terça-feira, 8 de janeiro de 2008

QUILOMBO DOS PALMARES

O Quilombo dos Palmares foi o mais emblemático dos quilombos formados no período colonial, tendo resistido por mais de um século, o seu mito transformando-se em moderno símbolo da resistência do africano à escravatura. Localizava-se na serra da Barriga, região hoje pertencente ao estado de Alagoas, no Brasil.

História

Antecedentes

As primeiras referências a um
quilombo na região remontam a 1580, formado por escravos fugitivos de engenhos das Capitanias de Pernambuco e da Bahia: iniciava-se o período denominado como União Ibérica
.
Em fins do
século XVI, o quilombo ocupava uma vasta área coberta de palmeiras, que se estendia do cabo de Santo Agostinho ao rio São Francisco. Um século mais tarde, esse território encontrava-se reduzido à região de Una e Serinhaém, em Pernambuco, Porto Calvo e São Francisco, atual Penedo
, em Alagoas.

O apogeu

À época das
Invasões holandesas do Brasil (1624-1625 e 1630-1654), com a perturbação causada nas rotinas dos engenhos de açúcar
, registrou-se um crescimento da população em Palmares, que passou a formar diversos núcleos de povoamento (mocambos). Os principais foram:

· Macaco - o maior, centro político do quilombo, contando com cerca de 1.500 habitações;
· Subupira - centralizava as atividades militares, contando com cerca de 800 habitações;
· Zumbi
· Tabocas

Embora não se possa precisar o número de habitantes nos Palmares, de vez que a população flutuava ao sabor das conjunturas, historiadores estimam que, em
1670
, alcançou cerca de 20 mil pessoas.
Essa população sobrevivia graças à
caça, à pesca, à coleta de frutas (manga, jaca, abacate e outras) e à agricultura (feijão, milho, mandioca, banana, laranja e cana-de-açúcar). Complementarmente, praticava o artesanato: (cestas, tecidos, cerâmica, metalurgia). Os excedentes eram comerciados com as populações vizinhas, de tal forma que colonos chegavam a alugar terras para plantio e a trocar alimentos por munição
com os quilombolas.
Pouco se sabe, também, acerca da organização política do quilombo. Alguns supõem que se organizou ali um verdadeiro Estado, nos moldes africanos, sendo os diversos mocambos governados por oligarcas sob a chefia suprema de um líder. Os mais famosos foram
Ganga Zumba e seu sobrinho, Zumbi
. Sabe-se, no entanto, que a escravatura também era praticada dentro do quilombo onde diversos nativos eram utilizados como escravos nas plantações.

A repressão

Com a expulsão dos holandeses do
Nordeste do Brasil, acentuou-se a carência de mão-de-obra
para a retomada de produção dos engenhos de açúcar da região. Dado o elevado preço dos escravos africanos, os ataques a Palmares aumentaram, visando a recaptura de seus integrantes.
A prosperidade de Palmares, por outro lado, atraía atenção e receio, e o governo colonial sentiu-se obrigado a tomar providências para afirmar o seu poder sobre a região. Em carta à Coroa Portuguesa, um Governador-geral reportou que os quilombos eram mais difíceis de vencer do que os
neerlandeses
.
Foram necessárias, entretanto, cerca de dezoito expedições, organizadas desde o período de dominação holandesa, para erradicar definitivamente o Quilombo dos Palmares.
No último quartel do
século XVII, Fernão Carrilho ofereceu a Ganga Zumba, um líder que implementou táticas de guerrilha na defesa do território, um tratado de paz (1677). Por seus termos, era oferecida a liberdade aos nascidos no quilombo, assim como terras inférteis na região de Cocaú. Grande parte dos quilombolas rejeitou os termos desse acordo, nitidamente desfavoráveis e, na disputa então surgida, Ganga Zumba foi envenenado, subindo ao poder o seu irmão, Ganga Zona
, aliado dos portugueses. O acordo foi, desse modo, rompido, tendo os dissidentes se restabelecido em Palmares, sob a liderança de Zumbi.
No primeiro momento, Zumbi substituiu a estratégia de defesa passiva por um tipo de estratégia de
guerrilha
, com a prática de ataques de surpresa a engenhos, libertando escravos e apoderando-se de armas, munições e suprimentos, empregando-os em novos ataques.

A ação de Domingos Jorge Velho

Após várias investidas relativamente infrutíferas contra Palmares, o Governador Português de Pernambuco Caetano de Melo e Castro solicitou ao mestre de campo
bandeirante Domingos Jorge Velho e ao Capitão-mór Bernardo Vieira de Melo
para erradicar de vez a ameaça dos escravos fugitivos na região.
O quilombo passa a ser atacado pelas forças do bandeirante e, mesmo experientes na guerra de extermínio, tiveram grandes dificuldades em vencer as táticas dos quilombolas, mais elaboradas que a dos
indígenas
com quem haviam tido contato. Adicionalmente, tiveram problemas para contornar a inimizade surgida com os colonos da região, vítimas de saques dos bandeirantes em diversas ocasiões.
Em janeiro de
1694, após um ataque frustrado, o exército bandeirante iniciou uma empreitada vitoriosa, com um contingente de seis mil homens, bem armados e municiados, inclusive com artilharia. Um quilombola, Antônio Soares, foi capturado e, mediante a promessa de Domingos Jorge Velho de que seria libertado em troca da revelação do esconderijo do líder, Zumbi foi encurralado e morto em uma emboscada, a 20 de novembro de 1695
.
A
cabeça de Zumbi foi cortada e conduzida para Recife, onde foi exposta em praça pública, no alto de um mastro
, para servir de exemplo a outros escravos.
Sem a liderança de Zumbi, por volta do ano de
1710
, o quilombo desfez-se por completo.

Negro Zumbi
Leci Brandão/ Valdilene/ Afro Mandela

Zumbi, o teu grito ecoou
No Quilombo dos Palmares
Como um pássaro que voou
Tão liberto pelos ares
Um grito de dor e de fé
Ficou registrado na nossa história
Pela luta, pelo axépela garra, pela glória
Negro Zumbi, negro ZumbiNegro Zumbi, negro Zumbi
Conta a força inimiga
A defesa da famíliaLá na Serra da Barriga
Permanente uma vigíçia
Foi preciso o tombamentopela identificação
Foi o reconhecimento dessa serra
Na história da nossa nãção
Negro Zumbi, negro ZumbiNegro Zumbi, negro Zumbi
Quem te faz homenagem
É a banda afro mandela
Da cultura da raça essa banda
É sentinela.

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