19 de março, mesmo dia que São José. Surgiu porque é comercialmente interessante. Os portugueses não dão muita importância para essa comemoração.
Canadá - O Dia dos Pais canadense é comemorado no dia 17 de junho. Não há muitas reuniões familiares, porque ainda é considerada uma data mais comercial.
Alemanha - Na Alemanha não existe um dia oficial dos Pais. Os papais alemães comemoram seu dia no dia da Ascensão de Jesus (data variável conforme a Páscoa). Eles costumam sair às ruas para andar de bicicleta e fazer piquenique.
Paraguai - A data é comemorada no segundo domingo de junho. Lá as festas são como no Brasil, reuniões em família e presentes.
Peru - O Dia dos Pais é comemorado no terceiro domingo de junho. Não é uma data muito especial para eles.
Austrália - A data é comemorada no segundo domingo de setembro, com muita publicidade.
África do Sul - A comemoração acontece no mesmo dia do Brasil, mas não é nada tradicional.
Rússia - Na Rússia não existe propriamente o Dia dos Pais. Lá os homens comemoram seu dia em 23 de fevereiro, chamada de "o dia do defensor da pátria" (Den Zaschitnika Otetchestva).
Independente do seu lado comercial, é uma data para ser muito comemorada, nem que seja para dizer um simples "Obrigado Papai" !
♫ Pai ♫
(Compositor e interprete: Fábio Jr.)
Pai!
Ao que tudo indica, o Dia dos Pais tem uma origem bem semelhante ao Dia das Mães, e em ambas as datas a idéia inicial foi praticamente a mesma: criar datas para fortalecer os laços familiares e o respeito por aqueles que nos deram a vida.
Conta a história que em 1909, em Washington, Estados Unidos, Sonora Louise Smart Dodd, filha do veterano da guerra civil, John Bruce Dodd, ao ouvir um sermão dedicado às mães, teve a idéia de celebrar o Dia dos Pais. Ela queria homenagear seu próprio pai, que viu sua esposa falecer em 1898 ao dar a luz ao sexto filho, e que teve de criar o recém-nascido e seus outros cinco filhos sozinho. Algumas fontes de pesquisa dizem que o nome do pai de Sonora era William Jackson Smart, ao invés de John Bruce Dodd.
Já adulta, Sonora sentia-se orgulhosa de seu pai ao vê-lo superar todas as dificuldades sem a ajuda de ninguém. Então, em 1910, Sonora enviou uma petição à Associação Ministerial de Spokane, cidade localizada em Washington, Estados Unidos. E também pediu auxílio para uma Entidade de Jovens Cristãos da cidade. O primeiro Dia dos Pais norte-americano foi comemorado em 19 de junho daquele ano, aniversário do pai de Sonora. A rosa foi escolhida como símbolo do evento, sendo que as vermelhas eram dedicadas aos pais vivos e as brancas, aos falecidos.
A partir daí a comemoração difundiu-se da cidade de Spokane para todo o estado de Washington. Por fim, em 1924 o presidente Calvin Coolidge, apoiou a idéia de um Dia dos Pais nacional e, finalmente, em 1966, o presidente Lyndon Johnson assinou uma proclamação presidencial declarando o terceiro domingo de junho como o Dia dos Pais (alguns dizem que foi oficializada pelo presidente Richard Nixon em 1972).
No Brasil, a idéia de comemorar esta data partiu do publicitário Sylvio Bhering e foi festejada pela primeira vez no dia 14 de Agosto de 1953, dia de São Joaquim, patriarca da família.
Sua data foi alterada para o 2º domingo de agosto por motivos comerciais, ficando diferente da americana e européia.
Pelo menos onze países também comemoram o Dia dos Pais à sua maneira e tradição.
Na Itália e Portugal, por exemplo, a festividade acontece no mesmo dia de São José, 19 de março. Apesar da ligação católica, essa data ganhou destaque por ser comercialmente interessante.
