Citado como "o pioneiro do folclore no Nordeste" , a poesia romântica de Juvenal Galeno extrapola o lirismo de caráter pessoal, para cunhar uma dicção popular, de sabor interiorano, em que retrata o Brasil dos pequenos e dos simples.
Observador atento dos costumes do interior, do sertão às praias, Juvenal Galeno sempre quis ser um poeta popular, embora a afirmação de alguns historiadores de que tenha seguido orientação de Gonçalves Dias, quando de sua passagem pelo Ceará em 1859. O fato é que o primeiro livro do então jovem poeta, com 20 anos de idade, teria dado motivo a Gonçalves Dias para dizer-lhe que deveria seguir a poesia popular.
"Prelúdios Poéticos" é de 1856, livro típico do Romantismo, mas a indicação estética de que se valera Gonçalves Dias para orientar o jovem está lá, através de alguns poemas de sabor popular, como A Noite de São João, A Canção do Jangadeiro, Cantiga do Violeiro. Poesia simples, coloquial, a obra de Juvenal Galeno teria o seu ponto alto, já na maturidade do poeta, com o lançamento de Lendas e Canções Populares, de 1865, e com uma nova edição em 1892, acrescida de Novas Lendas e Canções.
Juvenal Galeno da Costa e Silva nasceu em Fortaleza no dia 27 de setembro de 1836, filho de próspero agricultor José Antônio da Costa e Silva. Os primeiros estudos foram feitos em Pacatuba e Aracati. Estudou Humanidades no Liceu do Ceará, já em Fortaleza.
O pai queria o filho trabalhando na área agrícola e por isso o manda estudar "assuntos de lavoura" no Rio de Janeiro, de preferência em fazendas de café. Ao se tornar amigo de Paula Brito, proprietário da famosa tipografia na época, chegou a conhecer Machado de Assis, Quintino Bocaiúva e Joaquim Manuel de Macedo. E sua colaboração literária não tardou a aparecer na revista Marmota Fluminense, onde escrevia Machado de Assis. Quando volta ao Ceará, Juvenal Galeno traz impresso o seu primeiro livro de poemas, feito na Tipografia Americana, do Rio. As críticas são favoráveis, apontando Mário Linhares e Antônio Sales como sendo Prelúdios Poéticos "o marco inicial da literatura cearense".
Um dos fundadores do instituto da Ceará, Patrono da Cadeira nº 23 da Academia Cearense de Letras, Juvenal Galeno, ainda em vida, vê as duas filhas, Henriqueta e Juliana, criarem a Casa Juvenal Galeno, dedicada a assuntos literários e culturais. O poeta, que ficara cego em 1906, por causa de um glaucoma, morre de uremia em Fortaleza no dia 7 de março de 1931, aos 95 anos de idade. (SECULT)
A Jangada
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
Tu queres vento de terra,
Ou queres vento do mar?
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
Aqui no meio das ondas,
Das verdes ondas do mar,
És como que pensativa,
Duvidosa a bordejar!
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
Saudades tens lá das praias,
Queres n’areia encalhar?
Ou no meio do oceano
Apraz-te as ondas sulcar?
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
Sobre as vagas, como a garça,
Gosto de ver-te adejar,
Ou qual donzela no prado
Resvalando a meditar:
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
Se a fresca brisa da tarde
A vela vem te oscular,
Estremeces como a noiva
Se vem-lhe o noivo beijar:
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
Quer sossegada na praia,
Quer nos abismos do mar,
Tu és, ó minha jangada,
A virgem do meu sonhar:
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
Sé à liberdade suspiro,
Vens liberdade me dar;
Se fome tenho - ligeira
Me trazes para pescar!
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
A tua vela branquinha
Acabo de borrifar;
Já peixe tenho de sobra,
Vamos à terra aproar:
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
Ai, vamos, que as verdes ondas,
Fagueiras a te embalar,
São falsas nestas alturas
Quais lá na beira do mar:
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
Observador atento dos costumes do interior, do sertão às praias, Juvenal Galeno sempre quis ser um poeta popular, embora a afirmação de alguns historiadores de que tenha seguido orientação de Gonçalves Dias, quando de sua passagem pelo Ceará em 1859. O fato é que o primeiro livro do então jovem poeta, com 20 anos de idade, teria dado motivo a Gonçalves Dias para dizer-lhe que deveria seguir a poesia popular.
"Prelúdios Poéticos" é de 1856, livro típico do Romantismo, mas a indicação estética de que se valera Gonçalves Dias para orientar o jovem está lá, através de alguns poemas de sabor popular, como A Noite de São João, A Canção do Jangadeiro, Cantiga do Violeiro. Poesia simples, coloquial, a obra de Juvenal Galeno teria o seu ponto alto, já na maturidade do poeta, com o lançamento de Lendas e Canções Populares, de 1865, e com uma nova edição em 1892, acrescida de Novas Lendas e Canções.
Juvenal Galeno da Costa e Silva nasceu em Fortaleza no dia 27 de setembro de 1836, filho de próspero agricultor José Antônio da Costa e Silva. Os primeiros estudos foram feitos em Pacatuba e Aracati. Estudou Humanidades no Liceu do Ceará, já em Fortaleza.
O pai queria o filho trabalhando na área agrícola e por isso o manda estudar "assuntos de lavoura" no Rio de Janeiro, de preferência em fazendas de café. Ao se tornar amigo de Paula Brito, proprietário da famosa tipografia na época, chegou a conhecer Machado de Assis, Quintino Bocaiúva e Joaquim Manuel de Macedo. E sua colaboração literária não tardou a aparecer na revista Marmota Fluminense, onde escrevia Machado de Assis. Quando volta ao Ceará, Juvenal Galeno traz impresso o seu primeiro livro de poemas, feito na Tipografia Americana, do Rio. As críticas são favoráveis, apontando Mário Linhares e Antônio Sales como sendo Prelúdios Poéticos "o marco inicial da literatura cearense".
Um dos fundadores do instituto da Ceará, Patrono da Cadeira nº 23 da Academia Cearense de Letras, Juvenal Galeno, ainda em vida, vê as duas filhas, Henriqueta e Juliana, criarem a Casa Juvenal Galeno, dedicada a assuntos literários e culturais. O poeta, que ficara cego em 1906, por causa de um glaucoma, morre de uremia em Fortaleza no dia 7 de março de 1931, aos 95 anos de idade. (SECULT)
A Jangada
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
Tu queres vento de terra,
Ou queres vento do mar?
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
Aqui no meio das ondas,
Das verdes ondas do mar,
És como que pensativa,
Duvidosa a bordejar!
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
Saudades tens lá das praias,
Queres n’areia encalhar?
Ou no meio do oceano
Apraz-te as ondas sulcar?
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
Sobre as vagas, como a garça,
Gosto de ver-te adejar,
Ou qual donzela no prado
Resvalando a meditar:
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
Se a fresca brisa da tarde
A vela vem te oscular,
Estremeces como a noiva
Se vem-lhe o noivo beijar:
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
Quer sossegada na praia,
Quer nos abismos do mar,
Tu és, ó minha jangada,
A virgem do meu sonhar:
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
Sé à liberdade suspiro,
Vens liberdade me dar;
Se fome tenho - ligeira
Me trazes para pescar!
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
A tua vela branquinha
Acabo de borrifar;
Já peixe tenho de sobra,
Vamos à terra aproar:
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
Ai, vamos, que as verdes ondas,
Fagueiras a te embalar,
São falsas nestas alturas
Quais lá na beira do mar:
Minha jangada de vela,
Que vento queres levar?
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