Reino Unido - No Reino Unido, o Dia dos Pais é comemorado no terceiro domingo de junho, sem muita festividade. Os ingleses não costumam se reunir em família, como no Brasil. É comum os filhos agradarem os pais com cartões, e não com presentes.
Argentina - A data na Argentina é festejada no terceiro domingo de junho com reuniões em família e presentes.
Grécia - Na Grécia, essa comemoração é recente e surgiu do embalo do Dia das Mães. Lá se comemora o Dia dos Pais em 21 de junho.
Portugal - A data é comemorada no dia 19 de março, mesmo dia que São José. Surgiu porque é comercialmente interessante. Os portugueses não dão muita importância para essa comemoração.
Canadá - O Dia dos Pais canadense é comemorado no dia 17 de junho. Não há muitas reuniões familiares, porque ainda é considerada uma data mais comercial.
Alemanha - Na Alemanha não existe um dia oficial dos Pais. Os papais alemães comemoram seu dia no dia da Ascensão de Jesus (data variável conforme a Páscoa). Eles costumam sair às ruas para andar de bicicleta e fazer piquenique.
Paraguai - A data é comemorada no segundo domingo de junho. Lá as festas são como no Brasil, reuniões em família e presentes.
Peru - O Dia dos Pais é comemorado no terceiro domingo de junho. Não é uma data muito especial para eles.
Austrália - A data é comemorada no segundo domingo de setembro, com muita publicidade.
África do Sul - A comemoração acontece no mesmo dia do Brasil, mas não é nada tradicional.
Rússia - Na Rússia não existe propriamente o Dia dos Pais. Lá os homens comemoram seu dia em 23 de fevereiro, chamada de "o dia do defensor da pátria" (Den Zaschitnika Otetchestva).
Independente do seu lado comercial, é uma data para ser muito comemorada, nem que seja para dizer um simples "Obrigado Papai" !
♫ Pai ♫
(Compositor e interprete: Fábio Jr.)
Pai!
Pode ser que daqui a algum tempo
Haja tempo prá gente ser mais
Muito mais que dois grandes amigos
Pai e filho talvez...
Pai!
Pode ser que daí você sinta
Qualquer coisa entre
Esses vinte ou trinta
Longos anos em busca de paz...
Pai!
Pode crer, eu tô bem
Eu vou indo
Tô tentando, vivendo e pedindo
Com loucura prá você renascer...
Pai!
Eu não faço questão de ser tudo
Só não quero e não vou ficar mudo
Prá falar de amor
Prá você...
Pai!
Senta aqui que o jantar tá na mesa
Fala um pouco tua voz tá tão presa
Nos ensine esse jogo da vida
Onde a vida só paga prá ver...
Pai!
Me perdoa essa insegurança
Que eu não sou mais
Aquela criança
Que um dia morrendo de medo
Nos teus braços você fez segredo
Nos teus passos você foi mais eu...
Pai!
Eu cresci e não houve outro jeito
Quero só recostar no teu peito
Prá pedir prá você ir lá em casa
E brincar de vovô com meu filho
No tapete da sala de estar
Ah! Ah! Ah!...
Pai!
Você foi meu herói meu bandido
Hoje é mais
Muito mais que um amigo
Nem você nem ninguém tá sozinho
Você faz parte desse caminho
Que hoje eu sigo em paz
Pai!
Paz!...
MOVIMENTO OPERÁRIO NO BRASIL
MOVIMENTO OPERÁRIO NO BRASIL
Em 1917 eclodiu no Brasil a manifestação operária de impacto nacional orientada por organizações sindicais e partidos operários. O movimento não tinha caráter apenas reivindicatório, mas também revolucionário, ou seja, visava a transformação do sistema de governo. A greve geral de 1917 conseguiu paralisar São Paulo e o Rio de Janeiro e obter o atendimento de grande parte das reivindicações. Deu ânimo aos movimentos operários. Nos quatro anos seguintes, greves parciais pipocaram em diversas cidades brasileiras.
A greve geral ocorreu num momento peculiar: em meio à I Guerra Mundial, no mesmo ano em que a Revolução Russa chocava o mundo e poucos meses antes da implantação do regime socialista na Rússia. No Brasil, não foi a primeira greve; desde 1889, ocorreram vários movimentos parciais, restritos a determinadas fábricas e oficinas, em geral motivados por reivindicações econômicas. Ainda que esparsas, essas tentativas contribuíram para a organização de um movimento operário: em 1890 foi fundado o Partido Operário e, no ano seguinte, o Partido Anarquista. Até 1920, os anarquistas dominaram os movimentos e organizações operárias; elas eram fortes na Espanha e na Itália, países de origem de um grande número de imigrantes.
O movimento operário foi crescendo à medida que aumentava a industrialização do país. Em seus primórdios, esta se deu em condições bastantes desfavoráveis para os trabalhadores: a remuneração do trabalho era reduzida sempre que as empresas enfrentavam alguma crise ou sempre que havia muita oferta de mão-de-obra; as condições de trabalho eram extremamente precárias e as jornadas muito longas, mesmo para crianças; não havia nenhum tipo de previdência social; os salários eram baixos.
A greve de 1917 começou em São Paulo entre os operários de uma fábrica têxtil que reivindicavam aumento de 20% nos salários. A partir daí foi ganhando a adesão de outros trabalhadores, já que pela primeira vez unificaram-se as reivindicações. Um mês depois já eram 20 mil os grevistas, combatidos com violência pela polícia, o que só fez aumentar a solidariedade de outros trabalhadores. Bondes, iluminação, padarias, comércio em geral, todos esses setores aderiram, e a burguesia paulistana foi tomada pelo pânico. A radicalização aumentou de parte a parte e a greve só foi suspensa no dia 15 de julho, depois que uma comissão de jornalista resolveu servir de intermediária, promovendo um acordo em que os operários conseguiram seus intentos.
Em termos, pois quatro dias depois recomeçou a agitação, uma vez que muitos patrões não cumpriram o acordo. Dessa vez, as paralisações não se limitaram a São Paulo e pipocaram no Rio de Janeiro, em Curitiba e muitas outras cidades. Em agosto havia 70 mil grevistas por todo o país, número extremamente alto quando se considera o número reduzido de operários industriais no Brasil de então. Nos dois anos seguintes, as greves foram ainda uma constante, mas pouco a pouco o movimento foi perdendo o ímpeto. A partir de 1922, os movimentos reivindicatórios passaram a ser feitos por outros que não operários, com o crescimento das sedições políticas de caráter nacional.
A primeira greve operária conhecida entre nós (vitoriosa por sinal) ocorreu em 1858 no Rio de Janeiro, e mobilizou os tipógrafos dos jornais Correio Mercantil e Jornal do Comércio.
No plano estritamente social, alguns levantamentos apontam para a ocorrência de 41 manifestações operárias no Rio de Janeiro entre 1908 e 1916. Essas ações, capitaneadas sobretudo pelos trabalhadores de origem anarquista, galvanizava os operários têxteis, gráficos, marmoristas, cafés e bares. O movimento de 1917 resulta justamente do acúmulo de forças realizado nos anos anteriores.
TEMPOS MODERNOS
(Milton Nascimento e Fernando Brant)
O Brasil dos novecentos
é terra de novidade.
Automóvel e cinema
tomam conta da cidade
que cresce ouvindo disco
voando de aeroplano
trabalhando lá na fábrica
ou jogando futebol
A greve invade as ruas
toma conta de São Paulo
e o sonho anarquista
se mistura a outros sonhos:
o que segue com a Coluna
riscando o chão do país
e o que vira modernista
e faz a arte feliz
A liberdade e o novo
convivem no sonho do povo.
Versos distribuídos nas fábricas, sem indicação de autor, publicados no jornal “A Plebe”:
Quem de três tira noventa
Adivinhem quanto fica?
Esta conta é que atormenta
Que enfeza, que mortifica
Os pobres dos proletários.
Neste jogo de entremez
Ganham seis mil réis diários
Gastam trezentos por mês (...)
Custa a casa cento e tantos,
O sapato custa trinta
Roupa, nem se sabe quantos
O vendeiro não se finta (...)
A feira só para os ricos
O armazém para os ricaços
Se houvesse ao menos uns “bicos”
Tivéssemos quatro braços ...
Trabalha-se o dia inteiro,
À noite cai-se no chão.
Esta vida sem dinheiro
Não é de fome, é de cão!
Em 1917 eclodiu no Brasil a manifestação operária de impacto nacional orientada por organizações sindicais e partidos operários. O movimento não tinha caráter apenas reivindicatório, mas também revolucionário, ou seja, visava a transformação do sistema de governo. A greve geral de 1917 conseguiu paralisar São Paulo e o Rio de Janeiro e obter o atendimento de grande parte das reivindicações. Deu ânimo aos movimentos operários. Nos quatro anos seguintes, greves parciais pipocaram em diversas cidades brasileiras.
A greve geral ocorreu num momento peculiar: em meio à I Guerra Mundial, no mesmo ano em que a Revolução Russa chocava o mundo e poucos meses antes da implantação do regime socialista na Rússia. No Brasil, não foi a primeira greve; desde 1889, ocorreram vários movimentos parciais, restritos a determinadas fábricas e oficinas, em geral motivados por reivindicações econômicas. Ainda que esparsas, essas tentativas contribuíram para a organização de um movimento operário: em 1890 foi fundado o Partido Operário e, no ano seguinte, o Partido Anarquista. Até 1920, os anarquistas dominaram os movimentos e organizações operárias; elas eram fortes na Espanha e na Itália, países de origem de um grande número de imigrantes.
O movimento operário foi crescendo à medida que aumentava a industrialização do país. Em seus primórdios, esta se deu em condições bastantes desfavoráveis para os trabalhadores: a remuneração do trabalho era reduzida sempre que as empresas enfrentavam alguma crise ou sempre que havia muita oferta de mão-de-obra; as condições de trabalho eram extremamente precárias e as jornadas muito longas, mesmo para crianças; não havia nenhum tipo de previdência social; os salários eram baixos.
A greve de 1917 começou em São Paulo entre os operários de uma fábrica têxtil que reivindicavam aumento de 20% nos salários. A partir daí foi ganhando a adesão de outros trabalhadores, já que pela primeira vez unificaram-se as reivindicações. Um mês depois já eram 20 mil os grevistas, combatidos com violência pela polícia, o que só fez aumentar a solidariedade de outros trabalhadores. Bondes, iluminação, padarias, comércio em geral, todos esses setores aderiram, e a burguesia paulistana foi tomada pelo pânico. A radicalização aumentou de parte a parte e a greve só foi suspensa no dia 15 de julho, depois que uma comissão de jornalista resolveu servir de intermediária, promovendo um acordo em que os operários conseguiram seus intentos.
Em termos, pois quatro dias depois recomeçou a agitação, uma vez que muitos patrões não cumpriram o acordo. Dessa vez, as paralisações não se limitaram a São Paulo e pipocaram no Rio de Janeiro, em Curitiba e muitas outras cidades. Em agosto havia 70 mil grevistas por todo o país, número extremamente alto quando se considera o número reduzido de operários industriais no Brasil de então. Nos dois anos seguintes, as greves foram ainda uma constante, mas pouco a pouco o movimento foi perdendo o ímpeto. A partir de 1922, os movimentos reivindicatórios passaram a ser feitos por outros que não operários, com o crescimento das sedições políticas de caráter nacional.
A primeira greve operária conhecida entre nós (vitoriosa por sinal) ocorreu em 1858 no Rio de Janeiro, e mobilizou os tipógrafos dos jornais Correio Mercantil e Jornal do Comércio.
No plano estritamente social, alguns levantamentos apontam para a ocorrência de 41 manifestações operárias no Rio de Janeiro entre 1908 e 1916. Essas ações, capitaneadas sobretudo pelos trabalhadores de origem anarquista, galvanizava os operários têxteis, gráficos, marmoristas, cafés e bares. O movimento de 1917 resulta justamente do acúmulo de forças realizado nos anos anteriores.
TEMPOS MODERNOS
(Milton Nascimento e Fernando Brant)
O Brasil dos novecentos
é terra de novidade.
Automóvel e cinema
tomam conta da cidade
que cresce ouvindo disco
voando de aeroplano
trabalhando lá na fábrica
ou jogando futebol
A greve invade as ruas
toma conta de São Paulo
e o sonho anarquista
se mistura a outros sonhos:
o que segue com a Coluna
riscando o chão do país
e o que vira modernista
e faz a arte feliz
A liberdade e o novo
convivem no sonho do povo.
Versos distribuídos nas fábricas, sem indicação de autor, publicados no jornal “A Plebe”:
Quem de três tira noventa
Adivinhem quanto fica?
Esta conta é que atormenta
Que enfeza, que mortifica
Os pobres dos proletários.
Neste jogo de entremez
Ganham seis mil réis diários
Gastam trezentos por mês (...)
Custa a casa cento e tantos,
O sapato custa trinta
Roupa, nem se sabe quantos
O vendeiro não se finta (...)
A feira só para os ricos
O armazém para os ricaços
Se houvesse ao menos uns “bicos”
Tivéssemos quatro braços ...
Trabalha-se o dia inteiro,
À noite cai-se no chão.
Esta vida sem dinheiro
Não é de fome, é de cão!
CINEMA NOVO
O CINEMA NOVO
Em outubro de 1967, quando Gilberto Gil e Caetano Veloso apresentaram Domingo no parque e Alegria, alegria, no 3º Festival da TV Record, logo houve quem percebesse que as duas canções eram influenciadas pela narrativa cinematográfica; repletas de cut-ups, justaposições e flashbacks. Tal suposição seria confirmada pelo próprio Caetano quando ele declarou que fora “mais influenciado por Godard e Glauber do que pelos Beatles ou Dylan”. Na verdade, em 1967, no Brasil, o cinema era o que havia de mais intenso e “revolucionário”, superando o próprio teatro, cuja inquietação e cujo experimentalismo tinham incentivado os cineastas a iniciar o movimento que ficou conhecido como Cinema Novo.
O Cinema Novo nasceu na virada da década de 1950 para a de 1960, sobre as cinzas dos estúdios Vera Cruz (empresa paulista que faliu erm 1957 depois de produzir dezoito filmes), sob a tirania da ”chanchada” (gênero humorístico chulo) e por inspiração do neo- realismo italiano e dos textos dos críticos e cinastas Paulo Emílio Sales Gomes, Gustavo Dahl, Jean-Claude Bernardet e, sobretudo, Glauber Rocha. Todos faziam parte de um grupo que tentava encontrar “um caminho” para o cinema brasileiro.
“Nossa geração sabe o que quer”, dizia o baiano Glauber já em 1963.”Queremos fazer filmes antiindustriais; queremos fazer filmes de autor, quando o cineasta passa a ser um artista comprometido com os grande problemas de seu tempo; queremos filmes de combate na hora do combate”. Inspirado por Rio 40 graus e por Vidas secas, que Nelson Pereira dos Santos lançara em 1954 e 1963, Glauber Rocha – com “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça” – transformaria a precariedade de meios em recurso estético mudando, com Deus e o Diabo na terra do sol, a história do cinema no Brasil.
Com seu “estranho surrealismo tropical” e a violência imagística inerente a cada plano, Deus e o Diabo na terra do sol não apenas causou sensação no Festival de Cannes de 1965 como, ao abordar de forma onírica dois fenômenos sociais típicos da caatinga – o messianismo (estilo Antônio Conselheiro) e o cangaço (à Lampião-Corisco) – pôs em xeque a tradicional narrativa dramática do cinema “ideológico”. Dois anos depois, ainda mergulhado em sua sensibilidade estética alegórica e profética, Glauber lançou Terra em transe, filme que, ao discutir a “crise de consciência” das esquerdas e do populismo, talvez tenha marcado o auge do Cinema Novo, além de ter sido uma das fontes de inspiração do Tropicalismo.
A ponte entre o Cinema Novo e Tropicalismo ficaria mais evidente com o lançamento, em 1969, de Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade. Não só pela óbvia aproximação com a Antropofagia inerente à rapsódia de Mário de Andrade, mas também porque, ao fazer o filme, Joaquim Pedro esforçou-se por torná-lo um “produto” afinado com a “cultura de massa”, “A proposição de consumo de massa no Brasil é uma proposição moderna, é algo novo. A grande audiência de TV entre nós é um fenômeno novo. É uma posição avançada para o cineasta tentar ocupar um lugar dentro dessa situação”, disse ele.
Incapaz de satisfazer plenamente as exigências do mercado, o Cinema Novo deu seus últimos suspiros em fins da década de 1970 – período que marcou o auge das potencialidades comerciais do cinema feito no Brasil. Em 1992, o então presidente Collor acabou com a Embrafilme e a indústria cinematográfica do país entrou numa fase negra, da qual só começou a se recuperar na segunda metade da década de 1990, com filmes como Carlota Joaquina e O quatrilho.
♫ Cinema Novo ♫
(Letra: Caetano Veloso; Música: Gilerto Gil)
O filme quis dizer: "Eu sou o samba"
A voz do morro rasgou a tela do cinema
E começaram a se configurar
Visões das coisas grandes e pequenas
Que nos formaram e estão a nos formar
Todas e muitas: Deus e o Diabo
Vidas Secas, Os Fuzis
Os Cafajestes, O Padre e a Moça,
A Grande Feira, O Desafio
Outras conversas, outras conversas
Sobre os jeitos do Brasil
Outras conversas sobre os jeitos do Brasil
A bossa-nova passou na prova
Nos salvou na dimensão da eternidade
Porém, aqui embaixo "a vida"
Mera "metade de nada"
Nem morria nem enfrentava o problema
Pedia soluções e explicações
E foi por isso que as imagens do país desse cinema
Entraram nas palavras das canções
Entraram nas palavras das canções
Primeiro, foram aquelas que explicavam
E a música parava pra pensar
Mas era tão bonito que parasse
Que a gente nem queria reclamar
Depois, foram as imagens que assombravam
E outras palavras já queriam se cantar
De ordem, de desordem, de loucura
De alma à meia-noite e de indústria
E a terra entrou em transe, ê
No sertão de Ipanema
Em transe, ê
No mar de Monte Santo
E a luz do nosso canto
E as vozes do poema
Necessitaram transformar-se tanto
Que o samba quis dizer
O samba quis dizer: "Eu sou cinema"
O samba quis dizer: "Eu sou cinema"
Aí o anjo nasceu
Veio o bandido meteorango Hitler
Terceiro Mundo
Sem Essa, Aranha, Fome de Amor
E o filme disse: "Eu quero ser poema"
Ou mais: "Quero ser filme, e filme-filme"
Acossado no limite da garganta do diabo
Voltar à Atlântida e ultrapassar o eclipse
Matar o ovo e ver a Vera Cruz
E o samba agora diz: "Eu sou a luz"
Da lira do delírio, da alforria de Xica
De toda a nudez de Índia
De flor de Macabéia, de Asa Branca
Meu nome é Stelinha, é Inocência
Meu nome é Orson Antônio Vieira
Conselheiro de Pixote Super Outro
Quero ser velho, de novo eterno
Quero ser novo de novo
Quero ser Ganga Bruta e clara gema
Eu sou o samba, viva o cinema
Viva o Cinema Novo
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